Sei que a torcida não queria Dunga, mas é
com ele que tentaremos resgatar nosso futebol. Não conseguiu isso entre
2006 e 2010, mas quem sabe tenha aprendido e mostre algo de novo?
Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 03/09/2014
Miami – Tivemos
ontem a primeira janela de entrevistas no hotel da Seleção Brasileira.
Velhas caras, como Robinho e Ramires. Outras pouco conhecidas, como
Ricardo Goulart. Alguns fazendo sucesso na Europa, como Philippe
Coutinho e Miranda, que, aliás, poderiam ter feito parte do grupo que
fracassou na Copa do Mundo, depois de grande temporada nos seus clubes.
Para o técnico anterior, porém, Seleção não era momento, e sim família, e
como ela ruiu, ficou desmoralizado. Aliás, companheiros da imprensa
colombiana me perguntam o que teria ocorrido na derrota para a Alemanha.
Franco, respondi que o problema não foi naquele jogo, mas na Copa
inteira. Não há como fugir das perguntas, algumas feitas com certa
maldade e sorriso debochado de coleguinhas. Faz parte do jogo. Quem
mandou termos Seleção tão ruim como a do Felipão? Vamos pagar esse preço
por muito tempo.
A entrevista foi organizada. Hoje, tudo está
centralizado pelo coordenador Gilmar Rinaldi, que determina a Luiz
Augusto Nunes e Vinícius Rodrigues o que e como deve ser feito. Ainda há
dúvidas sobre a marcação de entrevistas etc. Mas nada como
anteriormente, quando globais tinham mordomias, principalmente atores,
que até treino paravam na Granja Comary. Um passado recente que Dunga e
Gilmar não querem ver repetido.
Dei de cara com Dunga na noite de
segunda-feira, na porta do elevador. Disse a ele que da minha parte
estava tudo zerado, sem ressentimento. Com sorriso discreto, o técnico
me apertou a mão e balançou a cabeça concordando. Ao nos reencontrarmos
ontem, no elevador, nos demos bom-dia e ainda brinquei que há tempos não
via Taffarel e a barba do antigo goleiro estava branca. O treinador riu
e desceu no quinto andar para tomar café com o grupo. Torço sempre pelo
Brasil e, se Dunga der padrão de jogo ao time, escalar os melhores e
modernizar e resgatar o futebol brasileiro, eu elogiarei. Do contrário,
criticarei, mas sempre o profissional. Se ele admitiu publicamente que
precisava mudar a postura com a imprensa, não custa mudarmos também.
Dito
isso, ontem à tarde começou efetivamente a nova era Dunga na Seleção.
Gostei de nomes como Miranda, para mim, bem superior a David Luiz, de
Philippe Coutinho, Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart. Também gostei de
rever Robinho, que no Brasil joga muito, mas na Europa não foi o que se
esperava. Com seu ótimo astral, ele garantiu não estar preocupado com
2018. Para o atacante, o grupo é forte, mas terá de conviver com o
fracasso do Mundial de 2014 e superá-lo. Ele diz que sua maior motivação
na volta é nunca ter sido campeão mundial.
Teremos de conviver
permanentemente com o fantasma dos 7 a 1. Sei que a torcida não queria
Dunga, mas é com ele que tentaremos resgatar nosso futebol. Não
conseguiu isso entre 2006 e 2010, mas quem sabe tenha aprendido e mostre
algo de novo? Acho que não foi boa escolha a Colômbia, de James
Rodríguez e novamente com Falcao García, para primeiro adversário. Se
não formos testados contra times de qualidade, porém, nunca saberemos em
que estágio estamos.
A propósito, será fantástico, menos de dois
meses depois da final da Copa, ver Alemanha e Argentina se enfrentando
novamente. São esses grandes jogos que movem o futebol e nos encantam.
Veterano
Ricardo
Goulart parecia um veterano, dando entrevistas. Ele se portou bem, se
saiu melhor ainda nas respostas e parecia estar em casa.
Philippe Coutinho
No
momento em que Éverton Ribeiro e Paulo Henrique Ganso estão jogando o
fino no Brasil, o armador do Liverpool também ganha chance na Seleção.
Para quem não tinha um camisa 10 há dois meses, saber que dois dos
melhores estão aqui é bom sinal.
Miranda
Apontado
por muitos como injustiçado ao ficar de fora do Mundial, ele elogiou
Dunga, que comparou a seu técnico no Atlético de Madrid: o argentino
Diego Simeone.
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