Zero Hora 03/05/2015
Afora o jogo explícito da sedução, mulheres podem sim
surpreender um homem com flores, desde que seja oportuno
Semanas
atrás, li na coluna da Celia Ribeiro, aqui mesmo na revista Donna, que uma
leitora tinha dúvida sobre se era aceitável mandar flores a um homem. Celia
respondeu com a sensatez de sempre: dependendo da situação e não sendo um buquê
de rosas vermelhas, ok. Está certa. Rosas vermelhas são declarações de amor em
estado vegetal. Melhor não bagunçar as regras do jogo: deixemos que eles mandem
rosas. Já conquistamos tanto poder nas relações, vamos querer seduzir os
rapazes com flores também? Desse jeito, vai sobrar o que para eles fazerem?
Mas
afora o jogo explícito da sedução, creio que mulheres podem sim surpreender um
homem com flores, desde que seja oportuno.
Exemplo
de momento oportuno?
Se
ele estiver no hospital... não. Leve algumas revistas, jornais. Leve frutas,
chocolates. Isso considerando que ele não esteja na UTI – neste caso, leve apenas
suas orações.
Se
ele está festejando aniversário... acho que não. Dê a série completa de House
of Cards. Um disco. Um livro.
Se
ele está se formando... também não. Eu sei que presentes como caneta e agenda
estão com a validade vencida, mas duvido que um garoto que acabou de sair da
universidade vá querer receber astromélias, margaridas ou girassóis.
Se
ele chamou para alguma comemoração, leve bebida. Não tem erro.
Se
ele está autografando sua primeira obra, arraste para a livraria uma turma
disposta a comprar vários exemplares. É isso o que ele quer: uma longa fila.
Se
irá visitá-lo na cadeia (ué, gente), leve sabonete líquido, biscoito recheado,
palavras cruzadas, ansiolíticos.
Então,
quando seria oportuno? Vou dar um exemplo que vivenciei.
Um conhecido
que mora sozinho resolveu fazer um jantar em sua casa para me apresentar seus
amigos. Eu não conhecia sua casa e, sendo sincera, nem a ele muito bem, mas
sendo um jantar com uma motivação relacionada a mim, não podia aparecer de mãos
abanando. Sem me preocupar em ser original, pensei em levar uma garrafa de
vinho. O problema é que ele era um grande conhecedor de vinhos e já havia
decidido o que servir à mesa, ou seja, eu só atrapalharia seus planos. Foi
então que, às três da tarde, horas antes do jantar, entrei numa floricultura,
escolhi uma bela orquídea e mandei entregar na casa dele. Não tinha ideia sobre
que efeito isso teria.
Teve
um bom efeito. Outro momento oportuno, vivenciado por uma moça bem menos sutil,
foi quando o noivo rompeu com ela, sem dar explicação, duas semanas antes do
casamento. O rapaz recebeu em casa uma coroa de flores com uma faixa roxa onde
estava escrito: “Descanse em paz”.
Se o
clima for de velório, considere. Mas não espere encontrar essa dica numa coluna
de etiqueta.
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