Propinquidade
Eduardo Almeida Reis - eduardo.reis@uai.com.br
Estado de Minas: 10/02/2014
Ninguém precisa de um ph.D. em psicologia para perceber que a atração pelo risco tem fundo sexual. Os exemplos estão aí em todos os países, todos os dias, nos esportes e nas atividades em que o praticante, mesmo equipado, sente o gostinho da morte próxima. Escrevi “próxima” para evitar iminente, que a rapaziada confunde com eminente.
Eminente deveria ser a figura do presidente do Senado; iminente é a nova besteira que o senador Renan Calheiros vai fazer com os jatos da FAB. Mas há pior. Admitamos que o leitor more no apartamento 304. Pergunto: você gosta do propínquo do 303?. Pois é: propínquo é vizinho, é puro latim e entrou em nosso idioma no ano de 1265.
A propinquidade, que só entrou em 1589, existiu desde sempre: significa proximidade. Nossa espécie, que se diz sapiens, conviveu com os neandertais durante 30 mil anos, não raras vezes transando no maior entusiasmo, di-lo a ciência, em baladas pré-históricas que envolviam até os denisovanos e uma outra espécie ainda não identificada.
Este suelto resulta do acidente com Schumacher. Na tevê falaram de “paixão pela adrenalina”. Ora, o apaixonado não precisa correr tantos riscos: basta tomar uma ampola de adrenalina. Vi no Google que existe adrenalina injetável. Deve ser barata e muito menos perigosa do que esquiar em pistas não demarcadas, saltar de paraquedas em desafios complicados, meter-se em corridas de motocicletas – e tudo isso Schumacher fez depois que saiu da Fórmula 1 com sete títulos mundiais. Pouco antes do acidente na neve francesa, fez 18 saltos de paraquedas de alta performance, num só dia, em Dubai. Salto de alta performance é muito mais performático do que um salto comum, que já é um salto de paraquedas. Daí minha conclusão indiscutível: a propinquidade com o risco tem conotação sexual.
Tendências
Jornal de sábado, segundo caderno, fotos coloridas e resenhas. Entre os melhores filmes se destaca Um estranho no lago e sou informado de que “pouco conhecido, o francês Alain Guiraudie filma o desejo entre homens numa praia de nudistas”. Mais adiante, em Azul é a cor mais quente, aprendo que “Abdellatif Kechiche filma o desejo entre mulheres para retomar com Léa Seydoux e Adèle Axerchopoulos seus grandes temas – o voyeurismo e a linguagem”. Na seção de tevê me dizem que Letícia Persiles, acostumada a papéis de destaque, volta à telinha no papel de uma prostituta que manterá um romance lésbico com a personagem de Monique Alfradique.
Pronto: a partir das três informações, passo a desconfiar de todas as fotos de duas moças, ou dois rapazes, publicadas no tal caderno. Destaco o fato de que os jornalistas, se têm ouvidos, não podem escrever “pouco conhecido” e “lésbico com”, porque em matéria de cocô já nos basta a história contada por Vargas Llosa sobre a exibição “artística” – parece que o nome é performance – de um cavalheiro colombiano. Diante da plateia interessada na “arte” que vem sendo feita por aí, o artista defecou e, com pompa e circunstância, comeu suas fezes.
Da leitura do jornal de sábado restou-me a convicção de que em dois anos, no máximo três, notícia escandalosa vai ser a de um filme ou de uma novela em que homem goste de mulher e vice-versa.
O mundo é uma bola
10 de fevereiro de 1763: Inglaterra e França assinam o Tratado de Paris, que põe fim à Guerra dos Sete Anos, conflito internacional que ocorreu de 1756 a 1763, durante o reinado de Luís XV, entre a França, a Áustria e seus aliados (Saxônia, Rússia, Suécia e Espanha) contra a Inglaterra, Portugal, a Prússia e Hanover. Potências europeias ficaram preocupadas com o prestígio e o poderio de Frederico II, o Grande, rei da Prússia – e a situação pegou fogo.
Em 1840, casamento da rainha Vitória, do Reino Unido, com Alberto de Saxe-Coburg-Gotha, de 20 anos, seu primo e pai de seus nove filhos. Alberto morreu aos 42 anos e deixou a rainha de luto pelo resto dos seus dias, pois amava o primo e marido, naquele tempo em que as mulheres gostavam dos seus maridos. O nome completo do primo era Francisco Alberto Augusto Carlos Emanuel. Parece que morreu da doença de Crohn, mais frequente na Inglaterra, nos EUA e nos países escandinavos.
Em 1931, Nova Délhi torna-se capital da Índia. Em 1965, fechamento da Panair do Brasil, num episódio até hoje pouco explicado. Em 1980, fundação do Partido dos Trabalhadores, o PT, de relevantes serviços prestados a inúmeros petistas e um sem conto de desserviços a um país grande e bobo.
Em 1890, nasceu Boris Pasternak, poeta e romancista russo, Nobel de Literatura em 1958. Em 1893, veio ao mundo Jimmy Durante, músico norte-americano, e em 1893, Mãe Menininha de Gantois, a mais famosa iyalorixá brasileira. Em 1931, foi a vez de Cauby Peixoto e em 1950 nasceu Mark Spitz, nadador americano, campeão olímpico.
Hoje é o Dia do Atleta Profissional.
Ruminanças
“Tudo é relativo: o tempo que dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está” (Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé, 1895-1971).
