VANESSA BARBARA
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O tecido do cosmo
Semana passada falei sobre "Nova", franquia de documentários científicos exibida pela emissora americana PBS.
Em novembro de 2011, foi ao ar pela primeira vez "The Fabric of the Cosmos", conjunto de quatro capítulos baseados no livro do físico Brian Greene. Com a ajuda de bamboleantes efeitos especiais e depoimentos de especialistas, Greene procura mostrar como os cientistas contemporâneos têm lidado com as velhas questões de tempo, espaço e universo.
Ele é professor e diretor do Iscap (Instituto de Teoria das Cordas, Cosmologia e Astrofísica de Partículas) da Universidade de Columbia. Apesar das credenciais, este amável Ted Mosby da gravitação quântica vai devagar com o espectador: no primeiro episódio, pergunta singelamente o que é o espaço.
Só um problema: trata-se de um dos maiores mistérios da ciência, conforme nos informa o teórico Sylvester J. Gates -uma espécie de Morgan Freeman de chapinha.
Episódio a episódio, Greene usa recursos gráficos para apresentar conceitos fundamentais como a mecânica clássica de Newton. Ele diz: "Agora imagine o seguinte", enquanto compara o tempo a um pão de forma, as partículas subatômicas a um grupo de paparazzi e o universo a um queijo suíço inflável. Mas ele tem más intenções. Marotamente, vai nos levando pela mão rumo a um beco sem saída teórico.
"Mas, se isso é verdade, então isto aqui também é", afirma. "E não faz o menor sentido." É dessa forma que Greene introduz ao espectador uma teoria absolutamente desvairada, fruto de uma descoberta recente.
Assim como os físicos, ficamos cada vez mais confusos. Aprendemos que as partículas atômicas e subatômicas são regidas por leis de probabilidade, e não de certeza, e passamos a considerar cientificamente aceitável a ideia de que o tempo é uma ilusão.
"Como poderíamos estar tão errados sobre algo tão familiar?", pergunta Greene. "Ela é chamada de teoria do Big Bang, mas não diz nada sobre o Bang em si, o que fez Bang, por que fez Bang ou o que aconteceu antes do Bang", explica outro Ph.D. em coisas complexas.
O episódio derradeiro fala sobre a polêmica dos multiversos, eterna briga de foice entre os cientistas. No fundo, ninguém parece saber de nada.
"Isso incomoda? Claro que sim", admite Steven Weinberg, Prêmio Nobel de Física. "Mas não há princípio embutido nas leis da natureza que diga que os físicos teóricos têm que ser felizes."
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