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Reforço estrangeiro
Chegada de dólares e euros dos turistas pode reduzir em 50% déficit com gastos de brasileiros no exterior. Movimento nas casas de câmbio tem aumento de até 200% em BH
Celia Perrone, Marinella Castro e Paulo Henrique Lobato
Estado de Minas: 17/06/2014
O governo está
acompanhando com lupa os gastos dos turistas estrangeiros no país. A
expectativa é de que os 600 mil viajantes esperados para a Copa do Mundo
deem um grande alívio ao Banco Central na hora de contabilizar os
resultados da contas de viagem. A previsão é de que o rombo mensal, que,
em média, tem ficado em US$ 1,5 bilhão neste ano, caia pelo menos 50%
em junho e em julho. “A torcida é grande”, afirma um técnico do
Ministério da Fazenda.
Pelas projeções do Ministério do Turismo, os turistas deverão gastar, em média, US$ 2 mil cada um. É o dobro do volume deixado pelos visitantes mensalmente, sem a Copa. Em abril, último dado disponível, os estrangeiros gastaram US$ 547 milhões no Brasil. Em contrapartida, os brasileiros desembolsaram US$ 2,3 bilhões em viagens ao exterior.
“Estamos trabalhando com um déficit na conta-viagem entre US$ 700 milhões e US$ 800 milhões por mês entre junho e julho”, ressalta o mesmo funcionário da Fazenda. Além do maior ingresso de turistas no país, o governo acredita que os gastos de brasileiros no exterior vão diminuir durante a Copa. É que muita gente que viaja no meio do ano para fora do Brasil optou por ficar no país para acompanhar de perto o desenrolar da Copa e assistir aos jogos.
Tal expectativa do governo é baseada, sobretudo, no relato feito pelas corretoras de câmbio, que concentram parcela importante das trocas de moedas no país. “Nosso movimento triplicou nas últimas semanas com a chegada dos turistas”, afirma o diretor da Cotação, Alexandre Fialho. Segundo ele, as 63 casas de câmbio da corretora espalhadas pelo país estão fazendo de 4 mil a 5 mil operações de compra e venda de moeda estrangeira por dia. “As lojas estratégicas, que ficam em aeroportos e hotéis, triplicaram as operações de compra de dólares, euros e pesos argentinos”, destaca. Ele explica que a empresa se preparou para esse período e fez um estoque de reais para atender a demanda.
Surpresa Em Belo Horizonte, a chegada de milhares de turistas coincidindo com as férias escolares antecipadas para junho surpreendeu as casas de câmbio com movimento bem acima do esperado, o que gerou paradas para reabastecer o caixa ao longo do expediente. Jair Jorge dos Reis, gerente da corretora HH Picchioni, que mantém oito lojas na capital mineira e três na região metropolitana, diz que nos últimos três dias de operação a demanda para trocar moedas estrangeiras pelo real cresceu 200%, quando a projeção da empresa para o período apontava para uma elevação de até 60%. “Nos últimos dias, a maioria dos turistas estrangeiros que nos procuraram eram colombianos, que trocaram dólares por real”, diz Reis.
Na corretora Western Union, com lojas no Centro, na Savassi e no BH Shopping, não foi diferente. “O crescimento a partir da última sexta-feira foi de 100%”, garante Luiz Citro, diretor de desenvolvimento de negócios da empresa. Segundo o executivo, ontem a corretora precisou em alguns momentos reabastecer seu caixa de reais. “Esperávamos crescimento de 50%, mas a demanda ocorreu em dobro. A maior parte é de turistas colombianos e argelinos. A expectativa é que o movimento continue forte com a chegada de novos turistas para os próximos jogos, sendo que a troca de moeda estrangeira por real está garantida.”
Derrota no retorno de impostos
Estudo curioso do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) com base nos 32 países que disputam a Copa do Mundo mostra que o Brasil, embora seja um dos favoritos a levantar a taça, ocupando a terceira melhor posição no ranking da Fifa, é o sétimo na relação arrecadação de impostos/Produto Interno Bruto (PIB) e o 29º num índice que mede o retorno dos tributos à população por meio de serviços de qualidade na educação, na saúde e em outras áreas. “Estamos à frente apenas da Nigéria, Costa do Marfim e da Bósnia e Herzegovina, que oferecem as piores condições aos habitantes pelo que pagam de impostos”, disse o advogado João Eloi Olenike, presidente-executivo da entidade.
