SEMPRE UM PAPO »
Decadência e glória
Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 24/03/2014
No livro de ensaios O espelho enterrado, o mexicano Carlos Fuentes (1928-2012) defende a tese de que tourada e futebol, por despertarem intensas paixões coletivas, costumam não render bons livros de ficção. Pelo menos no Brasil, o argumento de Fuentes perdeu a força com o lançamento de O drible, que o jornalista e escritor Sérgio Rodrigues autografa hoje à noite, em Belo Horizonte.
Com muitos elogios da crítica, o romance traz a história do oitentão Murilo Filho, cronista esportivo dos “bons tempos” do futebol brasileiro, lá pelos idos dos anos 1960. Sofrendo de grave doença e desenganado pelos médicos, ele tenta se reaproximar do neto, revisor de livros de autoajuda. Os dois costumam se encontrar aos domingos, quando o avô conta histórias do futebol ao rapaz.
Mineiro de Muriaé e radicado no Rio de Janeiro, Sérgio Rodrigues explica que, de certa forma, esse é o livro de sua vida. Entre idas e vindas, além de outros títulos lançados, ele passou cerca de 20 anos para concluir O drible.
“Na realidade, a história nasceu do conto ‘Peralvo’, que seria publicado no meu primeiro livro dedicado a esse gênero, O homem que matou o escritor, lançado pela Objetiva em 2000. No último momento, resolvi tirá-lo, pois achava que poderia render uma história maior, o que acabou ocorrendo”, conta Rodrigues. “Foi também minha intenção fazer uma viagem pela história do futebol brasileiro, sobretudo na década de 1960. O personagem Peralvo, que chegou a jogar contra Pelé, tinha poderes sobrenaturais”, revela o autor.
Repórter esportivo durante muitos anos, Sérgio Rodrigues publicou sete livros – entre eles o romance Elza, a garota (Nova Fronteira). Ele mantém o blog literário Todoprosa (todoprosa.com.br).
O DRIBLE
. De Sérgio Rodrigues
. Companhia das Letras, 222 páginas, R$ 38
• Hoje, às 19h30, bate-papo com o autor, na Sala Juvenal Dias (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro). Entrada franca. Informações: (31) 3261-1501
TRECHO
“Nunca duvidei que, caso a vida seguisse seu curso normal, Peralvo teria sido maior que Pelé. Continuo a não duvidar. Isso significa dizer que ele foi mesmo, e é, como potência, maior que Pelé. Significa também que o fim prematuro da sua carreira não representou só mais uma promessa não cumprida entre tantas que adubam o solo do Brasil, mais um feto abortado que se possa lançar no livro-caixa da cultura como valor negativo e esquecer. Não vai ser tão fácil. Um evento dessa magnitude impacta mundos, como uma estrela que morre”
• O drible, de Sérgio Rodrigues
Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 24/03/2014
O jornalista mineiro Sérgio Rodrigues faz romance com os gols de craques dos anos 1960 |
No livro de ensaios O espelho enterrado, o mexicano Carlos Fuentes (1928-2012) defende a tese de que tourada e futebol, por despertarem intensas paixões coletivas, costumam não render bons livros de ficção. Pelo menos no Brasil, o argumento de Fuentes perdeu a força com o lançamento de O drible, que o jornalista e escritor Sérgio Rodrigues autografa hoje à noite, em Belo Horizonte.
Com muitos elogios da crítica, o romance traz a história do oitentão Murilo Filho, cronista esportivo dos “bons tempos” do futebol brasileiro, lá pelos idos dos anos 1960. Sofrendo de grave doença e desenganado pelos médicos, ele tenta se reaproximar do neto, revisor de livros de autoajuda. Os dois costumam se encontrar aos domingos, quando o avô conta histórias do futebol ao rapaz.
Mineiro de Muriaé e radicado no Rio de Janeiro, Sérgio Rodrigues explica que, de certa forma, esse é o livro de sua vida. Entre idas e vindas, além de outros títulos lançados, ele passou cerca de 20 anos para concluir O drible.
“Na realidade, a história nasceu do conto ‘Peralvo’, que seria publicado no meu primeiro livro dedicado a esse gênero, O homem que matou o escritor, lançado pela Objetiva em 2000. No último momento, resolvi tirá-lo, pois achava que poderia render uma história maior, o que acabou ocorrendo”, conta Rodrigues. “Foi também minha intenção fazer uma viagem pela história do futebol brasileiro, sobretudo na década de 1960. O personagem Peralvo, que chegou a jogar contra Pelé, tinha poderes sobrenaturais”, revela o autor.
Repórter esportivo durante muitos anos, Sérgio Rodrigues publicou sete livros – entre eles o romance Elza, a garota (Nova Fronteira). Ele mantém o blog literário Todoprosa (todoprosa.com.br).
O DRIBLE
. De Sérgio Rodrigues
. Companhia das Letras, 222 páginas, R$ 38
• Hoje, às 19h30, bate-papo com o autor, na Sala Juvenal Dias (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro). Entrada franca. Informações: (31) 3261-1501
TRECHO
“Nunca duvidei que, caso a vida seguisse seu curso normal, Peralvo teria sido maior que Pelé. Continuo a não duvidar. Isso significa dizer que ele foi mesmo, e é, como potência, maior que Pelé. Significa também que o fim prematuro da sua carreira não representou só mais uma promessa não cumprida entre tantas que adubam o solo do Brasil, mais um feto abortado que se possa lançar no livro-caixa da cultura como valor negativo e esquecer. Não vai ser tão fácil. Um evento dessa magnitude impacta mundos, como uma estrela que morre”
• O drible, de Sérgio Rodrigues
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