Turismo
O Brasil teria condições excepcionais para desenvolver a indústria do turismo se tivesse aeroportos e estradas decentes
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 26/01/2014
O ano começou mostrando a pujança e as perspectivas da indústria do turismo neste país grande e bobo: o trenzinho do Corcovado enguiçou no meio da mata. Duas horas de espera, no escuro, até chegar a composição que resgatou os turistas. Não havia lanternas, exceto as luzinhas de alguns celulares. Na véspera, as câmeras internas de dois hotéis de Copacabana filmaram duas senhoras e um cavalheiro roubando bagagens de hóspedes nas recepções. Horas mais tarde, uma das senhoras, de nacionalidade peruana, foi presa ao fazer compras com o cartão roubado de um hóspede. Aí entra o locutor da televisão para dizer que a polícia ainda procura os dois outros suspeitos. Ora, suspeitos somos nós, o leitor, o philosopho, Barack Obama e o papa Francisco: os dois filmados roubando pelas câmeras são ladrões. Pantanal, Chapada dos Veadeiros, Amazônia, praias maravilhosas – o Brasil teria condições excepcionais para desenvolver a indústria do turismo se tivesse aeroportos e estradas decentes, segurança pública, ferrovias, hotéis compatíveis com as posses das diversas categorias de viajantes e outras conveniências turísticas. Por enquanto, está difícil.
Pedágios
Sempre achei o pedágio a mais justa das taxas, pelo seguinte: só paga quem usa o trecho pedagiado. Em defesa de minha tese escrevi que o caboclo da Amazônia nunca viu as estradas do Sul e do Sudeste e nelas nunca vai transitar, mas paga 81% de impostos na compra de um maço de cigarros. Portanto, não deve ter seus impostos usados na construção, duplicação, policiamento e conservação das tais estradas. Temos agora a notícia de que há pedágios inventados pelos índios nas estradas federais que cortam as suas reservas. Em alguns pontos, di-lo a tevê, o “pedágio” chegaria aos R$ 120, quantia expressiva em qualquer país. Problema dos governos municipais, estaduais, federal, da Funai e do bispo, não meu, que índio é assunto complicado em nossa mídia impressa. Disseram-me que o total de nossas reservas indígenas beira o milhão de quilômetros quadrados. Há pouquíssimos países com mais de 1 milhão de quilômetros quadrados. A França tem 543.965 km2; a Alemanha, 349.223 km2; a Noruega, 323.287 km2; a Grécia, 131.657 km2; o Japão, 372.659 km2 e a Itália, onde se refugia o petista Henrique Pizzolato, 294.020 km2. A população atual de índios no Brasil, di-lo a Funai, por meio do Google, monta a 817 mil patrícios, representando 0,4% dos brasileiros. Pela atenção, muitíssimo obrigado.
Saudade
Que fim levou o verbo escangalhar? Tem 301 anos em nosso idioma e sumiu do mapa jornalístico escangalhado pelas besteiras inventadas de uns tempos a esta parte. Ao que tudo indica, o Plano Real foi escangalhado nos últimos anos. Tenho visto um sem conto de gente dizendo que inflação da ordem de 6% é tolerável. Não é! Também escangalharam com o PIB e o otimismo do brasileiro. Existe algo mais escangalhado do que as nossas estradas federais? O escangalho, substantivo masculino, do nosso sistema prisional é um assombro. E a segurança pública parece irremediavelmente escangalhada pelo número de homicídios maior que as mortes na Síria em guerra civil. Educação escangalhada. Sistema político escangalhado, mas deve melhorar se o professor Vanderley Luxemburgo da Silva, o Luxa, for eleito senador pelo estado de Tocantins, onde tem fazenda. Afinal, mesmo sendo um legítimo da Silva, o Luxa nunca foi alcaguete do Dops. O escangalhar tem ramificações universais para alcançar o fim do casamento do cantor Ricky Martin com o doutor Carlos Gonzáles Abella. Estavam juntos desde 2011 e a assessoria de imprensa do casal disse que o divórcio foi amigável. Enrique “Ricky” Martin Morales nasceu em Porto Rico, tem nacionalidade espanhola e dois filhos do tempo em que, à moda antiga, se relacionava com mulheres. Carlos Gonzálles Abella é corretor e tratava muito bem seus enteados, ajudando Ricky na educação dos filhos.
O mundo é uma bola
26 de janeiro de 1500: segundo a Wikipédia, Vicente Yáñez Pinzón se torna o primeiro europeu a conhecer o Brasil. Em 1531, um terremoto em Lisboa deve ter vitimado 30 mil pessoas. Gente à beça, considerando a população lisboeta daquela época, mas o terremoto famoso foi no tempo do marquês de Pombal, em 1755. Em 1564, foi concluído o Concílio de Trento estabelecendo a distinção entre o catolicismo e o protestantismo. Em 1641, na Guerra dos Segadores, a Generalitat de Catalunya, que havia estabelecido a República Catalã, obtém importante vitória militar na Batalha de Montjuic. Estamos falando da região onde atua o craque Neymar no time do Barcelona. A questão catalã continua longe de ser resolvida e já se passaram 373 anos desde a Guerra dos Segadores. Em 1654, os holandeses se rendem no Recife e se retiram definitivamente de Pernambuco. Definitivamente, em termos, porque até hoje há holandeses fazendo turismo em Pernambuco. Em 1788, o britânico Arthur Phillip, líder de um grupo de colonos ingleses, estabelece em Sydney o primeiro assentamento europeu na Oceania, evento que originou a comemoração do Dia da Austrália. Em 1905, encontrado na Mina Premier, África do Sul, o maior diamante do mundo: 3.106 quilates.
Ruminanças
“O meu ofício é dizer o que penso” (Voltaire, 1694-1778).
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