domingo, 15 de março de 2015

Especiais - Eduardo Almeida Reis

É verdade que fiz um júri e absolvi um brasileiro que tinha a mania de atirar nos traseiros das brasileiras que encontrava pelas ruas do seu bairro


Eduardo Almeida Reis
Publicação: 15/03/2015 

Invejoso das séries especiais do Jornal da Band, o Jornal Nacional produziu uma série sobre educação exibida ao longo de seis edições. Realmente, a série foi especial porque não resolveu nem minimizou os problemas da educação no Brasil e roubou audiência da rede de tevê. Na Globo deve roubar menos, porque a humanidade está de olho no capítulo da novela que vem logo depois, mas na Band a debandada do telespectador pensante deve ser total, considerando que o horário seguinte costuma ser vendido ao piedoso bispo R. R. Soares, que, entre outras virtudes, tem a de ser cunhado do bispo Edir Macedo.
Residente em Itaúna, leitora amiga mandou-me e-mail sobre diversos assuntos, destacando pequeno anúncio publicado na página 9 de nossa edição de 8 de fevereiro: “Procura-se garotas de programa evangélicas. Excelente moradia! Tratar com a senhora Ima”.
Só pode ser maldade de alguém que não goste dos milhões de evangélicos brasileiros. Considerando que nossa população ateia é da ordem de 7%, todas as garotas de programa dos 93% restantes, que não forem ateias, têm alguma religião ou mais de uma, como temos visto por aí.
Ilustre professor mineiro, muito rico, me contou que se relacionou com bela mineira evangélica, que nunca foi garota de programa. O relacionamento tinha tudo para ser um sucesso, não fosse a mania da moça de orar em voz alta antes e depois do congresso sexual, exigindo que o namorado também orasse. Convenhamos em que, orando, perde a graça.
Fator RH
Como sabe o leitor ou saberia se consultasse o Google, o fator Rh é um dos dois grupos de antígenos eritrocitários de maior importância clínica envolvido nas reações transfusionais hemolíticas e na DHRN ou eritroblastose fetal. Sua determinação, juntamente com a dos antígenos pertencentes ao sistema ABO no procedimento laboratorial denominado Tipagem Sanguínea (ABO e Rh) – ou simplesmente Tipagem Sanguínea – é obrigatória antes de qualquer transfusão sanguínea.
Acontece que não quero falar do fator Rh, mas do Fator RH, de Recursos Humanos, as duas letras maiúsculas. Faz tempo que não existe empresa sem departamento de RH, as contratações dependem do pessoal da área de RH, o assunto é sério e está sendo transformado em ciência.
O marido de dona Marisa, pernambucano que vocês elegeram e reelegeram presidente da República Federativa do Brasil, é analfabeto, boquirroto e esperto, mas em matéria de RH é muito mais que um imbecil completo. Basta ver a turminha escolhida por ele para os maiores postos do PT e adjacências. Sim, porque o Partido dos Trabalhadores não se contenta com os seus e conta com os adjacentes tipo Valdemar da Costa Neto, tão ruins quanto.
Dirceu, Rousseff, Genoíno, José Nobre, André, Gleise (ao menos é bonitinha), Gilbertinho, as ministras, Tarso e a filha do Tarso, hoje extraviada, Vicentinho, Delúbio, Vaccari, Marta Suplicy Favre – a lista é tão grande que tomaria duas páginas do jornal em letrinhas miúdas. Evidentemente, não posso perder tempo com esse tipo de gente. Ficou faltando Erenice. Que dizer de um presidente que nomeia Erenice Alves Guerra ministra-chefe da Casa Civil?

Fotos
Um colega de faculdade, que sempre tive na conta de amigo, mandou-me fotos coloridas do último jantar de comemoração de nossa formatura. Restam 25 ou 30 colegas no Rio em condições de festejar a data e a turma tinha 300, metade no turno da manhã, metade lutando contra o sono à noite. É triste, mas é verdade: diante das fotos confirmo que a gente envelhece nos outros.
O último jantar a que compareci foi o dos 25 anos de formatura, ainda havia muita gente, as colegas mostrando fotos dos netinhos, os colegas desembargadores. Sentei-me ao lado de um desembargador muito sério, muito grave, que me disse: “Tenho lido as sentenças prolatadas pelo caro colega”. Acontece que o caro colega jamais prolatou uma sentença e encerrou sua carreira de operador do direito ao cabo de quatro dias advogando para o Sindicato dos Padeiros do Estado da Guanabara.
É verdade que fiz um júri e absolvi um brasileiro que tinha a mania de atirar nos traseiros das brasileiras que encontrava pelas ruas do seu bairro, crime pelo qual já estava preso, mas levei para me ajudar na defesa um professor de direito penal. Hoje seria facílimo absolver o atirador comparando-o ao ilustrado além-paraibano Zuenir Ventura, da Academia Brasileira de Letras, que vive escrevendo sobre a bunda de Paolla Oliveira.

O mundo é uma bola
15 de março de 1147: dom Afonso Henriques conquista Santarém aos mouros, o que não impediu Portugal de ter o lindo fado Mouraria e nos poupou o sacrifício de falar uma língua da família camito-semítica, complicada como ela só.
Em 1789, Joaquim Silvério dos Reis, que não era meu parente, entregou ao Visconde de Barbacena sua carta denunciando os inconfidentes mineiros. Em 1956, estreia na Broadway o musical My fair lady.
Em 1975, ocorre a fusão dos estados brasileiros do Rio de Janeiro e da Guanabara. Em 1990, toma posse na Presidência da República Federativa do Brasil o jovem Fernando Affonso Collor de Mello, com os resultados vistos e sabidos. Hoje é o Dia da Escola.

Ruminanças
“Não vos vinguei, esperai que vos vinguem, e sereis vingado” (Marquês de Maricá, 1773-1848).

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