Eduardo Almeida Reis - eduardo.reis@uai.com.br
Estado de Minas: 10/02/2014
Ninguém precisa de um ph.D. em psicologia para perceber que a atração pelo risco tem fundo sexual. Os exemplos estão aí em todos os países, todos os dias, nos esportes e nas atividades em que o praticante, mesmo equipado, sente o gostinho da morte próxima. Escrevi “próxima” para evitar iminente, que a rapaziada confunde com eminente.
Eminente deveria ser a figura do presidente do Senado; iminente é a nova besteira que o senador Renan Calheiros vai fazer com os jatos da FAB. Mas há pior. Admitamos que o leitor more no apartamento 304. Pergunto: você gosta do propínquo do 303?. Pois é: propínquo é vizinho, é puro latim e entrou em nosso idioma no ano de 1265.
A propinquidade, que só entrou em 1589, existiu desde sempre: significa proximidade. Nossa espécie, que se diz sapiens, conviveu com os neandertais durante 30 mil anos, não raras vezes transando no maior entusiasmo, di-lo a ciência, em baladas pré-históricas que envolviam até os denisovanos e uma outra espécie ainda não identificada.
Este suelto resulta do acidente com Schumacher. Na tevê falaram de “paixão pela adrenalina”. Ora, o apaixonado não precisa correr tantos riscos: basta tomar uma ampola de adrenalina. Vi no Google que existe adrenalina injetável. Deve ser barata e muito menos perigosa do que esquiar em pistas não demarcadas, saltar de paraquedas em desafios complicados, meter-se em corridas de motocicletas – e tudo isso Schumacher fez depois que saiu da Fórmula 1 com sete títulos mundiais. Pouco antes do acidente na neve francesa, fez 18 saltos de paraquedas de alta performance, num só dia, em Dubai. Salto de alta performance é muito mais performático do que um salto comum, que já é um salto de paraquedas. Daí minha conclusão indiscutível: a propinquidade com o risco tem conotação sexual.
Tendências
Jornal de sábado, segundo caderno, fotos coloridas e resenhas. Entre os melhores filmes se destaca Um estranho no lago e sou informado de que “pouco conhecido, o francês Alain Guiraudie filma o desejo entre homens numa praia de nudistas”. Mais adiante, em Azul é a cor mais quente, aprendo que “Abdellatif Kechiche filma o desejo entre mulheres para retomar com Léa Seydoux e Adèle Axerchopoulos seus grandes temas – o voyeurismo e a linguagem”. Na seção de tevê me dizem que Letícia Persiles, acostumada a papéis de destaque, volta à telinha no papel de uma prostituta que manterá um romance lésbico com a personagem de Monique Alfradique.
Pronto: a partir das três informações, passo a desconfiar de todas as fotos de duas moças, ou dois rapazes, publicadas no tal caderno. Destaco o fato de que os jornalistas, se têm ouvidos, não podem escrever “pouco conhecido” e “lésbico com”, porque em matéria de cocô já nos basta a história contada por Vargas Llosa sobre a exibição “artística” – parece que o nome é performance – de um cavalheiro colombiano. Diante da plateia interessada na “arte” que vem sendo feita por aí, o artista defecou e, com pompa e circunstância, comeu suas fezes.
Da leitura do jornal de sábado restou-me a convicção de que em dois anos, no máximo três, notícia escandalosa vai ser a de um filme ou de uma novela em que homem goste de mulher e vice-versa.
O mundo é uma bola
10 de fevereiro de 1763: Inglaterra e França assinam o Tratado de Paris, que põe fim à Guerra dos Sete Anos, conflito internacional que ocorreu de 1756 a 1763, durante o reinado de Luís XV, entre a França, a Áustria e seus aliados (Saxônia, Rússia, Suécia e Espanha) contra a Inglaterra, Portugal, a Prússia e Hanover. Potências europeias ficaram preocupadas com o prestígio e o poderio de Frederico II, o Grande, rei da Prússia – e a situação pegou fogo.
Em 1840, casamento da rainha Vitória, do Reino Unido, com Alberto de Saxe-Coburg-Gotha, de 20 anos, seu primo e pai de seus nove filhos. Alberto morreu aos 42 anos e deixou a rainha de luto pelo resto dos seus dias, pois amava o primo e marido, naquele tempo em que as mulheres gostavam dos seus maridos. O nome completo do primo era Francisco Alberto Augusto Carlos Emanuel. Parece que morreu da doença de Crohn, mais frequente na Inglaterra, nos EUA e nos países escandinavos.
Em 1931, Nova Délhi torna-se capital da Índia. Em 1965, fechamento da Panair do Brasil, num episódio até hoje pouco explicado. Em 1980, fundação do Partido dos Trabalhadores, o PT, de relevantes serviços prestados a inúmeros petistas e um sem conto de desserviços a um país grande e bobo.
Em 1890, nasceu Boris Pasternak, poeta e romancista russo, Nobel de Literatura em 1958. Em 1893, veio ao mundo Jimmy Durante, músico norte-americano, e em 1893, Mãe Menininha de Gantois, a mais famosa iyalorixá brasileira. Em 1931, foi a vez de Cauby Peixoto e em 1950 nasceu Mark Spitz, nadador americano, campeão olímpico.
Hoje é o Dia do Atleta Profissional.
Ruminanças
“Tudo é relativo: o tempo que dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está” (Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé, 1895-1971).
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