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Burburinho nos bastidores
Produtor Thiago Macêdo Correa destaca-se pela quantidade de obras que levam a sua assinatura na edição deste ano
Carolina Braga
Estado de Minas: 30/01/2014
O jovem produtor Thiago Macêdo Correa, no centro, cercado por Lygia Santos, Affonso Uchoa, Maurílio Martins, Leonardo Amaral, Gabriel Martins, André Novais, Ricardo Alves Jr. |
Tiradentes – Ele está virando o produtor mais querido da nova geração do cinema mineiro. Nos bastidores da Mostra de Cinema de Tiradentes, rola a brincadeira de que até a produção do tradicional cortejo ficará por conta dele. Zoação, claro, que Thiago Macêdo Correa encara numa boa. Trabalho não lhe falta. Com 30 anos recém-completados, somente nesta edição do festival ele responde pela produção de nada menos que sete filmes, dois longas em competição na Mostra Aurora e outros cinco curtas. A lista de projetos para os próximos anos é igualmente grande, assim como a versatilidade.
“Meu modo de produzir cinema tenta ser sensível à necessidade do filme. Não me armo de uma estrutura específica que tem que ser respeitada, tento saber o que o trabalho precisa”, comenta. Integrante da produtora Filmes de Plástico, Thiago produz tanto obras de seus sócios André Novaes, Gabriel e Maurílio Martins como de outros colegas. Na lista de projetos independentes, tem parcerias com os jovens realizadores Ricardo Alves Jr., Affonso Uchoa, Leonardo Amaral e outros. “A sensibilidade está muito baseada na relação entre diretor e produtor. Cada um tem uma personalidade, então não tem como eu me portar do mesmo modo”, continua.
Para o diretor Ricardo Alves Jr., o que diferencia o trabalho de Thiago Macêdo Correa é o envolvimento que ele estabelece com o trabalho. “Ele não só executa o filme no caminho da produção, mas é uma figura que pensa o filme artisticamente. Desde a ideia do roteiro até no processo de montagem ele está ali como uma peça muito importante”. Além do curta Tremor, Ricardo e Thiago trabalham juntos na realização do longa Elon Rabin não acredita na morte.
Os integrantes da Filmes de Plástico se conheceram na Escola Livre de Cinema, em Belo Horizonte. Como além de aluno Thiago era também funcionário da secretaria da escola, começou quase por acidente a cuidar da realização dos curtas feitos pelos estudantes. Dali para a carreira profissional foi um pulo. Em 2008, o curta Sábado, de Gabriel Martins, oficializou a criação da produtora e, depois disso, a fama do grupo de Contagem só cresce.
Como profissional, primeiro ele se especializou na produção do set. Agora, a demanda para a produção executiva e a captação de projetos maiores o fazem acumular funções. A ideia é, inclusive, começar a trabalhar nas estratégias de distribuição para que os filmes sejam cada vez mais vistos. Aliás, será esse o trabalho mais pesado nos próximos dias, depois de tantas estreias durante a Mostra de Cinema de Tiradentes. “A expectativa é de formular uma carreira de festivais no Brasil e no mundo. Para os longas, queremos pensar um modo para que esses filmes cheguem ao público”.
A repórter viajou a convite da Mostra de Cinema de Tiradentes.
Curtas em linguagem experimental
É certo que os longas costumam chamar mais a atenção em festivais, mas há alguns anos os curtas exibidos nas telas em Tiradentes não ficam devendo em nada. Pelo contrário, às vezes são trabalhos até melhor realizados. Tanto nas sessões programadas para o Cine Praça como as mostras competitivas exibidas no Cine Tenda, qualidade técnica e diversidade são pontos que chamam a atenção.
Para se ter uma ideia, esta semana foram exibidos no Largo das Forras trabalhos em animação de cordel (Suassuna, a peleja do sonho com a injustiça, de Felipe Gontijo) e temas como daltonismo (Diários daltônicos, de Patrícia Monegatto), filhos de casais homossexuais (Meu amor que me disse, de Cátia Martins Nucci) e até a suposta chegada de ETs ao Brasil (Efeito Casimiro, de Clarice Saliby).
As obras exibidas na Mostra Foco, no Cine Tenda, são ainda mais ousadas. Sessão competitiva valendo, entre outros prêmios, aquisição pelo Canal Brasil, tem o objetivo de dar visibilidade a cineastas em início de carreira. O negócio é dar vazão à produção feita por estudantes do Brasil inteiro e, principalmente, fazer apostas, lançar nomes.
“Surpreende-me a qualidade técnica dos filmes. Às vezes, temos na cabeça que curta é um filme feito com pouco dinheiro – o que muitas vezes é mesmo –, mas o digital e a formação muito precoce desses meninos estão garantindo técnica muito boa”, analisa Pedro Maciel Guimarães, um dos curadores dos curtas. Ele chama a atenção para os avanços na narrativa. “Você vê que não foi filme feito do dia para a noite. Já vem com uma reflexão.”
Também é essa a percepção do diretor de fotografia pernambucano André Antônio. Na cidade para representar o curta Estudo em vermelho, de Chico Lacerda, ele ficou feliz com o que viu na tela. “Enquanto outros festivais ficam restritos a uma espécie de qualidade técnica que às vezes é meio careta, que se restringe a regras de como fazer cinema, aqui a seleção está muito mais aberta a experimentações, ao que a linguagem cinematográfica pode oferecer mesmo quando ela se mostra muito diferente do padrão”, elogia.
FILMES PRODUZIDOS POR THIAGO MACÊDO CORREA EM TIRADENTES
>> Longas
A vizinhança do tigre, de Affonso Uchoa
Aliança, de Gabriel Martins, João Toledo e Leonardo Amaral
>> Curtas
Quinze, de Maurílio Martins
Mundo incrível remix, de Gabriel Martins
Tremor, de Ricardo Alves Jr.
Sandra Espera, de Leonardo Amaral
Onde não posso ir, de Lygia Santos
PROGRAMAÇÃO DE HOJE
>> CINE TEATRO SESI
10h30 – Debate sobre A mulher
que amou o vento
12h – Debate curtas –Mostra Foco série 3
15h – Seminário “Processos de criação: da ideia ao set de filmagem”
17h30 – Sessão de curtas
>> CINE TENDA
15h30 – Sessão de curtas
>> CINE TENDA
18h30 – Mostra Aurora –Aquilo que fazemos com as nossas desgraças, de Arthur Tuoto
20h – Mostra Aurora –Batguano, de Tavinho Teixeira
22h – Exilados do vulcão, de Paula Gaitán
>> CINE BNDES NA PRAÇA
21h – Turn off, de Carlos Segundo
>> CINE-TENDA-BAR-SHOW
0h30 – Show de Ricardo Nazar
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