Pilares da saúde e da reforma urbana
Fábio Ribeiro Baião
Coordenador da ortopedia do Hospital da Baleia, mestre em gestão social, educação e desenvolvimento local
Estado de Minas: 26/05/2014
Fábio Ribeiro Baião
Coordenador da ortopedia do Hospital da Baleia, mestre em gestão social, educação e desenvolvimento local
Estado de Minas: 26/05/2014
Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), são sete os pilares para se manter a qualidade
de vida com saúde e alcançar a longevidade: evitar o tabagismo, o
etilismo, não ser obeso nem sedentário, manter sob controle a pressão
arterial, o colesterol e a glicose. Porém, até estudos mais recentes
pouco se sabia da exata ordem de importância dessas características em
cada faixa etária, uma vez que o número possível de combinações é
grande. Um interessante trabalho do Jornal Britânico de Medicina
Esportiva publicado em maio, de autoria de Brown et Cols, deu à luz uma
série de respostas para entendermos bem essas relações. Isso é muito
importante, pois para cada faixa etária devemos eleger as prioridades.
O estudo envolveu 32.154 mulheres australianas, avaliando-se quatro das sete variáveis da OMS: sedentarismo, pressão alta, tabagismo e obesidade. O fato relevante encontrado foi destacar a inatividade física como o mais importante causador de doença cardíaca.
Isso pode causar uma mudança no foco das políticas de promoção de saúde, que devem dar a atenção que esse item de fato merece. Até então, o sedentarismo vinha na quarta ordem de prioridade, sendo a seguinte a sequência clássica de relevância: obesidade, tabagismo, pressão arterial alta e inatividade física. Agora, o sedentarismo vem como fator de risco número um, seguindo-se as demais como já ranqueadas.
Estudou-se a prevalência de cada fator de risco em cada uma das faixas etárias. Por exemplo, a incidência de fumantes entre os 22 a 27 anos foi de 28%, enquanto que na população de 73 a 78 anos foi de 5%. Por outro lado, a prevalência aumentou gradativamente de 48% para 81% para sedentarismo dos 22 aos 90 anos, e de menos de 5% para 47% para pressão alta. Já o sobrepeso incidiu em 46% nas mulheres de 20 a 27 anos, 79,2% entre 59 e 64 anos, e 62,4% de 85 a 90 anos.
Analisando os dados encontrou-se que o tabagismo é o fator mais importante para a doença cardíaca para a idade até 30 anos, com um fator de risco atribuível de 59% entre os fatores listados. Mas o seu percentual de contribuição na faixa de 73 a 78 anos passa a ser de apenas 5,3%, quando as outras variáveis se tornam mais relevantes. O risco atribuível à obesidade foi de 32,7% dos 31 aos 36 anos; e de 10,7% para pressão alta dos 56 aos 64 anos.
Constatou-se ainda que 47,2% das mulheres entre 22 e 27 anos declararam baixa ou nenhuma atividade física, elevando-se para 50,9% entre 31 e 36 anos até chegar a 23,5% entre 85 e 90 anos. Estima-se que se essa população realizasse atividades físicas de esforço moderado, regulares, de pelo menos 150 minutos por semana, pelos menos 2 mil vidas poderiam ter sido poupadas em tenra idade.
Em nosso meio, precisamos disseminar essa informação. Enquanto sociedade, precisamos assimilar que mudanças serão necessárias num futuro bem próximo na forma como vivemos nos hipercentros. Num esforço para construir cidades saudáveis, grandes metrópoles como Nova York e Londres já têm alterado suas vias urbanas em determinadas regiões, alargando passeios à custa das pistas de rolamento, priorizando as vias para os pedestres e ciclistas. Em muitas cidades, inclusive Belo Horizonte, aguarda-se matéria a ser votada pelo Legislativo municipal sobre o assunto nos próximos dias. As leis impedirão de se construir novos imóveis com mais de uma vaga de garagem para tentar conter no longo prazo o caos no trânsito e sedimentar novos valores de mobilidade urbana.
De quebra, se ganha saúde, possibilidade de se construir com acessibilidade – um desafio arquitetônico intransponível no atual modelo –, priorizar o transporte coletivo e contribuir para diminuir a poluição do ar que respiramos, outra importante fonte de adoecimento.
O estudo envolveu 32.154 mulheres australianas, avaliando-se quatro das sete variáveis da OMS: sedentarismo, pressão alta, tabagismo e obesidade. O fato relevante encontrado foi destacar a inatividade física como o mais importante causador de doença cardíaca.
Isso pode causar uma mudança no foco das políticas de promoção de saúde, que devem dar a atenção que esse item de fato merece. Até então, o sedentarismo vinha na quarta ordem de prioridade, sendo a seguinte a sequência clássica de relevância: obesidade, tabagismo, pressão arterial alta e inatividade física. Agora, o sedentarismo vem como fator de risco número um, seguindo-se as demais como já ranqueadas.
Estudou-se a prevalência de cada fator de risco em cada uma das faixas etárias. Por exemplo, a incidência de fumantes entre os 22 a 27 anos foi de 28%, enquanto que na população de 73 a 78 anos foi de 5%. Por outro lado, a prevalência aumentou gradativamente de 48% para 81% para sedentarismo dos 22 aos 90 anos, e de menos de 5% para 47% para pressão alta. Já o sobrepeso incidiu em 46% nas mulheres de 20 a 27 anos, 79,2% entre 59 e 64 anos, e 62,4% de 85 a 90 anos.
Analisando os dados encontrou-se que o tabagismo é o fator mais importante para a doença cardíaca para a idade até 30 anos, com um fator de risco atribuível de 59% entre os fatores listados. Mas o seu percentual de contribuição na faixa de 73 a 78 anos passa a ser de apenas 5,3%, quando as outras variáveis se tornam mais relevantes. O risco atribuível à obesidade foi de 32,7% dos 31 aos 36 anos; e de 10,7% para pressão alta dos 56 aos 64 anos.
Constatou-se ainda que 47,2% das mulheres entre 22 e 27 anos declararam baixa ou nenhuma atividade física, elevando-se para 50,9% entre 31 e 36 anos até chegar a 23,5% entre 85 e 90 anos. Estima-se que se essa população realizasse atividades físicas de esforço moderado, regulares, de pelo menos 150 minutos por semana, pelos menos 2 mil vidas poderiam ter sido poupadas em tenra idade.
Em nosso meio, precisamos disseminar essa informação. Enquanto sociedade, precisamos assimilar que mudanças serão necessárias num futuro bem próximo na forma como vivemos nos hipercentros. Num esforço para construir cidades saudáveis, grandes metrópoles como Nova York e Londres já têm alterado suas vias urbanas em determinadas regiões, alargando passeios à custa das pistas de rolamento, priorizando as vias para os pedestres e ciclistas. Em muitas cidades, inclusive Belo Horizonte, aguarda-se matéria a ser votada pelo Legislativo municipal sobre o assunto nos próximos dias. As leis impedirão de se construir novos imóveis com mais de uma vaga de garagem para tentar conter no longo prazo o caos no trânsito e sedimentar novos valores de mobilidade urbana.
De quebra, se ganha saúde, possibilidade de se construir com acessibilidade – um desafio arquitetônico intransponível no atual modelo –, priorizar o transporte coletivo e contribuir para diminuir a poluição do ar que respiramos, outra importante fonte de adoecimento.
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