O levantamento, batizado de “Copa do Mundo da economia e tributação”, mostra que a carga tributária no Brasil corresponde a 36,27% do PIB (R$ 2,242 trilhões) – esse dado é de 2012, quando o PIB dos Estados Unidos, o maior entre os 32 países que jogam a Copa, fechou em US$ 16,8 trilhões. Por outro lado, o indicador que mede como o poder público aplica os tributos arrecadados em investimentos à população, criado pelo IBPT e chamado de Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade (Irbes), revelou que a nota brasileira foi 135,34.
Quanto maior o valor do Irbes, melhor é o retorno dos serviços de qualidade à população. O Irbes é o resultado da soma da carga tributária com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pela Organização das Nações Unidas (ONU), e que leva em conta áreas como expectativa de vida, saúde, educação. Os Estados Unidos, com nota 165,78, lideram o ranking. No caso da relação impostos sobre o PIB, o maior percentual foi apurado pela França (45,34%), seguida de perto pela Itália (44,40%).
O Brasil também não vai bem no ranking que mede a renda per capita, que reflete um dos melhores coeficientes para expressar a distribuição da riqueza de uma nação. Dos 10 países com maiores rendas per capita sete são europeus: Suíça, Bélgica, Holanda, Alemanha, França, Inglaterra e Itália. “A Itália, Espanha, Grécia e Portugal, mesmo após a recente crise mundial e tendo passado por rígidos ajustes econômicos, aparecem melhor que o Brasil no quesito renda per capita”, diz Olenike.
RENDIMENTO O Brasil, destaca o estudo do IBPT, é a sétima economia mundial, contudo, quando o quesito é renda per capita, o país ocupa a 20ª posição no ranking, com US$ 11,152 mil/ano. A da Suíça, a melhor colocada, é de US$ 85,735 mil. A distribuição de renda no país europeu é 61,5% maior que a dos Estados Unidos, a nação mais rica do planeta, com US$ 53,08 mil/ano.
Por outro lado, o PIB americano corresponde à soma dos 27 primeiros países, na ordem do menor indicador para o maior (32ª posição à 4ª posição), incluindo o do Brasil (US$ 2,242 trilhões). Por sua vez, o PIB nacional é maior do que a soma dos 15 primeiros países, desde que na mesma ordem, do menor para o maior.
Pelas projeções do Ministério do Turismo, os turistas deverão gastar, em média, US$ 2 mil cada um. É o dobro do volume deixado pelos visitantes mensalmente, sem a Copa. Em abril, último dado disponível, os estrangeiros gastaram US$ 547 milhões no Brasil. Em contrapartida, os brasileiros desembolsaram US$ 2,3 bilhões em viagens ao exterior.
“Estamos trabalhando com um déficit na conta-viagem entre US$ 700 milhões e US$ 800 milhões por mês entre junho e julho”, ressalta o mesmo funcionário da Fazenda. Além do maior ingresso de turistas no país, o governo acredita que os gastos de brasileiros no exterior vão diminuir durante a Copa. É que muita gente que viaja no meio do ano para fora do Brasil optou por ficar no país para acompanhar de perto o desenrolar da Copa e assistir aos jogos.
Tal expectativa do governo é baseada, sobretudo, no relato feito pelas corretoras de câmbio, que concentram parcela importante das trocas de moedas no país. “Nosso movimento triplicou nas últimas semanas com a chegada dos turistas”, afirma o diretor da Cotação, Alexandre Fialho. Segundo ele, as 63 casas de câmbio da corretora espalhadas pelo país estão fazendo de 4 mil a 5 mil operações de compra e venda de moeda estrangeira por dia. “As lojas estratégicas, que ficam em aeroportos e hotéis, triplicaram as operações de compra de dólares, euros e pesos argentinos”, destaca. Ele explica que a empresa se preparou para esse período e fez um estoque de reais para atender a demanda.
