São Paulo
Paradoxo dos mais paradoxais é o da legião de nordestinos fugidos da seca para viver numa cidade encharcada
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 13/02/2014
Obra
muitíssimo bem o Partido dos Trabalhadores (PT) quando elege um poste
para a Prefeitura de São Paulo. Nada melhor e mais adequado que um poste
para administrar a imensa capital, que festejou os 460 anos de sua
fundação submersa pela sequência de chuva diária. Assim, a ponta do
poste fica de fora do mar de água imunda, que toma conta da área urbana.
Bom candidato, outrossim, seria um bote inflável, mas esse corre o
risco de furar e afundar. Nas emergências aquáticas não adianta
recomendar aos paulistanos que fiquem em suas casas, também invadidas
pela água. Dir-se-á que os edifícios podem ser altos; por enquanto, não
houve notícia de água chegando aos terceiros pavimentos. Ainda aí, o
risco de não sair de casa é grande, porque é imenso o número de
arrastões nos prédios de apartamentos. Há gente nascida e criada naquela
cidade, como também há milhões de brasileiros que se mudaram para lá em
busca de oportunidades de trabalho. Paradoxo dos mais paradoxais é o da
legião de nordestinos fugidos da seca para viver numa cidade
encharcada.
Desabafo
“Caro Eduardo. Peço
desculpas por usar seu e-mail para mais um desabafo de uma cidadã
indignada. Resido em Juiz de Fora, mas frequentemente venho a Belo
Horizonte. Antes fazia uma viagem de 50 minutos pela Trip Linhas Aéreas,
por um preço bastante razoável desde que a passagem fosse comprada com
alguma antecedência. Durou pouco o meu conforto: a Azul se associou à
Trip e em conluio com as nossas autoridades passou a fazer os voos
saindo de Goianá com a desculpa de serem mais seguros, com conexão em
Campinas e preço de passagem para a Europa! Claro que a desculpa de
segurança só durou até que a transação fosse efetivada, porque voltaram a
sair do Aeroporto da Serrinha e a viagem de 50 minutos passou a levar
um dia inteiro, custando preço de viagem ao exterior. Então o jeito foi
apelar para o caro automóvel Chevrolet Sonic, que a cada vez que é
levado para a autorizada reclamando do alto consumo, depois de revisado
passa a consumir ainda mais. Ai começa a odisseia que você tão bem
conhece: a paradisíaca BR-040, com caminhões gigantescos dirigidos por
motoristas na maioria das vezes jovens inexperientes, mas com alto
conhecimento sobre onde funcionam ou não os malditos radares, o que
transforma essa viagem numa luta pela vida. Tente reduzir a velocidade
numa curva na entrada de um viaduto (que passa a ter uma só pista
repentinamente, onde antes eram duas) enxergando pelo retrovisor uma
carreta enlouquecida! Mas por um milagre chego a BH. Vou relaxar
caminhando às margens da outrora idílica Lagoa da Pampulha. Principal
ponto turístico da cidade: um imenso esgoto onde algumas dragas tentam
inutilmente limpar o fundo enquanto os aguapés se alastram com
velocidade da luz. Repentinamente me vem a extraordinária ideia: por que
não transformar aquele fétido espelho d’água numa enorme plantação
verde? Já que todos sabemos que essa limpeza é só para inglês ver, não
seria mais lógico deixar os aguapés livres em seu destino, agradando a
tantos ecochatos que idolatram qualquer mato verde em seu caminho? Não
demoraria mais que um mês para essa “plantação” colorir toda a água
podre, e com o dinheiro economizado com as empresas de aspiração de
sujeira, poderíamos gradear toda a margem da lagoa para que as capivaras
que lá se reproduzem na velocidade do som, não mais corressem o risco
de serem atropeladas por um motorista desvairado que se embebedou com
uma lata de cerveja! Já que estamos no país do faz de conta, faríamos de
conta que tudo estava resolvido, e teríamos tempo de recuperar os
famosos jardins de Burle Max, que, ao contrário do alardeado pela
prefeitura, estão cobertos de mato e imundos. Porque, ao se comparar o
tempo (muito mais de cinco anos) que gastaram para refazer a casa de
Juscelino, também na Pampulha, ao custo de milhões de reais (deve ser
ladrilhada com pedrinhas de brilhante, tal qual a música infantil), dá
para se ter certeza de que o tempo para roubar mais com a desculpa da
Copa está se esgotando. Obrigada por me dar a oportunidade de despejar
minha raiva destes políticos que continuam a roubar e nos fazer de
palhaços cidadãos.” A. M.
O mundo é uma bola
13
de fevereiro de 1542: Catherine Howard, rainha da Inglaterra, foi
executada por ordem de seu marido e senhor Henrique VIII, o rei. Foi a
quinta rainha consorte da Inglaterra e era prima de Ana Bolena, segunda
rainha consorte de Henrique VIII, também executada por ordem de seu
marido e senhor. Tudo bem: sei que o nome da segunda era Anne Boleyn,
mas a culpa é da Wikipédia. Nos quadros da época, o visual de Anne era
menos ruim que o de Catherine. Hoje é o Dia Mundial do Rádio.
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