Em seu novo
romance, Flores artificiais, o escritor mineiro Luiz Ruffato propõe um
jogo entre ficção e realidade. Lançamento em Belo Horizonte será hoje,
no Palácio das Artes
Ana Clara Brant
Estado de Minas: 02/09/2014Luiz Ruffato vai se lançar na literatura infantil e prepara ainda uma coletânea de crônicas |
Flores artificiais é o primeiro livro do escritor mineiro Luiz Ruffato em que seus personagens são todos estrangeiros. Lançado em junho pela Companhia das Letras, o romance traz temas recorrentes na obra do autor nascido em Cataguases, na Zona da Mata, como o desterro, o não pertencimento e o migrante, mas desta vez abordados em encontros em terras alheias. “Ninguém é brasileiro e todos eles estão deslocados no espaço; nunca estão no país de origem. Temos, por exemplo, um português no Timor-Leste, um argentino no Líbano”, cita.
Ruffato estará hoje à noite no projeto Sempre um papo, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, onde vai debater os temas do livro. Este encontro com o público é algo sempre profícuo em sua opinião, porque cria a oportunidade de ter um contato mais próximo com o leitor. “É um formato muito comum na Europa e, no Brasil, cada vez mais isso vem acontecendo. Não apenas lançar o livro, ter noite de autógrafos e ponto. Acho muito interessante ter essa troca de ideias, essa interação”, comenta.
Chaves Em Flores artificiais, Ruffato recebe em sua casa a correspondência de um desconhecido. Trata-se de um manuscrito, Viagens à terra, uma compilação de memórias que Dório Finetto, um funcionário graduado do Banco Mundial, redigiu a partir de suas muitas viagens de trabalho. Como consultor de projetos na área de infraestrutura, Finetto percorreu meio mundo numa sucessão de simpósios, reuniões e congressos. A mente de engenheiro, no entanto, esconde um observador arguto e sensível, uma dessas pessoas capazes de se misturar com naturalidade a um grupo de desconhecidos.
Partindo de um esqueleto ficcional, Ruffato – o autor, e não o personagem do próprio livro – irá embaralhar as fronteiras entre ficção e realidade, sem jamais perder de vista a força literária que é a grande marca de sua obra. “Recebo o livro do Dório, que, literariamente é meu parente, e aí reescrevo todas as histórias que ele colheu ao longo de suas viagens e as publico. Até o próprio título, Flores artificiais, é a grande chave da leitura, ou seja, é a partir daí que o leitor entra ou não na história”, sugere o escritor, que volta a Belo Horizonte em novembro para participar da Bienal do Livro, e, em seguida, parte para sua terra natal para lançar por lá o novo livro.
Durante o evento literário em BH no fim do ano, Ruffato vai aproveitar para apresentar uma novidade: sua estreia como autor infantil, com A história verdadeira do sapo Luiz, ilustrado por Ionit Zilberman. “É uma espécie de autobiografia”, conta o escritor. “Eu tinha um texto que era uma fábula, mas não havia um público específico e a editora acabou gostando. Queria mostrar que não é preciso ser necessariamente um príncipe para ser um príncipe”, filosofa.
Outra publicação que está chegando ao mercado é Minha primeira vez, obra que reúne crônicas publicadas semanalmente desde dezembro na edição ‘‘Brasil’’ do jornal espanhol El País. “Esta experiência tem sido bem intensa e eu achava que era mais fácil escrever uma crônica semanal, mas elas exigem uma dedicação muito grande. Elas sempre têm um tom meio reflexivo; de propor uma reflexão para o leitor. Estes textos têm duas correntes claras; ou político, mesmo no sentido mais amplo, ou mais lírico e literário. Mas tem sido bem interessante”, conclui.
FLORES ARTIFICIAiS
Lançamento de livro e debate com o autor, Luiz Ruffato, hoje, às 19h30, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada gratuita. Informações: (31) 3261-1501
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