José Eloy dos Santos Cardoso - Economista, professor de macroeconomia
da PUC-Minas e jornalista.
Estado de Minas: 03/06/2014
A atração de empresas
para se localizar em um estado ou região pode parecer simples, mas, tem
suas complicações. No caso de Minas Gerais, o famoso tripé do
desenvolvimento formado em tempos passados pelo Banco de Desenvolvimento
de Minas Gerais (BDMG), o Instituto do Desenvolvimento Industrial de
Minas Gerais (Indi) e a Cia. de Distritos Industriais de Minas Gerais
(CDIMG) cumpriram muito bem seu papel no desenvolvimento mineiro dos
anos 1970, 1980 e 1990.
O Indi e seus técnicos iam atrás de possíveis empresas que, em tese, poderiam estar dispostas a investir em qualquer cidade mineira e oferecia tanto a assistência técnica como o conjunto de incentivos fiscais existentes na época, que não eram poucos. A CDIMG tinha suas áreas industriais já infraestruturadas, que eram vendidas a preços de custo para os empresários, e o BDMG oferecia seus recursos para serem aplicados no projeto a pequenas taxas. O tripé era complementado pela Cemig e pela Copasa. O sucesso das operações dos organismos que funcionavam em Minas era grande, e os outros estados procuravam copiar o nosso modelo desenvolvimentista. É claro que a conjuntura mundial e brasileira também viviam céus de brigadeiro. Não basta ter incentivos e outras infraestruturas. O que fazia funcionar o desenvolvimento eram as motivações que todos procuravam passar ao meio empresarial. É a tal “endogenia” de que nos fala o ex-ministro Paulo Haddad no livro Para o Brasil voltar a crescer.
No entanto, em economia, as coisas favoráveis podem mudar e, por vezes, até para pior. No momento, por exemplo, a conjuntura brasileira não é nada favorável, e as estatísticas nos dão essas informações. Os índices de confiança empresarial estão piores, e alguns setores estão vivendo, embora momentaneamente, uma crise. Num primeiro instante, podemos citar a construção civil cujo índice de confiança atingiu o menor patamar da série histórica desde 2010. Após uma pequena euforia, o setor da construção civil do país entrou em crise, com arquivamento de projetos, paralização das atividades, a demissão de funcionários e uma revisão para baixo das projeções de crescimento para 2014. O índice de confiança do empresário da Indústria da construção civil de Minas Gerais alcançou, no mês de maio, 42,3 pontos, o pior patamar da série histórica iniciada em 2010.
O ambiente ruim dos negócios reflete-se também em outros setores, como a baixa demanda por novos espaços para localização industrial. As causas apontadas são várias, mas podemos citar algumas. Um exemplo é o processo de consolidação e expansão dos distritos industriais (DIs) mineiros, que está ameaçado pela especulação imobiliária e o baixo crescimento da economia nacional. Empresas que assinaram protocolos de intenção de localização recebem doações das prefeituras, mas engavetam seus projetos. Algumas até aguardam a valorização dos terrenos para posterior venda a terceiros. A conjuntura brasileira e internacional desfavorável fizeram empresas com áreas disponíveis para expandir ou se localizar em algum local, adiando suas intenções de investimento. Investimentos industriais só existirão se houver, em primeiro lugar, confiança no governo. Com as eleições se aproximando e certa perspectiva de um governo do PT seguir modelos bolivarianos como o da Venezuela, qualquer empresário com a cabeça no lugar pouco se dispõe a fazer uma verdadeira aventura num futuro incerto. O economista Maurício Canêdo Pinheiro, do Ibre, afirmou que as próprias contas públicas explicam essa moderação: “O BNDES tem que reduzir os ritmos dos empréstimos porque não há espaço fiscal”. Em fevereiro, a instituição teve que reduzir o número de empréstimos para poder dar prioridade a algumas áreas como a de infraestruturas e bens de capital.
