Democracia
Como é do desconhecimento quase geral, a Tasmânia é uma ilha e um estado da Austrália, a 240 km da costa sudeste australiana
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 25/04/2014
Corre na internet
delicioso vídeo feito numa praça de cidade do interior, em que a
repórter pergunta aos senhores e às senhoras que lá estão sentados
esperando pelo Bolsa Família: “O que o senhor(a) faria se soubesse que o
seu filho está usando o Twitter?”. As respostas são de matar de rir,
sem deixar de ser preocupantes: todos os entrevistados são eleitores e
seus votos valem tanto quanto os dos cidadãos capazes de pensar, que
infelizmente são poucos.
É clássica a observação de Churchill num
contexto muito diferente do brasileiro: “Ninguém pretende que a
democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a
pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido
experimentadas de tempos em tempos”. Discurso feito na Câmara dos Comuns
em setembro de 1947, quando ninguém usava o Twitter.
Governo em
que o povo exerce a soberania, a democracia está umbilicalmente ligada
ao povo que se revolta quando sabe de um filho usando o Twitter. Sistema
político em que os cidadãos elegem os seus dirigentes por meio de
eleições periódicas, os “seus dirigentes”, que desafortunadamente são os
nossos, refletem o nível dos que os elegeram.
Os resultados aí
estão desde as eleições democráticas que conduziram o doutor Fernando
Affonso ao Palácio do Planalto até aos admiráveis governos Lula da Silva
& Rousseff. Houve, é certo, o interlúdio FHC, mas o Brasil não
estava à altura de um presidente como ele. Em nível municipal, estadual e
federal os resultados aí estão.
Dos 5.564 prefeitos, você,
leitor, acredita em 100? A Assembleia de Minas tem 77 deputados, a de
São Paulo 94 e a Pernambuco 49. Só aí temos 220 excelências. Será que 20
excelem? E o negócio vai por aí: a culpa é do Twitter. A Câmara Federal
tem 513 deputados: se possível, escolha 30 e se lembre de que o Senado
elegeu presidente o ex-careca e atual piloso José Renan Vasconcelos
Calheiros.
Tasmânia
Como é do
desconhecimento quase geral, a Tasmânia é uma ilha e um estado da
Austrália, a 240 km da costa sudeste australiana. Tem 65.022 km2 e
contava há quatro anos com 502.600 habitantes. Hobart, com 209 mil
habitantes, é a maior cidade e a capital do estado.
Acredita-se
que os aborígenes tasmanianos tenham começado a habitar a região há mais
de 35 mil anos. Somavam cerca de 5 mil quando começou a colonização
britânica. Não faziam fogo ou armas e foram considerados raça inferior
pelos europeus, sendo caçados como animais e sua pele usada para
produzir couro. Muitos morreram das doenças levadas pelos colonizadores.
Ainda sobrevivem alguns descendentes mestiços. A última aborígene de
puro sangue tasmaniano foi Truganini, que morreu em 1876 na cidade de
Hobart. Era feia pra dedéu e a historiografia internética não se entende
quanto ao seu nome, que pode ter sido Truganini ou Trugernanna,
Trugannini, Trucanini ou Lalla Rooke.
Novidade mesmo foi a
notícia, divulgada mês passado pela britânica Whisky Magazine, de que o
melhor uísque do mundo vem de uma destilaria da Tasmânia. Produção
mínima: até agora, 516 garrafas fabricadas, o que deve explicar o fato
de o melhor do mundo ainda não ter sido degustado pelo autor destas
bem-traçadas. Mas já bebi quatro da atual lista dos 10 melhores, sem que
possa dizer qual foi o melhor.
Analisado por um dos jurados, o
uísque da Tasmânia tem o sabor de mel, baunilha e feno. Até ontem,
pensei que feno fosse alimento de animais. Aliás, o maior produtor de
feno do Brasil é o Modesto Araújo, que acumula as funções de dono da
rede de drogarias Araújo. O sorvete de que mais gosto tem como base a
baunilha; mel é mel, revogam-se as disposições em contrário. No dia a
dia, o Black Label dá para o gasto. O resto é piu-piu, como vivia
dizendo Ibrahim Sued, meu contemporâneo numa redação do Rio.
O mundo é uma bola
25
de abril de 404 a.C. – Atenas se rende a Esparta, pondo fim à Guerra do
Peloponeso (431-404 a.C.), que tentaram me ensinar no colégio sem que
alguém possa explicar por quê. Em 387, diz a Wikipédia, “Santo Agostinho
recebe o batismo das mãos de Ambrósio, bispo de Milão”. Resta saber
como pôde um santo receber o batismo. Em 799, quando se dirigia a cavalo
de Latrão para San Lorenzo in Lucina, onde presidiria uma procissão, o
papa Leão III foi atacado e ferido, mas só morreu 17 anos depois. São
Leão III foi o 96º papa.
Em 1185, como devem estar lembrados
todos os que estudaram a história do Japão, na Batalha de Dan-no-ura, a
maior batalha naval da Guerra do Genpei, a frota do clã Genzi, comandada
por Minamoto Yositsune, derrota a frota do clã Taira, um grande clã
japonês de samurais. Como o leitor deve estar lembrado, ontem, num país
grande e bobo, foi o Dia do Samurai, mas hoje, no mesmíssimo país, é o
Dia do Contabilista e do Despachante Aduaneiro.
Ruminanças
“Um verdadeiro alemão não gosta dos franceses, mas gosta de beber seus vinhos” (Goethe, 1749-1832).
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