De onde eu sou?
Carlos Herculano Lopes
carloslopes.mg@diariosassociados.com.br
Não é sempre que
ocorre, mas, às vezes, aquela moça que aqui vamos chamar de Guete
costuma se entregar a alguns devaneios. E enquanto o sonho não chega,
fica pensando de onde mesmo ela é, e isso costuma incomodar. Já há
alguns anos, desde que chegou a Belo Horizonte, da qual nunca mais saiu,
vem se questionando a respeito disso. Ama muito essa cidade, que
generosamente abriu as portas para ela: aqui conseguiu se formar em
direito, curso pelo qual batalhou muito. Trabalha na área, o que não
ocorreu com alguns colegas. Muitos dos seus melhores amigos, com os
quais pode contar, foram feitos aqui, onde também vive seu irmão, com
quem tem ótimo convívio. Entre eles não existem segredos.
Por que então, como às vezes costuma ocorrer, ela fica se perguntando de onde é, se BH lhe deu tudo que tem? É aí, então, sem que tenha domínio, que Santa Maria de Itabira, onde passou a infância, volta com força à sua memória e ela se vê menina, de pés descalços, andando pelas ruas empoeiradas da cidade. Ou então jogando peteca com as amigas ou atirando pedrinhas no Rio Tanque, em frente do qual costumava passar as tardes, até sua mãe chegar na janela e dizer que estava na hora de tomar banho.
Mas em seguida, naqueles seus devaneios, que costumam entrar noite adentro, Guete já não está mais em Belo Horizonte, nem em Santa Maria de Itabira, mas em Nova Era, para onde ainda na adolescência, se mudou com os pais, que ali compraram uma fazenda. E aquela cidade, que tanto marcou sua vida, surge inteira à sua frente, como se fosse um filme colorido, ao qual não se cansa de assistir. “Acho que é de lá que sou”, Guete pensa, acalma-se um pouco, e logo cai no sono.
Dura pouco essa certeza, pois daí a alguns dias, por ter deixado Santa Maria de Itabira em segundo plano, ela começa a se sentir culpada, muito culpada. Para se redimir, começa a olhar, como já fez mil vezes, o álbum de infância, tomado inteiro pela cidade. “Acho que é de lá que sou; meu umbigo está enterrado ali naquelas terras, e não dá para negar”, se diz Guete, com a maior clareza deste mundo.
Mas também essa convicção, quando ela acha que está tudo resolvido, se esvai de repente, quando Nova Era, outra vez, torna a dominar seus pensamentos. “O que faço, meu Deus?”, pensa a moça, que um dia, ao comentar com o irmão, com quem não tem segredos, ouviu dele o seguinte: “Liga não, querida, a gente pertence ao mundo...”. “Será mesmo?”, se questiona Guete, que, Santa Maria e Nova Era à parte, tem a convicção de que Belo Horizonte, para todo o sempre, também está em seu coração.
Por que então, como às vezes costuma ocorrer, ela fica se perguntando de onde é, se BH lhe deu tudo que tem? É aí, então, sem que tenha domínio, que Santa Maria de Itabira, onde passou a infância, volta com força à sua memória e ela se vê menina, de pés descalços, andando pelas ruas empoeiradas da cidade. Ou então jogando peteca com as amigas ou atirando pedrinhas no Rio Tanque, em frente do qual costumava passar as tardes, até sua mãe chegar na janela e dizer que estava na hora de tomar banho.
Mas em seguida, naqueles seus devaneios, que costumam entrar noite adentro, Guete já não está mais em Belo Horizonte, nem em Santa Maria de Itabira, mas em Nova Era, para onde ainda na adolescência, se mudou com os pais, que ali compraram uma fazenda. E aquela cidade, que tanto marcou sua vida, surge inteira à sua frente, como se fosse um filme colorido, ao qual não se cansa de assistir. “Acho que é de lá que sou”, Guete pensa, acalma-se um pouco, e logo cai no sono.
Dura pouco essa certeza, pois daí a alguns dias, por ter deixado Santa Maria de Itabira em segundo plano, ela começa a se sentir culpada, muito culpada. Para se redimir, começa a olhar, como já fez mil vezes, o álbum de infância, tomado inteiro pela cidade. “Acho que é de lá que sou; meu umbigo está enterrado ali naquelas terras, e não dá para negar”, se diz Guete, com a maior clareza deste mundo.
Mas também essa convicção, quando ela acha que está tudo resolvido, se esvai de repente, quando Nova Era, outra vez, torna a dominar seus pensamentos. “O que faço, meu Deus?”, pensa a moça, que um dia, ao comentar com o irmão, com quem não tem segredos, ouviu dele o seguinte: “Liga não, querida, a gente pertence ao mundo...”. “Será mesmo?”, se questiona Guete, que, Santa Maria e Nova Era à parte, tem a convicção de que Belo Horizonte, para todo o sempre, também está em seu coração.
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