quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Eduardo Almeida Reis-Rotatividade‏

Rotatividade 
 
Consta que a senhora Stival e as duas filhas do casal se recusam a morar na China. Obram muitíssimo bem 
 
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 16/01/2014


Procurando na Wikipédia o nome de batismo do professor Cuca, Alexi Stival, acabei encontrando a lista dos times que treinou desde 1998, depois de deixar a carreira de jogador de futebol. Vejamos: 1998, Uberlândia; 1999-2000, Avaí; 2000, Inter de Limeira; 2001, Remo; 2001, Inter de Lages; 2002, Gama; 2002, Criciúma; 2003, Paraná; 2003, Goiás; 2004, São Paulo; 2004, Grêmio; 2005, Flamengo; 2005, Coritiba; 2005, São Caetano; 2006-2008, Botafogo; 2008, Santos; 2008, Fluminense; 2009, Flamengo; 2009-2010, Fluminense; 2010-2011, Cruzeiro; 2011-2013, Atlético-MG e agora, em 2014, o chinês Shandong Luneng.

A maioria dos comentaristas brasileiros diz que os técnicos de futebol ganham muito dinheiro e que os salários são superiores à realidade do nosso futebol, mas cabe a pergunta: com essa rotatividade, é possível trabalhar por 10 ou 20 salários mínimos?

Consta que a senhora Stival e as duas filhas do casal se recusam a morar na China. Obram muitíssimo bem. No máximo, uma visita de duas semanas para conhecer um tiquinho do Império do Meio, que as três devem estar escoladas nas mudanças do marido e pai.

Enquanto isso, o escocês Sir Alexander Chapman Ferguson, CBE, treinou o Manchester United entre 1986 e 2013. Mascando chicletes, ganhou um caminhão de títulos.

Fábrica de colchões

Ligo a televisão no momento em que pega fogo um galpão metálico em Guarulhos, SP. Filmados do helicóptero, o galpão em chamas e um monte de colchões espalhados pelas ruas próximas. O repórter da emissora paulista disse que jornalista não deve deduzir, mas, ao que tudo indicava, uma fábrica de colchões funcionava no local. Vejo populares correndo com diversos colchões. Maldoso, penso que estão saqueando, mas constato que estão levando os produtos de espuma para guardar num lote próximo.

Por culpa do trânsito num princípio de feriadão, os bombeiros demoram a chegar. Vizinhos solícitos tentam ajudar puxando mangueiras de uma fábrica próxima. Em rigor, pequeno incêndio, felizmente sem mortos ou feridos, mas o episódio me lembra a tarde em que nos mudamos do Rio para uma fazendola nas serras, sem luz, estradas e telefone.

Um Fusca e uma Veraneio entupidos de roupas e miudezas. Passo pela fábrica de colchões no Mangue, zona de baixo meretrício do Rio, para pegar os dois colchões de crina, que levaria amarrados em cima da Veraneio. Um deles está pronto e os operários estão espetando o outro com aquelas agulhas que ligam dois quadrinhos de tecidos, formando os gomos.

Galpão imenso, meio da tarde, vejo um foguinho começando na palha estocada perto da rua. Brincando, porque sou brincalhão, falei para o amigo que me ajudava na mudança: “Acho que vamos virar churrasco”. E ele: “Vamos sair correndo!”. Fomos os últimos a sair sem chamuscamentos. Atrás de nós já saíram empregados levemente chamuscados, enquanto outros fugiram para os fundos do galpão.

Resumindo: o galpão torrou, os bombeiros salvaram os empregados que fugiram para os fundos do lote, dois meses depois o fabricante me avisou que, tendo mudado a fábrica de endereço, meus colchões estavam prontos. Fabricante honesto. No dia do incêndio os colchões já estavam pagos.

O mundo é uma bola

Em 16 de janeiro de 27 a.C. o senado romano vota a atribuição do cognome Augustus a Octávio; a partir de então, ele ficará conhecido como César Augusto e a data convenciona o início do Império Romano. Hoje, César Augusto preferiria voar para Recife num jato da força aérea italiana para plantar cabelos. No ano de 929, o emir Abd ar-Rahman III reclama o título de califa de Córdoba. Em 1391, Yusuf II se torna o 11º rei nasrida de Granada. Em 1547, Ivan, o Terrível, se proclama czar da Rússia. Como se vê, o 16 de janeiro é dia de muitas reivindicações.

Ruminanças


“O economista é um sujeito que, quando vê uma coisa funcionando na prática, pergunta se vai funcionar na teoria” (Walter Heller, 1915-1987).

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