quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Atrizes do Grupo Galpão partem para projetos solo na televisão

Novos voos

Atrizes do Grupo Galpão partem para projetos solo na televisão. Fernanda Vianna está na novela das sete, enquanto Teuda Bara e Inês Peixoto estarão na trama das seis, na Globo


Carolina Braga
Estado de Minas: 06/02/2014


Teuda Bara e Inês Peixoto estreiam em abril no remake de Meu pedacinho de chão e Fernanda Vianna está em Além do horizonte (BETO NOVAES/EM/D. A PRESS)
Teuda Bara e Inês Peixoto estreiam em abril no remake de Meu pedacinho de chão e Fernanda Vianna está em Além do horizonte

Ainda menina, quando a vontade de ser atriz não passava de um desejo, Inês Peixoto, do Grupo Galpão, via a novela Mulheres de areia e fazia do quintal de casa palco para as cenas da televisão. “Pegava a bicicleta e saía representando”, lembra. Com Escrava Isaura foi a mesma coisa. Isso na década de 1970. Mas desde que a arte de interpretar deixou de ser brincadeira, fazer novela não chegou a ser o foco principal da carreira de Inês. Também não era para as companheiras de trupe Teuda Bara e Fernanda Vianna. No entanto, lá estão elas.

As três atrizes do Galpão foram especialmente convidadas para integrar recentes produções da Globo. Elas continuam seu trabalho na companhia mineira e serão substituídas no palco, quando necessário. Enquanto Fernanda atualmente está no ar como Berenice em Além do horizonte, Teuda e Inês estão nos preparativos para o remake de Meu pedacinho de chão, novela de Benedito Ruy Barbosa, com direção de Luiz Fernando Carvalho. A estreia está marcada para abril e promete ser mais uma aposta em teledramaturgia da emissora para este ano.

“Meu desejo sempre foi amplo, teatro, cinema, televisão. Achei que isso tudo ia ser fácil. Mas não é”, comenta Inês Peixoto. Há cerca de um mês, ela e Teuda vivem entre Belo Horizonte e o Rio de Janeiro por conta da novela. As gravações começam nos próximos dias e, até agora, elas participam, junto com todo o elenco, de aulas variadas para a criação do personagem. Já Fernanda aguarda novidades sobre o misterioso reaparecimento de Berenice na trama das 19h.

“Estou achando difícil pra caramba. É muito diferente do processo de atriz de teatro, quando você pega um texto, monta uma cena e depois a outra. Na novela não. Você recebe os capítulos e não sabe que cena vai gravar. Esse trabalho é seu com você mesma”, diz Teuda. Ainda que já tenha se acostumado ao ritmo da televisão, para Fernanda, a experiência na Globo revelou o quanto os tipos de interpretação são diferentes. “Às vezes não tem ensaio. Você pega o texto, chega lá e faz. Para o exercício do ator é maravilhoso, porque é um se vira, é autoral”, conta Fernanda. “Descubra-se e faça”, resume Teuda.

Mesmo na televisão, os processos de criação são muito distintos. Fernanda foi chamada pelo autor para integrar o elenco de Além do Horizonte pouco tempo antes da estreia. Não teve, digamos, o tempo de ensaio e preparação característico dos trabalhos conduzidos por Luiz Fernando Carvalho, com quem trabalhou na minissérie Hoje é dia de Maria.

Independentemente do porte da novela e do modo de feitura, o grau de profissionalismo no Projac impressiona o trio. “As pessoas têm um carinho enorme pelo Galpão. Cada hora um fala que viu isso, viu aquilo. É muito linda essa construção da nossa trajetória”, diz Inês Peixoto. “Fui muito bem recebida por todo mundo, pelo figurinista, pelo diretor”, completa Fernanda. Teuda conquistou até o motorista dos carrinhos elétricos.

“A Teuda acena para qualquer um e fala: Oi,  gatinho, vem cá”, conta Inês Peixoto. “Paro qualquer um mesmo”, completa Teuda, antes de soltar a risada característica. Como ela brinca, o que há de mais glamouroso nessa história de fazer novela é andar de carrinho no Projac. O resto é muita ralação. Diariamente, o transporte passa no hotel por volta das 10h para levá-las ao Projac.

Por lá, no caso do elenco de Meu pedacinho de chão, frequentam palestras, aulas de máscara neutra, kundalini e outras técnicas que vão favorecer a criação do personagem. “Você é chamada para lá e tem que ser atriz. É muito profissional. É uma indústria do entretenimento e as peças estão cada uma em seu lugar”, afirma Inês. Quando o elenco chega, tudo tem que estar pronto. Mesmo assim, é um ritmo parecido com o do cinema. “Às vezes você fica o dia inteiro pronta, esperando para gravar. Fiquei mais impressionada com os técnicos que trabalham lá. São seis dias por semana e 11 horas por dia. Eles têm paixão”, ressalta Fernanda.


Saiba mais

TVLIÊ


Pelo que Luiz Fernando Carvalho anda fazendo na televisão é fácil sacar que ele tem mesmo carta branca da direção da emissora. O diretor é o responsável pelo TVliê, um galpão de criação e inovação em teledramaturgia de onde saíram projetos como os oito episódios de Correio feminino, exibido no Fantástico a partir da obra de Clarice Lispector. O especial Alexandre e outros heróis, baseado em Graciliano Ramos, exibido no fim do ano passado também faz parte dessa fornada.


Obra aberta


Além do horizonte está prevista para terminar em meados de maio. Já Meu pedacinho de chão tem estreia marcada para 7 de abril. Ainda que não possam revelar detalhes da trama, é inegável a empolgação de Teuda e de Inês com o projeto. “A experiência da novela vai ser interessante, porque é uma obra em que você não sabe como o seu personagem acaba”, diz Inês. “A cidade cenográfica é linda de chorar”, comenta Teuda, bem à mineira.

Na trama, ela será a Mãe Benta. “É um personagem lindo. Quero muito fazê-lo bem. É uma parteira, benzedeira”, revela. Ela será a mãe do personagem de Irandhir Santos. “Está sendo a coisa mais maravilhosa. Ele está me dando muita força nessa coisa de como estruturar o caminho do personagem fora do teatro”, diz.

Inês Peixoto interpretará dona Tê, esposa do coronel progressista do lugarejo. “Sou muito grata e muito feliz de ter uma formação vinda do teatro. Acho que é a arte primeira do ator. Agora, se tem oportunidade de ir para o cinema, televisão, para o circo, tudo é bacana. Acho a experiência da novela muito instigante, porque é algo que ainda não tive”, diz.

De acordo com a atriz, Luiz Fernando Carvalho parte mesmo do texto escrito por Benedito e veiculado na década de 1970. Meu pedacinho de chão inaugurou o horário das 18h para as telenovelas. “Foi uma novela muito política, que tocava nesse tema que até hoje é básico para o Brasil: a questão da educação, da distribuição de terras.”

Além das atrizes do Galpão, o diretor chamou outros nomes do teatro brasileiro. Raul Barreto, dos Parlapatões Patifes e Paspalhões; e Fernando Sampaio, parceiro de Domingos Montagner na Cia La Mínima, também fazem parte do núcleo. Entre os rostos conhecidos da telinha estão Rodrigo Lombardi, Osmar Prado, Juliana Paes e Bruna Linzmeyer, que vai interpretar a professora protagonista da história.

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