Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas - 07/11/2014
De uma
geração de autores mineiros que ficou conhecida a partir da segunda
metade dos anos 1960, quando eclodiu em todo o país – tendo à frente
Roberto Drummond –, o boom do conto mineiro, mas injustamente esquecido
depois de sua morte, em 2006, aos 75 anos, o contista e jornalista
Wander Piroli finalmente começa a ter sua obra resgatada. A editora
paulista Cosacnaify, num trabalho gráfico impecável, acaba de lançar
dois livros do autor voltados para o público infantojuvenil: O matador,
com ilustrações de Odilon Moraes, e o inédito Três menos um é igual a
sete, ilustrado por Marcelo Lelis.
Será lançado em seguida o restante da obra, que engloba, entre outros, os livros de contos A mãe e o filho da mãe, Minha bela putana, além dos clássicos Os rios morrem de sede e O menino e o pinto do menino, que revolucionou a literatura infantojuvenil brasileira nos anos de 1970.
Numa narrativa simples e comovente, só possível para iniciados, em Três menos um é igual a sete Piroli conta, em capítulos curtos, a história de uma família que, depois de ter o sítio arrombado por ladrões nas imediações de Belo Horizonte, resolve arranjar um cachorro para servir de guarda. Só que, em vez de um, eles ganham três animais, entre os quais uma fêmea. Com o passar do tempo, a cachorrinha Fofura entra no cio, para a alegria dos dois companheiros, Preto e Pinduca. Como resultado previsível, a cadela engravida e começaram os problemas, que culminam, para a tristeza das crianças, com a doação dela e dos filhotes a um sitiante vizinho.
A história não termina aí, mas numa “madrugada chuvosa de domingo”, quando a família passeava no sítio, e um dos filhos começa a ouvir “o ruído de unhas na porta da cozinha”. Não deu outra, era Fofura, que estava de volta à casa levando, um a um, em sete viagens consecutivas, todos os seus filhotinhos.
Arrepios
Já em O matador, a leitura não demora mais de 15 minutos, mas o final é de arrepiar os cabelos até mesmo de marmanjos. Piroli narra a aventura, provavelmente autobiográfica, de um menino ruim de pontaria, que finalmente consegue – após dezenas de tentativas fracassadas – alvejar com o seu bodoque um pardal pousado no telhado da casa. Ocorre que o passarinho, quando o garoto foi pegá-lo, ainda estava vivo.
Obviamente, não vamos entregar o final. Caberá os leitores descobri-lo, com a leitura de mais esta pequena obra-prima da literatura infantil brasileira, assim como dos outros livros de Wander Piroli, belo-horizontino nascido no lendário Bairro da Lagoinha, advogado que nunca exerceu a profissão, e jornalista com passagem por diversos veículos da capital, entre eles o jornal Estado de Minas, onde fez história.
Ao falar do amigo de geração, que teve ainda, entre outros, os mineiros Roberto Drummond, Murilo Rubião e Oswaldo França Júnior, o carioca João Antônio e o baiano Antônio Torres, o paulista Ignácio de Loyola Brandão disse: “Piroli era um homem corpulento, de mãos grandes, mas um sujeito afável, terno, que escrevia com afeto e humor, e que não apenas merecia como precisava dessa redescoberta”.
Três menos um é igual a sete
infantojuvenil, 48 páginas, ilustrações de Marcelo Lelis
O matador
infantojuvenil, 16 páginas, ilustrações de Odilon Moraes
. De Wander Piroli
. Editora Cosacnaify
Será lançado em seguida o restante da obra, que engloba, entre outros, os livros de contos A mãe e o filho da mãe, Minha bela putana, além dos clássicos Os rios morrem de sede e O menino e o pinto do menino, que revolucionou a literatura infantojuvenil brasileira nos anos de 1970.
Numa narrativa simples e comovente, só possível para iniciados, em Três menos um é igual a sete Piroli conta, em capítulos curtos, a história de uma família que, depois de ter o sítio arrombado por ladrões nas imediações de Belo Horizonte, resolve arranjar um cachorro para servir de guarda. Só que, em vez de um, eles ganham três animais, entre os quais uma fêmea. Com o passar do tempo, a cachorrinha Fofura entra no cio, para a alegria dos dois companheiros, Preto e Pinduca. Como resultado previsível, a cadela engravida e começaram os problemas, que culminam, para a tristeza das crianças, com a doação dela e dos filhotes a um sitiante vizinho.
A história não termina aí, mas numa “madrugada chuvosa de domingo”, quando a família passeava no sítio, e um dos filhos começa a ouvir “o ruído de unhas na porta da cozinha”. Não deu outra, era Fofura, que estava de volta à casa levando, um a um, em sete viagens consecutivas, todos os seus filhotinhos.
Arrepios
Já em O matador, a leitura não demora mais de 15 minutos, mas o final é de arrepiar os cabelos até mesmo de marmanjos. Piroli narra a aventura, provavelmente autobiográfica, de um menino ruim de pontaria, que finalmente consegue – após dezenas de tentativas fracassadas – alvejar com o seu bodoque um pardal pousado no telhado da casa. Ocorre que o passarinho, quando o garoto foi pegá-lo, ainda estava vivo.
Obviamente, não vamos entregar o final. Caberá os leitores descobri-lo, com a leitura de mais esta pequena obra-prima da literatura infantil brasileira, assim como dos outros livros de Wander Piroli, belo-horizontino nascido no lendário Bairro da Lagoinha, advogado que nunca exerceu a profissão, e jornalista com passagem por diversos veículos da capital, entre eles o jornal Estado de Minas, onde fez história.
Ao falar do amigo de geração, que teve ainda, entre outros, os mineiros Roberto Drummond, Murilo Rubião e Oswaldo França Júnior, o carioca João Antônio e o baiano Antônio Torres, o paulista Ignácio de Loyola Brandão disse: “Piroli era um homem corpulento, de mãos grandes, mas um sujeito afável, terno, que escrevia com afeto e humor, e que não apenas merecia como precisava dessa redescoberta”.
Três menos um é igual a sete
infantojuvenil, 48 páginas, ilustrações de Marcelo Lelis
O matador
infantojuvenil, 16 páginas, ilustrações de Odilon Moraes
. De Wander Piroli
. Editora Cosacnaify
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