TIRO E QUEDA »
Maldade
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 30/10/2014Obrou muito mal o vereador Paulo Adriano Telhada (PSDB-SP), o coronel Telhada, quando acusou o senador Eduardo Matarazzo Suplicy (PT-SP) de ter orientado uma jovem a acusar falsamente de estupro 14 policiais da Rota paulista. Matarazzo Suplicy disse que as acusações do coronel foram “irresponsáveis”.
Realmente, qualquer coisa que se diga do ex-marido da ministra da Cultura é irresponsabilidade e malvadeza, considerando que o referido senador é inimputável, um bobo que só consegue ser votado porque se candidata num país mais bobo que ele. Que se pode esperar de um senador da República que se deixa cavalgar por um candidato ao governo de São Paulo? Isso mesmo que deu para entender: deixou-se cavalgar, transportou o candidato Padilha às costas.
De outra feita, vestiu por cima da calça do terno azul-marinho uma calcinha feminina vermelha e se deixou fotografar. Merece piedade, coitado, como se não lhe bastasse a cruz de ser o pai do Supla.
Quebradeira
São tantos e tão assustadores os casos de falimentos de pessoas que conheço pessoalmente ou de ouvir falar, que passei a suspeitar dos quadros psi de aurumania. Freada de arrumação, como nos ônibus, para explicar que falimento é falência. Aprendi agora e tratei de usar, porque me amarro numa palavrinha aprendida, se bem que o substantivo falimento seja datado do século 13. Velho no idioma, novo para mim.
Dipsomania, sabemos todos, na rubrica psicopatologia é necessidade incontrolável de ingerir bebida alcoólica. Vem do antepositivo dips(o)- do grego dípsa,és “sede”, em que dipsose é sede incontrolável, dipsofobia é medo de beber e o negócio vai por aí. O dipsomaníaco tem a necessidade incontrolável de ingerir bebida alcoólica, assim como o aurumaníaco tem necessidade incontrolável de continuar ganhando dinheiro.
Não lhe basta uma fortuna suficiente para três ou quatro gerações; quer mais e mais, e nesta querença pode dar com os burros n’água. Creio desnecessário dizer que inventei aurumania a partir de ouro, aurum,i. Outro substantivo do século 13, ambição, forte desejo de poder ou riquezas, honras ou glórias, cobiça, cupidez, também se aplica aos que sempre desejam mais e mais. São raríssimos os muito ricos que se contentam com o que têm. E é nesta ambição desmedida que a porca torce o rabo, ou, como diria o guarda-costas de Cícero se falasse latim de carroceiro: ibidem porcina caudam torquet.
Rotina
Depois de muitos e muitos anos, certos procedimentos rotineiros como tomar banho e fazer a barba são chatíssimos. Presumo que os barbudos também se queixem do ramerrame de lavar suas barbas. O ramerrão diário toma tempo, que melhor seria aplicado noutras atividades desusadas. Agora, se me dão licença, vou tomar banho, fazer a barba e volto daqui a pouco, falou?
Voltei. Camisa limpa, calça no terceiro dia, chinelo de dedo, 40 minutos postos fora. E ainda não cortei as unhas das mãos, outra chatura de nove em nove dias. Você sabia que as unhas das mãos crescem cerca de 3mm por mês e as dos pés mais lentamente, numa taxa que varia de 1mm a 1,5mm por mês? Confesso que não sabia e fui ver no Google, site Mundo Estranho. Vejo no Houaiss que mm é símbolo de milímetro, que por sua vez é unidade de comprimento equivalente a um milésimo de metro.
O Livro dos Fatos, de Asimov, mais confiável que os sites da internet, tem qualquer coisa sobre o crescimento das unhas. Há 10 anos mandei digitar o livro para localizar no computador os fatos interessantes; hoje, cliquei unhas procurar, e só encontrei testemunhas. Mudei para unha procurar, mas encontrei propunha uma porção de vezes. O crescimento das unhas deve ter escapado ao brasileiro que ganhou os cobres digitando o livro.
Isto posto, vou cortar as lâminas duras, formadas de queratina, que me recobrem as últimas falanges dos dedos das mãos, agradecendo ao leitor pela atenção dispensada a este suelto ungueal.
O mundo é uma bola
Em 30 de outubro foi eleito o papa João VI no ano 701, e em 942 o papa Marino II, que pontificou durante quatro anos até morrer aos 46. Também foi conhecido como Marinho II, mais tarde considerado Martinho III, não me perguntem por quê. Em 1340, Batalha do Salado travada entre cristãos e mouros na província de Cádis, Sul da Espanha, unindo Afonso XI de Castela e Afonso IV de Portugal contra Yusef-Abul-Hagiag, de Granada, e Abul Hassan, de Marrocos.
Em 1431, foi assinado em Medina del Campo o tratado de paz entre Castela e Portugal, que põe fim ao conflito iniciado em 1383. Em 1501, dom Manuel I se casa com Maria de Aragão e Castela, ou Maria de Trastâmara y Trstâmara, de 18 aninhos, filha dos reis católicos Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão. Foi a segunda mulher de dom Manuel, o Venturoso. Não sendo portuguesa, não gritava “estou-me a vir”, mas teve uma porção de filhos. Hoje é o Dia da Decoração, do Balconista, do Comerciário, do Fisiculturista e do Ginecologista.
Ruminanças
“O divórcio entre a liberdade e a ordem produziu a catástrofe das liberdades humanas” (Juan Donoso Cortés, 1804-1869).
Nenhum comentário:
Postar um comentário