Gracie Santos
Estado de Minas: 22/07/2014
A cinebiografia Não pare na pista - A melhor história de Paulo Coelho, de Daniel Augusto, com o ator Júlio Andrade, abre o festival hoje |
A sexta edição do Paulínia Film Festival, que começa hoje, não representa somente o retorno à mostra competitiva depois da “pausa” provocada por questões políticas evolvendo a realização do evento – interrompido em 2011, no ano passado teve edição “simbólica” homenageando os que haviam sido premiados nas mostras anteriores. A retomada do festival, com cerimônia de abertura a partir das 19h, no Theatro Municipal Paulo Gracindo, marca também a reabertura do polo cinematográfico brasileiro que reúne na cidade paulista seis estúdios (um de animação). Depois do evento que se encerra no dia 27, dois estúdios de 600 metros quadrados voltarão à atividade. Durante 30 dias, serão usados para locação da série de TV (com título provisório de Politicamente incorreto) estrelada pelo humorista Danilo Gentili.
“Se as filmagens começassem durante o festival seria ainda melhor, mas infelizmente acho que não haverá tempo hábil, apesar de eles já estarem com quase tudo pronto”, declara Mônica Trigo, secretária municipal de Cultura de Paulínia, que, ao lado do diretor do evento, Ivan Melo, anuncia para este ano a distribuição de R$ 800 mil em prêmios (para 20 categorias). A categoria de melhor filme dará R$ 300 mil ao vencedor. Já nos quesitos direção, curta-metragem e longa segundo o júri popular, o prêmio é de R$ 50 mil para cada categoria. Montante de recursos que certamente alimentou o surpreendente número de inscritos: 70 longas e 193 curtas. Pós-seleção, nove longas e oito curtas disputam troféus e premiação em dinheiro.
“Primeiro selecionei 14 longas, o que foi muito bom, pois dois deles não ficariam prontos a tempo”, contabiliza Rubens Ewald Filho, elogiando a qualidade dos inscritos. “Tive que deixar obras de fora”, lamenta, contando como trabalhou: “Assisti a tudo, parti do critério da diversidade com qualidade. Sou o curador, acima de mim estão a secretária e o diretor. Tivemos pouco tempo para a seleção e há questões técnicas, problemas por causa do ano complicado (eleitoral), que nos fazem seguir regras (três meses antes do pleito projetos envolvendo recursos públicos não são mais aprovados). Houve ainda a Copa do Mundo e também a falta de dinheiro, quase ninguém queria investir, sem falar nas questões políticas da cidade. Até que superássemos tudo, toda a burocracia... não foi fácil”, relata Rubens Ewald Filho.
O jornalista e crítico admite que o fato de ser também curador do Festival de Cinema de Gramado, que será realizado de 8 a 16 de agosto (o anúncio dos concorrentes foi feito no mesmo dia de Paulínia) acaba levando-o a pensar nos dois eventos em paralelo. Há, inclusive, um filme que consta nas duas relações, Sinfonia da necrópole (ficção, SP), de Juliana Rojas. “Paulínia tem um prêmio muito grande. Você não pode impedir alguém de ganhar R$ 300 mil”, afirma Rubens, comentando a duplicidade e contando que Marcos Santuário (que divide a curadoria de Gramado com ele) quis o filme também para o festival do Rio Grande do Sul. “A diretora (Juliana Rojas) é conhecida, foi premiada em Cannes com curta (ganhou uma menção especial do Prêmio Nikon por O duplo, em 2012 durante a Semana da Crítica). “Sinfonia da necrópole é um filme superatrevido, único no mundo, um musical que se passa num cemitério. As pessoas vão sair reclamando”, antecipa Rubens Ewald Filho.
CURTAS E LONGAS Os outros filmes em competição são A história da eternidade, de Camilo Cavalcante (ficção, PE); Aprendi a jogar com você, de Murilo Salles (documentário, RJ); Boa sorte, de Carolina Jabor (ficção, RJ); Casa grande, de Fellipe Barbosa (ficção, RJ); Castanha, de David Pretto (ficção, RS); Infância, de Domingos Oliveira (ficção, RJ); Neblina, de Fernanda Machado e Daniel Pátaro (documentário, SP/Paulínia); e Sangue azul, de Lírio Ferreira (ficção, PE).
Na mostra competitiva de curtas estão De bom tamanho, de Alex Vidigal (ficção, DF); Edifício Tatuapé Mahal, de Carolina Markowicz e Fernanda Salloum (animação, SP); Jessy, de Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge (documentário, BA); 190, de Germano Pereira (ficção, SP); O clube, de Allan Ribeiro (ficção, RJ); O bom comportamento, de Eva Randolph (ficção, RJ); O menino que sabia voar, de Douglas Alves Ferreira (animação, SP); e Recordação, de Marcelo Galvão (ficção, SP).
HOMENAGENS Mônica Trigo destaca a homenagem do festival, hoje, às 19h, à Imovision, “distribuidora que está há 25 anos no Brasil, que já colocou mais de 3 mil filmes no mercado nacional”. Distribuiu obras superconsagradas nacionais e internacionais, filmes premiados em Berlim, Cannes, Veneza, lançou obras do Dogma 95 do cinema iraniano, francês, e filmes como Cinema, aspirinas e urubus, Baixio das bestas, Febre do rato e Taguagem. Os títulos internacionais que comemoram os 25 anos da distribuidora e que farão avant première brasileira no evento são: O samba, de Georges Gachot; As férias do pequeno Nicolau, de Laurent Tirard; A pedra da paciência, de AtiqRahimi; Paraíso, de Mariana Chenillo; Geronimo, de Tony Gatlif, e O casamento de May, de Cherien Dabis.
Já a homenagem a Cacá Diegues (no dia 27) vem para coroar o fato de ele ser sempre inovador. “De todos os diretores do cinema novo, foi quem teve carreira mais longa, diversificada e bem-sucedida”, afirma a secretária.
Saiba mais
Estreias e tapete vermelho
A cerimônia de abertura do 6º Paulínia Film Festival, hoje, às 19h, terá a exibição Hors-concours da cinebiografia de Paulo Coelho, dirigida por Daniel Augusto, com presença do diretor e do ator Julio Andrade, protagonista do longa-metragem Não pare na pista – A melhor história de Paulo Coelho. No encerramento, será exibido Bem-vindo a Nova York, de Abel Ferrara. Pelo tapete vermelho passarão, além dos diretores e ator citados, Jacqueline Bisset (Bem- vindo a Nova York), Georges Gachot (O samba), Martinho da Vila (O samba), Toni Gatlif (Geronimo), Irandhir Santos (A história da eternidade), Cherien Dabis (O casamento de May) e Fernanda Montenegro (Infância), entre outros.
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