Defendi a tese de que homoafetividade não é homossexualismo, porque você pode ter afeto por pessoas do mesmo sexo sem manter com elas relações sexuais
Estado de Minas: 04/02/2015
Fascinado pela notícia do pedido de casamento de Martina para Julia diante de milhares de pessoas no US Open, último Grand Slam de 2014, desandei a philosophar. Martina Navratilova, de 57 anos, uma das maiores tenistas de todos os tempos, vencedora de 18 Slams, tcheca naturalizada norte-americana, aproveitou uma pausa entre os dois jogos da semifinal masculina para fazer o pedido à namorada, miss União Soviética 1991.
O pedido de casamento foi retransmitido pelos telões da quadra central e o “sim” de Julia Lemigova foi celebrado com uma salva de palmas pelo público. Martina disse: “Estamos juntas há seis anos e não posso imaginar minha vida sem você. Por favor, case comigo”, e Julia, de 42 anos, aceitou o pedido. A empresária, ex-modelo russa, vive com Martina na Flórida e tem duas filhas do tempo em que tinha o mau gosto de se interessar pelos homens.
Diante de tanta gente, no último Grand Slam do ano, o pedido ficou parecendo coisa do prefeito de Itaguaí, RJ, que circulava numa Ferrari amarela antes de ser preso: não basta fazer, é preciso mostrar. Afinal, Navratilova gosta de Lemigova para conviver e fazer amor, ou para mostrar que convive com a miss União Soviética 1991. Minha calculadora chinesa informa que entre 1991 e 2014 transcorreram 23 aninhos. Se Lemigova tem 42 anos, tinha 19 quando foi eleita miss. Faz sentido.
Homossexualismo, sabemos todos, é a prática de relação amorosa e/ou sexual entre pessoas do mesmo sexo. Dia desses defendi a tese de que homoafetividade não é homossexualismo, porque você pode ter afeto por pessoas do mesmo sexo, e todas as pessoas normais têm, sem manter com elas relações sexuais.
Hoje defendo outra tese palpitante sobre a palavra homofobia. Houaiss diz que é “rejeição ou aversão a homossexual e à homossexualidade”. Aurélio diz que é “aversão a homossexuais e ao homossexualismo”. Mas o conceito pode ser ampliado para fobia (medo) de homo (indivíduo da espécie humana; ser humano), que não é crime: é reação lógica diante do que temos visto, e lido, e sabido por aí.
Doutora
O leitor deve estar lembrado de que na edição de 26 de dezembro, nosso caderno de Cultura fez uma Retrospectiva 2014-Livros. Nela se vê a foto de Ana Elisa Ribeiro, linda morena de óculos, que publicou O e-mail de Caminha, reinventando a carta de Pero Vaz de Caminha (o galaico-português Pero Uaaz de Camjnha, talvez nascido no Porto, em Portugal, no ano de 1450, morto em Calecute, na Índia, dia 15 de dezembro de 1500), escritor que se notabilizou nas funções de escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral, depois de ter sido vereador na cidade do Porto.
Caminha morreu durante o saque feito pelos mouros em Calecute e ninguém sabe ao certo onde nasceu, mas parece que era estimado pelo rei dom Manuel I e consta que redigiu, como vereador, os Capítulos da Câmara Municipal do Porto, que seriam apresentados às cortes de Lisboa.
O que pouca gente sabe é que Ana Elisa Ribeiro, além de lindíssima, é doutora em linguística aplicada pela UFMG, professora e pesquisadora do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) e tem interesse especial pelos escritores mais importantes da história do Brasil. Em 1500, o mais importante foi Pero Uaaz de Camjnha. Em 2008, Ana Elisa apresentou trabalho à Unisinos, Universidade do Vale do Rio dos Sinos: “Scraps to texts reviewer: representation of text professionals in the chronicles of Eduardo Almeida Reis”, cavalheiro que vocês conhecem.
Trabalho de milhares de palavras em 12 laudas graúdas: “Cronista do Estado de Minas desde 2005, quando estreou um espaço no caderno de Esportes, aos poucos deixou a pauta ‘futebol’ e, sorrateiramente, escreveu ao leitor sobre tantos outros assuntos. Por vezes o futebol é apenas a desculpa para um assunto melhor. Outra vez, a despeito da boa narrativa sobre tal ou qual jogo de bola, do campeonato estadual ou nacional, Reis insere caros conhecimentos enciclopédicos, dando inclusive as fontes, ou insinua pelo texto uma graça e uma ironia de rara eficácia”. Pois é: se Ana Elisa falou, tá falado.
O mundo é uma bola
4 de fevereiro de 1238: invasão da Rússia pelos mongóis. Batu Khan realiza o cerco ao Principado de Vladimir-Súzdal. Em 1783, a Grã-Bretanha declara formalmente o fim da guerra contra os Estados Unidos, sua antiga colônia. E em Alepo, segunda cidade mais importante da Síria, uma série de terremotos mata 22 mil pessoas.
Em 1789, George Washington é eleito por unanimidade presidente dos Estados Unidos, mau sinal, porque a unanimidade sempre foi burra. Em 1794, é abolida a escravidão nas colônias francesas. Em 1924, depois de dois anos de cadeia em Bombaim, o Mahatma Gandhi é libertado. Em 1938, Adolf Hitler se declara comandante supremo das forças armadas alemãs. Em 1948, independência do Sri Lanka, que já foi o Ceilão depois de ter sido a Taprobana.
