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De olho nos voos futuros
Associação Brasileira de Empresas Aéreas encaminha carta
à candidatos á Presidência que visa minimizar problemas
Pedro Rocha Franco* e Rodolfo Costa
Estado de Minas: 07/08/2014
Rio de Janeiro –
Depois de uma década de crescimento vertiginoso do número de
passageiros, o que acarretou em uma expansão desordenada em uma
infraestrutura muito aquém da ideal, o setor aéreo pede ajudar para
planejar a expansão prevista para os próximos anos. Um documento
elaborado pela Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), que
reúne as quatro principais companhias nacionais (TAM, GOL, Avianca e
Azul), endereçado aos candidatos à Presidência da República aponta os
principais pleitos conjuntos para que o setor suporte a demanda
prevista.
A carta intitulada Agenda 2020 será entregue aos
presidênciais com seis tópicos principais que representam a principal
demanda do setor. Ontem, o ministro da Secretaria de Aviação Civil da
Presidência da República, Moreira Franco, recebeu o documento do
presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, acompanhado dos dirigentes das
companhias aéreas – José Efromovich, da Avianca; Antonoaldo Neves, da
Azul; Paulo Sérgio Kakinoff, da GOL; e Claudia Sender, da Tam –, em um
evento realizado no Rio de Janeiro em parceria com a Coppe-UFRJ. A lista
inclui a revisão da precificação do combustível aeronáutico; melhoria
da infraestrutura de aeroportos e do espaço aéreo e a necessidade de
fomentar a formação e especialização da mão de obra.
O principal
pleito, no entanto, refere-se ao custo do querosene de aviação, que,
segundo as empresas, é o principal responsável pelo custo elevado das
operações em todo o país. Nas operações, em alguns estados, o
combustível representa até 44% do custo operacional, segundo a Abear.
Fato é que a questão extrapola o panorama federal, sendo necessário
repensar a política de ICMS, tendo em vista que o imposto estadual é um
dos problemas relacionados ao querosene.
Hoje, a alíquota varia
de 4% a 25%, sendo considerado ideal 6% para todos os estados. E a
associação citou o exemplo do Distrito Federal, que, ao reduzir a
alíquota do ICMS, conseguiu manter a arrecadação com o tributo tendo
atraído 126 novos voos. A desoneração de PIS-Cofins é outro pedido. “Na
medida que a aviação atendia mais passageiros na última década foi
cortando todos os custos. Hoje não há mais itens para serem cortados”,
argumenta Sanovicz, ressaltando que na última década o preço do bilhete
caiu pela metade.
Em concordância com a carta apresentada pelas
companhias, o ministro Moreira Franco admitiu que a questão do
combustível é um problema a ser enfrentado pelo governo federal, mas
disse que deverá ser tratado pelo próximo presidente. “É preciso
discutir a composição de preços do combustível de aviação adotada pela
Petrobras para que tenha como referência os valores adotados no mercado
internacional”, afirma.
NO LIMITE A questão da infraestrutura
aeroportuária (pista de pouso, pátio de aeronaves e terminal de
passageiros) é outro fator a ser considerado, segundo a Abear. Números
do setor indicam que 35% dos aeroportos da América Latina funcionam
acima do limite operacional. É o caso de Confins, que, sem a conclusão
da reforma, já atingiu o patamar máximo, impedindo acréscimo de novas
operações.
A Abear defende a radicalização das concessões dos
aeroportos, extrapolando a concessão de Confins, Galeão, Guarulhos,
Brasília e Viracopos. Na avaliação de Sanovicz, a saída para a entrada
da iniciativa privada em terminais urbanos, onde é restrito o
investimento para ampliação dos aeroportos (Pampulha, Congonhas, Santos
Dumont, Recife etc), seria a adoção da menor tarifa como quesito para a
concessão, em vez de maior outorga, como se deu com os demais.
Os
estudos da associação projetam que, até 2020, 211 milhões de
passageiros serão transportados anualmente por 167 cidades. Com isso,
mais 100 milhões de passageiros serão incorporadas ao fluxo nacional,
quase dobrando o número de usuários. O avanço força as empresas a dobrar
a frota de aeronaves, de 500 para 1 mil aviões, além de criar 660 mil
empregos diretos e indiretos.
* O jornalista viajou à convite da Abear
Terceirizados deixam passageiros no chão
Brasília
–O atual momento dos maiores aeroportos do país, com grande movimento e
alvo de pesados investimentos públicos e privados, não tem impedido
graves falhas administrativas. Ontem, por exemplo, os terminais de
Brasília e Curitiba foram palco de transtornos gerados por
terceirizados. Na capital do país, um grupo de caminhoneiros,
responsável por retirar entulhos das obras, ameaçou obstruir o
abastecimento de aeronaves. No Paraná, por sua vez, faltaram
funcionários terceirizados nas esteiras e no raio-X, o que atrasou em 40
minutos a saída dos passageiros.
Após o protesto por falta de
pagamento, a RM Transporte, prestadora de serviços do Aeroporto
Juscelino Kubitschek, frustrou os empregados e as empresas parceiras,
sumindo com os R$ 100 mil que recebeu da concessionária Inframérica.
Situações como essa, envolvendo terceirizadas e serviços públicos, têm
sido comuns, sobretudo na Esplanada dos Ministérios. O protesto
organizado por cerca de 20 pessoas, donos de caminhões e motoristas,
fechou com 12 veículos as duas vias de acesso à Base Aérea por volta das
8h. A obstrução total durou 15 minutos, mas o ato se estendeu até as
10h.
Para limpar o canteiro de obras no JK, a Helvix, empresa
contratada pela Inframérica para cuidar da reforma e ampliação do
terminal, recorreu à RM Transporte, que, por sua vez, mobilizou 35
caminhões de terceiros. Um dos responsáveis pelas operações, o
empresário Elioni Menezes da Silva, não escondeu a insatisfação com o
descaso. Dono de três veículos, atendeu a terceirizada de 20 de março a
13 de maio, mas só recebeu até abril. O valor devido de maio, R$ 30 mil,
está pendente. A Helvix esclareceu que está em contato direto com a
contratada para sanar todas pendências nos próximos dias. A Inframérica
comunicou que acompanha a negociação entre o consórcio construtor e a
transportadora de materiais, ressaltando não ter havido problemas nas
operações no terminal em virtude do protesto.
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