sábado, 6 de dezembro de 2014

Glúteos - Eduardo Almeida Reis

Detesto marimbondos depois que fui picado por uma vespa dirigindo o saudoso Opalão seis cornetas, ao ajeitar o retrovisor


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 06/12/2014




Os telejornais transmitiram a gravação do telefonema com o sofrimento de uma senhora, mãe de três filhos, que acabou morrendo depois de se submeter a uma aplicação de hidrogel nos glúteos. O adjetivo glúteo é “referente a ou próprio das nádegas” e nádega, ou nalga, é cada uma das duas partes musculoadiposas da região traseira da pelve humana, formada por cada lado dos glúteos. Informo ao caro, preclaro e assustadíssimo leitor, que o cacófato “por cada” foi transcrito do Houaiss. Em Portugal, nádegas atendem pelo substantivo masculino de duas letras, do latim cúlus,i 'ânus, traseiro' e o referido é chamado de “olho”: faz sentido. A grande filósofa Valesca Popozuda poderia ser nadeguda fazendo jus a sua obsessão nadegal, de resto muito comum entre os nativos do Deserto do Kalahari, em África, onde as nalgas monstruosas representam reserva de gordura para os meses de fome, promessa de leite para amamentar os filhos. Brasileiros também se amarram nos glúteos feminis, mas por motivos que minha notória pudicícia impede de explicar. O mesmo philosophar que não entende nem explica os quadros pavorosos de esteatopigia, hipertrofia das nádegas pelo acúmulo de gordura, que a TV nos mostra por meio das filmagens nas comunidades e nas cidades do Sul e Sudeste do Piscinão de Ramos.

Que é aquilo? Não são glúteos, mas monumentos à imbecilidade humana: monumentos que balouçam em ridículo balouçar. Senhoras e senhoritas de glúteos normais têm hora e vez na libido dos homens sérios. Mesmo as chamadas bundas de marimbondo são muito apetecíveis, desde que não sejam da enxu ou exu (Protonectarina sylveirae), uma espécie brasileira de vespa também conhecida pelo nome de marimbondo-de-bunda-amarela. Detesto marimbondos depois que fui picado por uma vespa dirigindo o saudoso Opalão seis cornetas, ao ajeitar o retrovisor numa estrada rural de Bom Jardim (RJ). No Mato Grosso, vivi séculos entre nuvens de abelhas das mais variadas espécies e nunca fui picado. Explicação: são atraídas pela fumaça dos charutos. Por falar em bunda de marimbondo, excelente raça inglesa de gado leiteiro, a jersey, foi malvista por sua pélvis muito estreita. E só uma coisa é certa: injetar hidrogel nos glúteos visando a concorrer com a senhor Valesca Popuzuda, nascida Valesca dos Santos em 6 de outubro de 1978, no Rio de Janeiro, é uma burrice que não tem mais tamanho.

Mineiridade

A noite de 26 de outubro e os dias imediatos, com toda a mídia comentando a vitória da senhora Rousseff, deve ter sido uma delícia para aqueles que nela votaram e foi chatíssima para os derrotados, grupo que me inclui. Tenho lido e-mails de muitos mineiros dizendo-se enojados com a votação do PSDB no estado. Não sou mineiro e não fiquei enojado, mas triste. Tudo começou com um erro de cálculo: o lançamento da candidatura Pimenta da Veiga, brasileiro excelente, que seria ótimo governador, mas anda longe de Minas há muitos anos, tornando-se desconhecido por aqui. Mineiros menores de 40 anos nem desconfiavam da existência de João Pimenta da Veiga Filho, nascido em BH em 1947, “advogado com escritório em Brasília” (Wikipédia), casado com a linda morena Anna Paola. A partir do lançamento de sua candidatura e da recente falta de atenção do neto de Tancredo com o estado que governou brilhantemente durante oito anos, ficou fácil explicar a vitória do petista Pimentel e de sua amiga Rousseff, com as consequências que o claro, preclaro e assustado leitor verá. Pimentel não deve ser má pessoa. Cunhado de Olavo Romano durante muitos anos, conhecendo os segredos do Morro do Ferro, deve ter qualidades, mas sua amiga é o fim da picada.

O mundo é uma bola

6 de dezembro de 1240: os mongóis invadem e conquistam Kiev, hoje a maior cidade e capital da Ucrânia, às voltas com o presidente russo. Vladimir Vladimirovitch Putin, ex-agente da KGB soviética, não sossega enquanto não anexar toda a Ucrânia à Rússia, que se ressente da falta de território com seus modestos 17 milhões de quilômetros quadrados, o dobro do Brasil. Em 1768, publicada a primeira edição da Enciclopédia Britânica. Ali por volta de 1968, com dois séculos, era linda coleção de livros para enfeitar as estantes. Hoje cabe num clique de computador. Em 1811, no estado de Missouri, o mais terrível terremoto da história norte-americana, mas há quem diga que foi no dia 16: morreram 40 mil pessoas. Em 1877, Thomas Alva Edison, num aparelho que ele mesmo construiu, faz a primeira gravação de som de que se tem notícia. Em 1889, evento vexilológico da mais alta magnitude pátria: adotada oficialmente a bandeira do Maranhão. Vexilo vem do latim vexillum,i “bandeira, estandarte”; por extensão de sentido é sinal de poder sobre o estado que pertenceu à família Sarney. Em 1917, o barco Monte Branco, que transportava 3 mil toneladas (?) de dinamite, tromba noutro barco belga provocando a morte de 1,6 mil pessoas. Acho muita dinamite, mas tá na Wikipédia. Hoje é o Dia da Extensão Rural.

Ruminanças

“Sendo inteligente, depois de oito anos de casada a esposa amantíssima não se importa com as namoradas do deus do lar.” (R. Manso Neto).

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