Ruminanças
“Não adianta partir com a roupa do corpo deixando tudo para a mulher. Mesmo assim, ela vai ficar com ódio” (R. Manso Neto).
O pedido de casamento foi retransmitido pelos telões da quadra central e o “sim” de Julia Lemigova foi celebrado com uma salva de palmas pelo público. Martina disse: “Estamos juntas há seis anos e não posso imaginar minha vida sem você. Por favor, case comigo”, e Julia, de 42 anos, aceitou o pedido. A empresária, ex-modelo russa, vive com Martina na Flórida e tem duas filhas do tempo em que tinha o mau gosto de se interessar pelos homens.
Diante de tanta gente, no último Grand Slam do ano, o pedido ficou parecendo coisa do prefeito de Itaguaí, RJ, que circulava numa Ferrari amarela antes de ser preso: não basta fazer, é preciso mostrar. Afinal, Navratilova gosta de Lemigova para conviver e fazer amor, ou para mostrar que convive com a miss União Soviética 1991. Minha calculadora chinesa informa que entre 1991 e 2014 transcorreram 23 aninhos. Se Lemigova tem 42 anos, tinha 19 quando foi eleita miss. Faz sentido.
Homossexualismo, sabemos todos, é a prática de relação amorosa e/ou sexual entre pessoas do mesmo sexo. Dia desses defendi a tese de que homoafetividade não é homossexualismo, porque você pode ter afeto por pessoas do mesmo sexo, e todas as pessoas normais têm, sem manter com elas relações sexuais.
Hoje defendo outra tese palpitante sobre a palavra homofobia. Houaiss diz que é “rejeição ou aversão a homossexual e à homossexualidade”. Aurélio diz que é “aversão a homossexuais e ao homossexualismo”. Mas o conceito pode ser ampliado para fobia (medo) de homo (indivíduo da espécie humana; ser humano), que não é crime: é reação lógica diante do que temos visto, e lido, e sabido por aí.
Doutora
O leitor deve estar lembrado de que na edição de 26 de dezembro, nosso caderno de Cultura fez uma Retrospectiva 2014-Livros. Nela se vê a foto de Ana Elisa Ribeiro, linda morena de óculos, que publicou O e-mail de Caminha, reinventando a carta de Pero Vaz de Caminha (o galaico-português Pero Uaaz de Camjnha, talvez nascido no Porto, em Portugal, no ano de 1450, morto em Calecute, na Índia, dia 15 de dezembro de 1500), escritor que se notabilizou nas funções de escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral, depois de ter sido vereador na cidade do Porto.
Caminha morreu durante o saque feito pelos mouros em Calecute e ninguém sabe ao certo onde nasceu, mas parece que era estimado pelo rei dom Manuel I e consta que redigiu, como vereador, os Capítulos da Câmara Municipal do Porto, que seriam apresentados às cortes de Lisboa.
O que pouca gente sabe é que Ana Elisa Ribeiro, além de lindíssima, é doutora em linguística aplicada pela UFMG, professora e pesquisadora do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) e tem interesse especial pelos escritores mais importantes da história do Brasil. Em 1500, o mais importante foi Pero Uaaz de Camjnha. Em 2008, Ana Elisa apresentou trabalho à Unisinos, Universidade do Vale do Rio dos Sinos: “Scraps to texts reviewer: representation of text professionals in the chronicles of Eduardo Almeida Reis”, cavalheiro que vocês conhecem.
Trabalho de milhares de palavras em 12 laudas graúdas: “Cronista do Estado de Minas desde 2005, quando estreou um espaço no caderno de Esportes, aos poucos deixou a pauta ‘futebol’ e, sorrateiramente, escreveu ao leitor sobre tantos outros assuntos. Por vezes o futebol é apenas a desculpa para um assunto melhor. Outra vez, a despeito da boa narrativa sobre tal ou qual jogo de bola, do campeonato estadual ou nacional, Reis insere caros conhecimentos enciclopédicos, dando inclusive as fontes, ou insinua pelo texto uma graça e uma ironia de rara eficácia”. Pois é: se Ana Elisa falou, tá falado.
O mundo é uma bola
4 de fevereiro de 1238: invasão da Rússia pelos mongóis. Batu Khan realiza o cerco ao Principado de Vladimir-Súzdal. Em 1783, a Grã-Bretanha declara formalmente o fim da guerra contra os Estados Unidos, sua antiga colônia. E em Alepo, segunda cidade mais importante da Síria, uma série de terremotos mata 22 mil pessoas.
Em 1789, George Washington é eleito por unanimidade presidente dos Estados Unidos, mau sinal, porque a unanimidade sempre foi burra. Em 1794, é abolida a escravidão nas colônias francesas. Em 1924, depois de dois anos de cadeia em Bombaim, o Mahatma Gandhi é libertado. Em 1938, Adolf Hitler se declara comandante supremo das forças armadas alemãs. Em 1948, independência do Sri Lanka, que já foi o Ceilão depois de ter sido a Taprobana.
Ruminanças
“Não adianta partir com a roupa do corpo deixando tudo para a mulher. Mesmo assim, ela vai ficar com ódio” (R. Manso Neto).
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