Tratando a dor
Apesar de todo o avanço da medicina e muitos estudos em andamento, em termos de analgésicos, estamos ainda na era hipocrática
Paulo Timóteo Fonseca
Médico
Estado de Minas: 26/07/2014
A dor é o principal
sintoma que leva alguém a procurar ajuda médica. Os médicos são
familiarizados com a dor, pois ela representa um sinal de advertência,
de ameaça ou denunciando uma injúria ao corpo já instalada. De acordo
com a Cecil Medicine (24ª edição), nos EUA, uma em cada quatro pessoas
sofreu alguma espécie de dor nos 30 dias anteriores e 10% sentiram dor
todos os dias. Entre os vários tipos, a dor lombar baixa ou lombalgia é a
mais comum, seguida da cefaleia e das artralgias (dores nas
articulações). De acordo com a Associação Internacional para Estudo da
Dor, ela é definida como “uma sensação não prazerosa e experiência
emocional associada com atual ou potencial dano tecidual ou descrita em
termos de cada lesão”.
A dor é uma experiência complexa, que pode ser influenciada por múltiplos fatores e emoções como medo, ansiedade, memória e cognição. Não há qualquer exame que possa indicar a sua intensidade ou mesmo se ela é verdadeira. Há estudos promissores de imagem que refletem o metabolismo cerebral.Várias classificações são propostas para descrever os estados dolorosos, mas de uma maneira simplificada podemos dividi-las em aguda ou crônica, neuropática (periférica ou central) ou nociceptiva (somática, visceral ou mista).
A dor é o resultado da ativação de receptores centrais e periféricos por um estimulo mecânico, térmico ou hormonal. O ácido araquidônico da membrana celular pela ação de enzimas cyclooxigenases é convertido em hormônios oxigenados (prostaglandina, tromboxane, leucotriene, lipoxin e epoxylin). Os analgésicos atuam inibindo essas reações.
Os analgésicos são divididos em três grandes grupos, a saber: 1– Não opioides ou antipiréticos analgésicos (aspirina, paracetamol e anti-inflamatórios não esteróides (Aine) como ibuprofeno, naproxeno, diclofenaco, nimesulida, celecoxibe), que têm ação periférica e central pela inibição de enzimas. 2– Agonistas opioides e drogas antagonistas, que agem sobre receptores opioides periféricos ou centrais como a morfina, oxycodone, codeína, meperidina, fentanila e metadona, entre outros. 3– Drogas adjuvantes que atuam em certas circunstâncias ou potencializam opioides (antidepressivos como a amitriptilina e venlafaxina, anticonvulsivantes como a fenitoína, carbamazepina e gabapentina, estimulantes como a cafeína, corticoides como dexametasona e predinisona, anti-histamínicos como hydroxysine, entre outras).
No tratamento da dor, os casos mais difíceis são conduzidos por especialistas, mas na prática médica do dia a dia não há aquele médico que não receite analgésico. O objetivo do tratamento é diagnosticar a causa da dor e minimizar o sofrimento. Quando possível, a cura da doença implica na cessação da dor. Ainda hoje, a aspirina é o medicamento mais utilizado em todo mundo no alívio da dor. A seguir, temos os anti-inflamatórios não esteroides e os analgésicos antipiréticos como o paracetamol e o acetaminofen.
Os analgésicos utilizados nos nossos dias são tão antigos quanto a medicina e resultam de extrações vegetais. Hipocrates, médico grego, no século IV a.C., já utilizava o pó amargo extraído da casca do salgueiro (Salix alba), fonte natural da salicina, precursora da aspirina, para tratar a dor e a febre. Também empregava o ópio extraído dos frutos da papoula (gênero Papaver), cujos principais alcaloides são a morfina e a codeína e acredita-se que as propriedades analgésicas eram desconhecidas, mas o utilizavam como narcótico.
Muitos devem estar se perguntando: e a dipirona, princípio ativo das mais vendidas marcas de analgésicos brasileiros? Na fonte citada acima, essa droga não recebeu sequer menção, por estar banida das farmácias nos EUA e parte da Europa pelo risco de discrasia sanguínea, embora esteja mostrado que esse efeito colateral seja raro. Apesar de todo o avanço da medicina e muitos estudos em andamento, em termos de analgésicos, estamos ainda na era hipocrática.
A dor é uma experiência complexa, que pode ser influenciada por múltiplos fatores e emoções como medo, ansiedade, memória e cognição. Não há qualquer exame que possa indicar a sua intensidade ou mesmo se ela é verdadeira. Há estudos promissores de imagem que refletem o metabolismo cerebral.Várias classificações são propostas para descrever os estados dolorosos, mas de uma maneira simplificada podemos dividi-las em aguda ou crônica, neuropática (periférica ou central) ou nociceptiva (somática, visceral ou mista).
A dor é o resultado da ativação de receptores centrais e periféricos por um estimulo mecânico, térmico ou hormonal. O ácido araquidônico da membrana celular pela ação de enzimas cyclooxigenases é convertido em hormônios oxigenados (prostaglandina, tromboxane, leucotriene, lipoxin e epoxylin). Os analgésicos atuam inibindo essas reações.
Os analgésicos são divididos em três grandes grupos, a saber: 1– Não opioides ou antipiréticos analgésicos (aspirina, paracetamol e anti-inflamatórios não esteróides (Aine) como ibuprofeno, naproxeno, diclofenaco, nimesulida, celecoxibe), que têm ação periférica e central pela inibição de enzimas. 2– Agonistas opioides e drogas antagonistas, que agem sobre receptores opioides periféricos ou centrais como a morfina, oxycodone, codeína, meperidina, fentanila e metadona, entre outros. 3– Drogas adjuvantes que atuam em certas circunstâncias ou potencializam opioides (antidepressivos como a amitriptilina e venlafaxina, anticonvulsivantes como a fenitoína, carbamazepina e gabapentina, estimulantes como a cafeína, corticoides como dexametasona e predinisona, anti-histamínicos como hydroxysine, entre outras).
No tratamento da dor, os casos mais difíceis são conduzidos por especialistas, mas na prática médica do dia a dia não há aquele médico que não receite analgésico. O objetivo do tratamento é diagnosticar a causa da dor e minimizar o sofrimento. Quando possível, a cura da doença implica na cessação da dor. Ainda hoje, a aspirina é o medicamento mais utilizado em todo mundo no alívio da dor. A seguir, temos os anti-inflamatórios não esteroides e os analgésicos antipiréticos como o paracetamol e o acetaminofen.
Os analgésicos utilizados nos nossos dias são tão antigos quanto a medicina e resultam de extrações vegetais. Hipocrates, médico grego, no século IV a.C., já utilizava o pó amargo extraído da casca do salgueiro (Salix alba), fonte natural da salicina, precursora da aspirina, para tratar a dor e a febre. Também empregava o ópio extraído dos frutos da papoula (gênero Papaver), cujos principais alcaloides são a morfina e a codeína e acredita-se que as propriedades analgésicas eram desconhecidas, mas o utilizavam como narcótico.
Muitos devem estar se perguntando: e a dipirona, princípio ativo das mais vendidas marcas de analgésicos brasileiros? Na fonte citada acima, essa droga não recebeu sequer menção, por estar banida das farmácias nos EUA e parte da Europa pelo risco de discrasia sanguínea, embora esteja mostrado que esse efeito colateral seja raro. Apesar de todo o avanço da medicina e muitos estudos em andamento, em termos de analgésicos, estamos ainda na era hipocrática.
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