O setor de infraestrutura depende fundamentalmente do governo, mas o de bens de capital depende da esperança de melhora no ambiente econômico do país. Com todos esses problemas, não podemos afirmar com certeza o que será da economia brasileira depois das eleições. Com os previstos aumentos de preços da gasolina e da energia elétrica em valores bem superiores ao que estamos acostumados, temos que ficar esperando o que poderá acontecer. Que Deus – que é brasileiro como dizem – ajude o Brasil a sair de suas encrencas.
O Indi e seus técnicos iam atrás de possíveis empresas que, em tese, poderiam estar dispostas a investir em qualquer cidade mineira e oferecia tanto a assistência técnica como o conjunto de incentivos fiscais existentes na época, que não eram poucos. A CDIMG tinha suas áreas industriais já infraestruturadas, que eram vendidas a preços de custo para os empresários, e o BDMG oferecia seus recursos para serem aplicados no projeto a pequenas taxas. O tripé era complementado pela Cemig e pela Copasa. O sucesso das operações dos organismos que funcionavam em Minas era grande, e os outros estados procuravam copiar o nosso modelo desenvolvimentista. É claro que a conjuntura mundial e brasileira também viviam céus de brigadeiro. Não basta ter incentivos e outras infraestruturas. O que fazia funcionar o desenvolvimento eram as motivações que todos procuravam passar ao meio empresarial. É a tal “endogenia” de que nos fala o ex-ministro Paulo Haddad no livro Para o Brasil voltar a crescer.
No entanto, em economia, as coisas favoráveis podem mudar e, por vezes, até para pior. No momento, por exemplo, a conjuntura brasileira não é nada favorável, e as estatísticas nos dão essas informações. Os índices de confiança empresarial estão piores, e alguns setores estão vivendo, embora momentaneamente, uma crise. Num primeiro instante, podemos citar a construção civil cujo índice de confiança atingiu o menor patamar da série histórica desde 2010. Após uma pequena euforia, o setor da construção civil do país entrou em crise, com arquivamento de projetos, paralização das atividades, a demissão de funcionários e uma revisão para baixo das projeções de crescimento para 2014. O índice de confiança do empresário da Indústria da construção civil de Minas Gerais alcançou, no mês de maio, 42,3 pontos, o pior patamar da série histórica iniciada em 2010.
O ambiente ruim dos negócios reflete-se também em outros setores, como a baixa demanda por novos espaços para localização industrial. As causas apontadas são várias, mas podemos citar algumas. Um exemplo é o processo de consolidação e expansão dos distritos industriais (DIs) mineiros, que está ameaçado pela especulação imobiliária e o baixo crescimento da economia nacional. Empresas que assinaram protocolos de intenção de localização recebem doações das prefeituras, mas engavetam seus projetos. Algumas até aguardam a valorização dos terrenos para posterior venda a terceiros. A conjuntura brasileira e internacional desfavorável fizeram empresas com áreas disponíveis para expandir ou se localizar em algum local, adiando suas intenções de investimento. Investimentos industriais só existirão se houver, em primeiro lugar, confiança no governo. Com as eleições se aproximando e certa perspectiva de um governo do PT seguir modelos bolivarianos como o da Venezuela, qualquer empresário com a cabeça no lugar pouco se dispõe a fazer uma verdadeira aventura num futuro incerto. O economista Maurício Canêdo Pinheiro, do Ibre, afirmou que as próprias contas públicas explicam essa moderação: “O BNDES tem que reduzir os ritmos dos empréstimos porque não há espaço fiscal”. Em fevereiro, a instituição teve que reduzir o número de empréstimos para poder dar prioridade a algumas áreas como a de infraestruturas e bens de capital.
O setor de infraestrutura depende fundamentalmente do governo, mas o de bens de capital depende da esperança de melhora no ambiente econômico do país. Com todos esses problemas, não podemos afirmar com certeza o que será da economia brasileira depois das eleições. Com os previstos aumentos de preços da gasolina e da energia elétrica em valores bem superiores ao que estamos acostumados, temos que ficar esperando o que poderá acontecer. Que Deus – que é brasileiro como dizem – ajude o Brasil a sair de suas encrencas.
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