Surpresa Em Belo Horizonte, a chegada de milhares de turistas coincidindo com as férias escolares antecipadas para junho surpreendeu as casas de câmbio com movimento bem acima do esperado, o que gerou paradas para reabastecer o caixa ao longo do expediente. Jair Jorge dos Reis, gerente da corretora HH Picchioni, que mantém oito lojas na capital mineira e três na região metropolitana, diz que nos últimos três dias de operação a demanda para trocar moedas estrangeiras pelo real cresceu 200%, quando a projeção da empresa para o período apontava para uma elevação de até 60%. “Nos últimos dias, a maioria dos turistas estrangeiros que nos procuraram eram colombianos, que trocaram dólares por real”, diz Reis.
Na corretora Western Union, com lojas no Centro, na Savassi e no BH Shopping, não foi diferente. “O crescimento a partir da última sexta-feira foi de 100%”, garante Luiz Citro, diretor de desenvolvimento de negócios da empresa. Segundo o executivo, ontem a corretora precisou em alguns momentos reabastecer seu caixa de reais. “Esperávamos crescimento de 50%, mas a demanda ocorreu em dobro. A maior parte é de turistas colombianos e argelinos. A expectativa é que o movimento continue forte com a chegada de novos turistas para os próximos jogos, sendo que a troca de moeda estrangeira por real está garantida.”
Derrota no retorno de impostos
Estudo curioso do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) com base nos 32 países que disputam a Copa do Mundo mostra que o Brasil, embora seja um dos favoritos a levantar a taça, ocupando a terceira melhor posição no ranking da Fifa, é o sétimo na relação arrecadação de impostos/Produto Interno Bruto (PIB) e o 29º num índice que mede o retorno dos tributos à população por meio de serviços de qualidade na educação, na saúde e em outras áreas. “Estamos à frente apenas da Nigéria, Costa do Marfim e da Bósnia e Herzegovina, que oferecem as piores condições aos habitantes pelo que pagam de impostos”, disse o advogado João Eloi Olenike, presidente-executivo da entidade.
O levantamento, batizado de “Copa do Mundo da economia e tributação”, mostra que a carga tributária no Brasil corresponde a 36,27% do PIB (R$ 2,242 trilhões) – esse dado é de 2012, quando o PIB dos Estados Unidos, o maior entre os 32 países que jogam a Copa, fechou em US$ 16,8 trilhões. Por outro lado, o indicador que mede como o poder público aplica os tributos arrecadados em investimentos à população, criado pelo IBPT e chamado de Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade (Irbes), revelou que a nota brasileira foi 135,34.
Quanto maior o valor do Irbes, melhor é o retorno dos serviços de qualidade à população. O Irbes é o resultado da soma da carga tributária com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pela Organização das Nações Unidas (ONU), e que leva em conta áreas como expectativa de vida, saúde, educação. Os Estados Unidos, com nota 165,78, lideram o ranking. No caso da relação impostos sobre o PIB, o maior percentual foi apurado pela França (45,34%), seguida de perto pela Itália (44,40%).
O Brasil também não vai bem no ranking que mede a renda per capita, que reflete um dos melhores coeficientes para expressar a distribuição da riqueza de uma nação. Dos 10 países com maiores rendas per capita sete são europeus: Suíça, Bélgica, Holanda, Alemanha, França, Inglaterra e Itália. “A Itália, Espanha, Grécia e Portugal, mesmo após a recente crise mundial e tendo passado por rígidos ajustes econômicos, aparecem melhor que o Brasil no quesito renda per capita”, diz Olenike.
RENDIMENTO O Brasil, destaca o estudo do IBPT, é a sétima economia mundial, contudo, quando o quesito é renda per capita, o país ocupa a 20ª posição no ranking, com US$ 11,152 mil/ano. A da Suíça, a melhor colocada, é de US$ 85,735 mil. A distribuição de renda no país europeu é 61,5% maior que a dos Estados Unidos, a nação mais rica do planeta, com US$ 53,08 mil/ano.
Por outro lado, o PIB americano corresponde à soma dos 27 primeiros países, na ordem do menor indicador para o maior (32ª posição à 4ª posição), incluindo o do Brasil (US$ 2,242 trilhões). Por sua vez, o PIB nacional é maior do que a soma dos 15 primeiros países, desde que na mesma ordem, do menor para o maior.
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