Regina Teixeira da Costa - reginacosta@uai.com.br
Estado de Minas: 16/11/2014
É tão comum
atualmente as pessoas se queixarem da falta de tempo, que, às vezes, me
pergunto, mesmo sabendo a resposta, se o tempo agora passa mais rápido
que antes. Todo mundo corre tanto e nem sempre chega a algum lugar. Às
vezes, a correria é mesmo para não chegar.
O tempo é um problema. Talvez o maior de todos, porque acaba com tudo e com a gente também. E pensar nisso é angustiante e insuportável, porém, tratando-se de alguma coisa inegável, é impossível nunca pensar sobre.
O mal-estar existencial que todo ser falante experimenta em algum grau deve-se justamente ao fato de a vida andar nos trilhos da morte. Nosso horizonte é finito.
Por onde quer que andemos neste mundo, o destino final está traçado, e é inegociável. Então, para continuar a vida, é preciso deixar de lado essa certeza, caso contrário, ficaríamos paralisados, pensando que, se é assim, para que tanta luta? A resposta não é difícil, para sobreviver e até lá não temos escolha: é uma luta. E se bem lutada vale a pena.
A questão da falta de tempo constante se deve aos excessos e a um estilo de vida que adotamos nos tempos da pós-modernidade. Para estarmos atualizados, precisamos lidar com muita informação, um excesso de estímulos constantes e uma demanda que nos pressiona constantemente para um mais ainda.
Uma demanda tão grande e uma promessa de felicidade total que nos seduz. Somos desejantes e a estrutura do desejo é querer sempre o que falta. E sempre haverá falta, no melhor dos casos, pois ela nos faz continuar e desejar. Assim, basta que nos apontem alguma coisa para nos completar, para suspender o mal-estar, e a tendência do ingênuo é cair de cabeça... sem pensar.
É muito fácil deixar-se seduzir pelo mercado de ofertas. Em caso de querermos abraçar o mundo, atender a todos os convites, estar em todos os lugares, comprar tantas novidades e coisas lindas, embarcar em todas as viagens e fazer tudo o que a vontade caprichosa manda e viver sem perder nada, aí, nesses casos muito comuns, a vida é curta mesmo.
Por outro lado, as escolhas produzem a perda. Não as fazendo, ficamos em cima do muro, paralisados. E querendo tudo ficamos no excesso, que é impossível de realizar. E esse excesso é marca de nosso tempo. Excesso de consumo, de trabalho, de entretenimento, de obrigações, informações, malhação, viagens, alimentação, de agradar e atender a todos, das redes sociais como estímulo onipresente. Vivemos no tempo da oferta, do mercado capitalista que não para de funcionar nunca.
E esse excesso é vivido como ansiedade, sem que nos demos conta de que a ansiedade é gerada por ele. Por querermos coisas demais, por um resto de insatisfação causado pela perda ao fazer um recorte a nosso modo. Pensamos na perda de não poder experimentar de tudo que nos é oferecido, passando ao sofrimento de sempre estarmos atrasados, em falta, em dívida... Compramos o gato de olho no peixe.
E quando sobra tempo, ficamos incomodados sem saber ficar à toa. Mesmo porque a TV ou as infindáveis séries do Netflix estão aí para garantir nossa ocupação. Parar pra pensar... nem pensar! Claro que um pouco de tudo é bom, mas não a ponto de não olhar o céu, as nuvens passando, respirar fundo calmamente e aceitar que a vida é breve e, por isso mesmo, deveria ser vivida com mais gosto, paciência e menor pressa. E menos coisas!
Acho que o segredo são cortes e costuras. Reduzir os excessos cirurgicamente por se tratarem de um tipo de gozo, um gozo do pior. Um gozo mortífero que nos alucina o ritmo tornando a vida um desvario alienado.
