Cidadania e a nova classe média
Estado de Minas: 27/02/2014
Em magistral artigo
recentemente publicado, o economista Eduardo Giannetti, doutor pela
Universidade de Cambridge, depois de lembrar os avanços da sociedade
brasileira nos últimos 20 anos, graças à estabilidade econômica e às
políticas de inclusão social, cunhou uma frase que ecoa como verdadeiro
anátema sobre a realidade atual do país: “Nossa 'nova classe média'
ascendeu ao consumo, mas não ascendeu à cidadania.” Na sequência, para
explicar sua conclusão, ele desfia alguns dados sobre os serviços
públicos disponíveis à população, entre os quais se destacam a falta de
coleta de esgoto em metade dos domicílios e o fato de que um terço dos
egressos do ensino superior são analfabetos funcionais.
Efetivamente, os indicadores sociais brasileiros de agora, ainda que significativamente melhores que os de duas décadas atrás, não justificam a exagerada euforia que tomou conta de determinados setores, acostumados a creditar aos três últimos mandatos presidenciais a glória de ter elevado o Brasil à condição de potência mundial.
Ascender à quinta ou sexta colocação no ranking das maiores economias do mundo não combina, por exemplo, com a condição de segunda nação mais desigual entre os países do chamado G20; da mesma forma, o prestígio por assumir a presidência de um importante organismo econômico mundial não anula e nem pode mascarar a caótica situação do transporte nas grandes cidades e o deplorável estado da saúde pública em todos os quadrantes do país.
As duas décadas de estabilidade econômica, alcançada com o Plano Real, já seriam um lapso de tempo razoável para que as soluções estruturais de nossos principais problemas sociais já tivessem sido, pelo menos, encaminhadas. Mas o que se viu, entretanto, após a consolidação dos fundamentos econômicos do país, na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi a opção pelo caminho das providências de alcance imediatista, em geral de alto poder midiático, mas sem profundidade ou permanência.
O resultado é que, ultrapassada a fase ufanista com a “criação de uma nova classe média” e outras tiradas mercadológicas do mesmo gênero, a sociedade percebeu que seus grandes problemas não estavam resolvidos e nem sequer bem encaminhados. Está aí, certamente, a gênese da insatisfação popular que desencadeou as grandes mobilizações de rua, iniciadas em junho passado, e que se espalharam, se ampliaram e ameaçam fugir de todo controle pela falta de respostas e atitudes convincentes, mais uma vez substituídas por iniciativas meramente propagandísticas.
Esse é o cenário, preocupante, que está a exigir de todos, mais do que reflexões profundas, a efetivação de propostas consequentes, que ataquem na raiz nossos sérios problemas sociais e sejam capazes de fazer com que não apenas nossa nova classe média, mas toda a população brasileira ascenda à cidadania plena.
Efetivamente, os indicadores sociais brasileiros de agora, ainda que significativamente melhores que os de duas décadas atrás, não justificam a exagerada euforia que tomou conta de determinados setores, acostumados a creditar aos três últimos mandatos presidenciais a glória de ter elevado o Brasil à condição de potência mundial.
Ascender à quinta ou sexta colocação no ranking das maiores economias do mundo não combina, por exemplo, com a condição de segunda nação mais desigual entre os países do chamado G20; da mesma forma, o prestígio por assumir a presidência de um importante organismo econômico mundial não anula e nem pode mascarar a caótica situação do transporte nas grandes cidades e o deplorável estado da saúde pública em todos os quadrantes do país.
As duas décadas de estabilidade econômica, alcançada com o Plano Real, já seriam um lapso de tempo razoável para que as soluções estruturais de nossos principais problemas sociais já tivessem sido, pelo menos, encaminhadas. Mas o que se viu, entretanto, após a consolidação dos fundamentos econômicos do país, na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi a opção pelo caminho das providências de alcance imediatista, em geral de alto poder midiático, mas sem profundidade ou permanência.
O resultado é que, ultrapassada a fase ufanista com a “criação de uma nova classe média” e outras tiradas mercadológicas do mesmo gênero, a sociedade percebeu que seus grandes problemas não estavam resolvidos e nem sequer bem encaminhados. Está aí, certamente, a gênese da insatisfação popular que desencadeou as grandes mobilizações de rua, iniciadas em junho passado, e que se espalharam, se ampliaram e ameaçam fugir de todo controle pela falta de respostas e atitudes convincentes, mais uma vez substituídas por iniciativas meramente propagandísticas.
Esse é o cenário, preocupante, que está a exigir de todos, mais do que reflexões profundas, a efetivação de propostas consequentes, que ataquem na raiz nossos sérios problemas sociais e sejam capazes de fazer com que não apenas nossa nova classe média, mas toda a população brasileira ascenda à cidadania plena.
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