quinta-feira, 24 de abril de 2014

Eduardo Almeida Reis - Espostejar‏

Espostejar
Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, não se conformou com o pioneirismo paulistano e resolveu retalhar o corpo de um cavalheiro


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas 24/04/2014

País de modismos, o Brasil não se limita a matar 50 mil pessoas por ano: a moda, agora, é cortar o defunto em pedaços. No Bairro de Higienópolis, região chique de São Paulo, o corpo de um homem apareceu ensacado em plástico e dividido em pedaços, sem os dedos para dificultar a identificação. Dedos podem sumir numa privada. Dias depois, apareceu uma cabeça na Praça da Sé, a poucos metros do ponto onde foi fundada a cidade.

Alvoroçada, a mídia se perguntava se a cabeça era do corpo. Era. O Brasil respirou aliviado: além de pedaços do corpo havia a cabeça. Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, não se conformou com o pioneirismo paulistano e resolveu retalhar o corpo de um cavalheiro. Ensacado em plástico, o defunto foi localizado numa caçamba destas que se usam para recolher entulho.

Nioaque, município localizado no Norte do estado de Mato Grosso, topônimo que deriva do tupi-guarani “anhuac”, grafia antiga Nioac, em português “clavícula quebrada”, não poderia ficar atrás de São Paulo e Campo Grande.

Por isso, a senhora Ana Areco, de 56 anos, depois de discutir com seu namorado Luís Romão Ferreira, de 48 anos, esfaqueou o cavalheiro, cortou seus membros e os guardou no freezer, crime ocorrido dia 27 de março. Aí, peço licença para passar a palavra aos redatores do provedor Terra, que espostejam, cortam em pedaços, despedaçam, estraçalham a lógica e o idioma pátrio: “Segundo a polícia, a suspeita atingiu o ex-amante com uma marreta que guardava sobre a geladeira, mas a vítima ainda tentou atacá-la com uma faca e a perseguiu até o quarto. No local, ela deu mais golpes na cabeça do ex, que continuou a reagir. A suspeita, então, pegou uma faca e golpeou Luís Romão no pescoço”.

A suspeita! Duas vezes suspeita no mesmo parágrafo, depois de confessar à polícia que matou Luís Romão. Durante o depoimento, Ana disse que decidiu limpar sua casa e, como não sabia o que fazer com o corpo, optou por esquartejá-lo, iniciando os cortes pelo joelho e finalizando pela cabeça: “A suspeita ainda relatou que separou as partes do corpo em sacos plásticos e as guardou no freezer que tinha na sala da casa”.

Denúncia anônima alertou a polícia sobre o fato de o corpo de Luís estar escondido na casa de Ana. A polícia foi à residência da “suspeita”, que informou que Luís estava trabalhando numa fazenda. Portanto, quando foi morto pela “suspeita” não era ex-amante, mas ainda namorado. A polícia abriu o freezer e encontrou os pedaços ensacados. Ana confessou o assassinato.

Quantos anos de cadeia? Não sei. De repente, um bom advogado sustenta que Ana matou em legítima defesa e ela só responde pela ocultação do cadáver. O corte do pênis de um ex-noivo vale seis anos de cadeia, mesmo assim “em regime semiaberto”. Ainda agora em abril, a polícia prendeu a médica mineira Myriam Castro, que andava foragida depois de condenada por mandar cortar o do ex-noivo.


Lewandowski
Dá gosto vê-lo trabalhar. É um exemplo de decência, competência e dignidade profissional, motivo de orgulho para todos os seus compatriotas, admirado no mundo inteiro. Só um espírito maligno, destes que ousam criticar tudo e todos, pode fazer qualquer tipo de restrição à carreira e ao brilho do Lewandowski.

Tenho a certeza de que o leitor do Estado de Minas compartilha de minha opinião: não é todo dia que se vê um Robert Lewandowski. Fiquei feliz com a notícia de que ele é o novo artilheiro da Bundesliga, o campeonato alemão.


O mundo é uma bola

24 de abril de 1184 a.C., data da entrada dos gregos em Troia utilizando o Cavalo de Troia, daí o ditado “presente de grego”. Em 1704, publicado em Boston o primeiro jornal das Treze Colônias, o Boston News-Letter. Em 1763, os espanhóis invadem a vila de Rio Grande, atual cidade de Rio Grande, RS. Em 1800, inaugurada em Washington, D.C., a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Em 1830, inaugurada a Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, mas há quem diga que a Academia Nacional de Medicina foi fundada no dia 30 de junho de 1829 pelo Dr. Joaquim Cândido Soares de Meireles, com o nome de Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, mas tarde Academia Imperial de Medicina.

Até então floresciam curandeiros, charlatães e feiticeiros, que, por sinal, florescem até hoje. Os cariocas que desejavam ser médicos eram obrigados a estudar em Coimbra. Dia 5 de novembro de 1808, por decreto do príncipe-regente, futuro dom João VI, foi criada a Escola Anatômico-Cirúrgica e Médica, precursora da atual Faculdade Nacional de Medicina.

Hoje é o Dia do Agente de Viagem, do Boi, do Chimarrão, do Penitenciário e, pasme do leitor, do Samurai.


Ruminanças
“A crença nos médicos, que falta aos sãos, sobeja sempre nos doentes” (Marquês de Maricá, 1773-1848).

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