Diferente do prazer é uma aflição continuada que não passa, porque estamos sempre sobrecarregados de demandas para atender, sem tempo para o sossego, o pensar, o contemplar. Sem poder dizer a palavrinha mágica: não. Sem simplesmente viver alguns momentos, sem compromisso, sem compras, sem obrigatoriedades e exigências. Simplesmente viver.
O tempo é um problema. Talvez o maior de todos, porque acaba com tudo e com a gente também. E pensar nisso é angustiante e insuportável, porém, tratando-se de alguma coisa inegável, é impossível nunca pensar sobre.
O mal-estar existencial que todo ser falante experimenta em algum grau deve-se justamente ao fato de a vida andar nos trilhos da morte. Nosso horizonte é finito.
Por onde quer que andemos neste mundo, o destino final está traçado, e é inegociável. Então, para continuar a vida, é preciso deixar de lado essa certeza, caso contrário, ficaríamos paralisados, pensando que, se é assim, para que tanta luta? A resposta não é difícil, para sobreviver e até lá não temos escolha: é uma luta. E se bem lutada vale a pena.
A questão da falta de tempo constante se deve aos excessos e a um estilo de vida que adotamos nos tempos da pós-modernidade. Para estarmos atualizados, precisamos lidar com muita informação, um excesso de estímulos constantes e uma demanda que nos pressiona constantemente para um mais ainda.
Uma demanda tão grande e uma promessa de felicidade total que nos seduz. Somos desejantes e a estrutura do desejo é querer sempre o que falta. E sempre haverá falta, no melhor dos casos, pois ela nos faz continuar e desejar. Assim, basta que nos apontem alguma coisa para nos completar, para suspender o mal-estar, e a tendência do ingênuo é cair de cabeça... sem pensar.
É muito fácil deixar-se seduzir pelo mercado de ofertas. Em caso de querermos abraçar o mundo, atender a todos os convites, estar em todos os lugares, comprar tantas novidades e coisas lindas, embarcar em todas as viagens e fazer tudo o que a vontade caprichosa manda e viver sem perder nada, aí, nesses casos muito comuns, a vida é curta mesmo.
Por outro lado, as escolhas produzem a perda. Não as fazendo, ficamos em cima do muro, paralisados. E querendo tudo ficamos no excesso, que é impossível de realizar. E esse excesso é marca de nosso tempo. Excesso de consumo, de trabalho, de entretenimento, de obrigações, informações, malhação, viagens, alimentação, de agradar e atender a todos, das redes sociais como estímulo onipresente. Vivemos no tempo da oferta, do mercado capitalista que não para de funcionar nunca.
E esse excesso é vivido como ansiedade, sem que nos demos conta de que a ansiedade é gerada por ele. Por querermos coisas demais, por um resto de insatisfação causado pela perda ao fazer um recorte a nosso modo. Pensamos na perda de não poder experimentar de tudo que nos é oferecido, passando ao sofrimento de sempre estarmos atrasados, em falta, em dívida... Compramos o gato de olho no peixe.
E quando sobra tempo, ficamos incomodados sem saber ficar à toa. Mesmo porque a TV ou as infindáveis séries do Netflix estão aí para garantir nossa ocupação. Parar pra pensar... nem pensar! Claro que um pouco de tudo é bom, mas não a ponto de não olhar o céu, as nuvens passando, respirar fundo calmamente e aceitar que a vida é breve e, por isso mesmo, deveria ser vivida com mais gosto, paciência e menor pressa. E menos coisas!
Acho que o segredo são cortes e costuras. Reduzir os excessos cirurgicamente por se tratarem de um tipo de gozo, um gozo do pior. Um gozo mortífero que nos alucina o ritmo tornando a vida um desvario alienado.
Diferente do prazer é uma aflição continuada que não passa, porque estamos sempre sobrecarregados de demandas para atender, sem tempo para o sossego, o pensar, o contemplar. Sem poder dizer a palavrinha mágica: não. Sem simplesmente viver alguns momentos, sem compromisso, sem compras, sem obrigatoriedades e exigências. Simplesmente viver.
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