Imunização das meninas contra o HPV
Bruno Ferrari
Oncologista e presidente do conselho administrativo da Oncoclínicas do Brasil
Estado de Minas: 08/07/2014
O Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer gratuitamente desde março a vacina quadrivalente contra o papilomavírus humano, o HPV, nos postos de todo o país. A proposta do governo federal é que sejam imunizadas meninas com idades entre 11 e 13 anos por meio de três doses, sendo que a segunda começa a ser distribuída em setembro. De acordo com o Ministério da Saúde, em três meses de campanha, mais de 4 milhões de meninas já receberam a primeira dose da imunização, número que representa cerca de 83% do público-alvo total, formado por 5 milhões de adolescentes.
Esse vírus, que conta com cerca de 100 subtipos, é transmitido por relações sexuais e tem, entre seus representantes, alguns dos principais agentes causadores do câncer de colo de útero, também conhecido como câncer cervical. Vale lembrar que a doença é a terceira principal causa de óbitos por câncer feminino no mundo, atrás apenas do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), só em 2013, foram registrados 4 mil óbitos de brasileiras pela doença. Para 2014, a estimativa de novos diagnósticos é de 15,5 mil.
A vacina, que tem o nome de quadrivalente porque pretende imunizar contra quatro dos mais agressivos subtipos do HPV, pode reduzir consideravelmente os registros de câncer de colo do útero no Brasil. A gratuidade da imunização é importante. A vacina já existe em serviços particulares de saúde brasileiros e custa até R$ 800. Conforme orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), a primeira e a segunda doses devem ser espaçadas por um mês, e a terceira aplicada depois de seis meses.
O público-alvo da campanha, pelo menos em teoria, não tem vida sexual ativa e, por isso, não está contaminado pelos tipos do vírus abrangidos pela vacina, o que garante a imunização. O resultado da imunização massiva, que pretende atingir pelo menos 80% das 3,3 milhões de brasileiras incluídas na faixa etária definida pelo governo, será visto com o tempo. A expectativa é que, à medida que as meninas cresçam e se tornem sexualmente ativas, estejam protegidas contra as formas mais perigosas do HPV.
É importante ressaltar, contudo, que isso não elimina a necessidade de que se mantenham as principais medidas preventivas contra a doença. É o caso do uso dos preservativos, bastante eficazes para evitar a contaminação, e da realização frequente do exame Papanicolau, pelo menos uma vez ao ano nas mulheres que têm atividade sexual. O procedimento é simples e consiste na visualização da parede do colo do útero e na coleta por raspagem para análise no microscópio de células da região. Com o resultado, podem-se iniciar tratamentos precoces e as chances de cura aumentam.
Também é bom destacar que o HPV é um vírus relativamente comum e que um percentual importante das mulheres, em algum momento da vida, tem contato com um ou mais dos subtipos desse organismo, mas boa parte delas desenvolve imunidade contra ele, naturalmente. No mais, vamos aguardar para que a imunização precoce da população feminina faça-nos comemorar e dentro de alguns anos tenhamos uma sensível redução nos números do câncer cervical. Embora a ação seja importante na luta contra o segundo câncer que mais mata mulheres no país, a vacina não deve dar a sensação de proteção total e ser tomada como único método de prevenção.
Bruno Ferrari
Oncologista e presidente do conselho administrativo da Oncoclínicas do Brasil
Estado de Minas: 08/07/2014
O Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer gratuitamente desde março a vacina quadrivalente contra o papilomavírus humano, o HPV, nos postos de todo o país. A proposta do governo federal é que sejam imunizadas meninas com idades entre 11 e 13 anos por meio de três doses, sendo que a segunda começa a ser distribuída em setembro. De acordo com o Ministério da Saúde, em três meses de campanha, mais de 4 milhões de meninas já receberam a primeira dose da imunização, número que representa cerca de 83% do público-alvo total, formado por 5 milhões de adolescentes.
Esse vírus, que conta com cerca de 100 subtipos, é transmitido por relações sexuais e tem, entre seus representantes, alguns dos principais agentes causadores do câncer de colo de útero, também conhecido como câncer cervical. Vale lembrar que a doença é a terceira principal causa de óbitos por câncer feminino no mundo, atrás apenas do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), só em 2013, foram registrados 4 mil óbitos de brasileiras pela doença. Para 2014, a estimativa de novos diagnósticos é de 15,5 mil.
A vacina, que tem o nome de quadrivalente porque pretende imunizar contra quatro dos mais agressivos subtipos do HPV, pode reduzir consideravelmente os registros de câncer de colo do útero no Brasil. A gratuidade da imunização é importante. A vacina já existe em serviços particulares de saúde brasileiros e custa até R$ 800. Conforme orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), a primeira e a segunda doses devem ser espaçadas por um mês, e a terceira aplicada depois de seis meses.
O público-alvo da campanha, pelo menos em teoria, não tem vida sexual ativa e, por isso, não está contaminado pelos tipos do vírus abrangidos pela vacina, o que garante a imunização. O resultado da imunização massiva, que pretende atingir pelo menos 80% das 3,3 milhões de brasileiras incluídas na faixa etária definida pelo governo, será visto com o tempo. A expectativa é que, à medida que as meninas cresçam e se tornem sexualmente ativas, estejam protegidas contra as formas mais perigosas do HPV.
É importante ressaltar, contudo, que isso não elimina a necessidade de que se mantenham as principais medidas preventivas contra a doença. É o caso do uso dos preservativos, bastante eficazes para evitar a contaminação, e da realização frequente do exame Papanicolau, pelo menos uma vez ao ano nas mulheres que têm atividade sexual. O procedimento é simples e consiste na visualização da parede do colo do útero e na coleta por raspagem para análise no microscópio de células da região. Com o resultado, podem-se iniciar tratamentos precoces e as chances de cura aumentam.
Também é bom destacar que o HPV é um vírus relativamente comum e que um percentual importante das mulheres, em algum momento da vida, tem contato com um ou mais dos subtipos desse organismo, mas boa parte delas desenvolve imunidade contra ele, naturalmente. No mais, vamos aguardar para que a imunização precoce da população feminina faça-nos comemorar e dentro de alguns anos tenhamos uma sensível redução nos números do câncer cervical. Embora a ação seja importante na luta contra o segundo câncer que mais mata mulheres no país, a vacina não deve dar a sensação de proteção total e ser tomada como único método de prevenção.
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