VANESSA THORPE
DO "OBSERVER"
DO "OBSERVER"
Anne Hathaway, Cate Blanchett, Meryl Streep e Freida Pinto estão entre as mulheres mais observadas do mundo. Agora, elas se juntaram a algumas outras estrelas para contar as histórias de nove meninas desconhecidas que lutaram por algo que deveria ser um direito universal: educação.
Num projeto com lançamento programado para coincidir com o Dia Internacional da Mulher, as quatro atrizes tiveram a companhia de Selena Gomez, Priyanka Chopra, Chloë Moretz, Salma Hayek, Kerry Washington e Alicia Keys. Todas cederam seu tempo para a realização de "Girl Rising" ("garota em ascensão"), que estreia hoje em Nova York.
O filme, do documentarista Richard E. Robbins, surgiu como uma investigação sobre um fato amplamente reconhecido por profissionais assistenciais internacionais: que educar meninas em países em desenvolvimento é a forma mais rápida e duradoura para melhorar as condições não só para elas, mas para comunidades inteiras.
"É realmente bastante simples, mas isso não quer dizer que não seja fácil", disse Robbins, acrescentando que em seis anos de pesquisa sempre encontrou a mesma resposta em áreas tão diversas quanto saúde infantil, economia e conscientização sobre a Aids.
"As estrelas foram fantásticas", disse ele. "Nenhuma viu o negócio inteiro, porque só finalizamos na semana passada. Elas estão todas convidadas para a estreia, é claro, inclusive Liam Neeson, que também trabalhou no filme."
Jonathan Short/Associated Press | ||
Anne Hathaway posa com o prêmio de atriz coadjuvante pelo papel em "Os Miseráveis" no Royal Opera House |
Uma das histórias é a de Sokha, órfã cambojana que deixa para trás uma vida em aterros sanitários para se tornar uma talentosa dançarina e estudante premiada. Outra é a de Suma, que compôs música para lidar com a servidão no Nepal, e que agora faz campanhas para libertar outras jovens. As outras meninas são da Índia, Egito, Peru, Haiti, Serra Leoa, Etiópia e Afeganistão, e cada história é contada por uma escritora renomada ligada a um desses países, como a romancista de ascendência leonesa Aminatta Forna, que vive na Grã-Bretanha, a haitiano-americana Edwidge Danticat e Sooni Taraporevala, que escreveu "Salaam Bombay" e "Mississippi Masala".
Robbins diz que a equipe de "Girl Rising" esteve três vezes em cada lugar. "Foi um luxo pesquisar um filme desse jeito. Primeiro íamos procurar as histórias corretas, mas também nos educar. Felizmente, não fizemos a seleção final das meninas, porque não sei como teríamos feito. Em vez disso, as escritoras de cada país tinham candidatas a escolher."
A campanha de ação social por trás do filme, a 10x10, visa a oferecer oportunidades educacionais igualitárias a meninas do mundo todo, e se uniu ao Gathr, um serviço de internet que permite que o público solicite a exibição de um filme num cinema dos seus arredores. "Já vendemos 30 mil ingressos para um filme do qual ninguém viu nem dois minutos ainda", disse Robbins. "Há muito apetite por histórias que lhe digam que você pode realmente fazer diferença."
Holly Gordon, diretora-executiva da 10x10, disse que a campanha permitiu, durante a divulgação do filme, que o grupo discutisse alguns dos maiores problemas econômicos e sociais do mundo. "Em 2009, vi essa incrível oportunidade de transmitir uma mensagem e construir um público", disse ela. A partir de uma página do Facebook, Gordon atraiu parcerias com ONGs e grandes corporações que partilhavam dos seus propósitos e que poderiam emprestar musculatura internacional de marketing ao filme.
No mês passado, a fábrica de chips Intel, sócia-fundadora em "Girl Rising", realizou uma exibição privada do filme e um debate sobre educação para meninas, com a Fundação Mulheres do Mundo e com Tina Brown, editora-chefe da "Newsweek" e do Daily Beast. "Quando você educa meninas, coisas boas acontecem", disse Brown. O filme também foi exibido no festival de Sundance, e 461 exibições foram solicitadas até agora nos EUA.
O Facebook também serviu para difundir as informações sobre educação para meninas reunidas durante a realização do filme. "Criamos nossa página em 2012, e agora temos mais de 250 mil amigos. Nossas três áreas mais populares são Egito, Índia e Paquistão", disse Gordon, que foi criada em uma família britânica no Quênia, como filha de um funcionário do Banco Mundial. Ela espera provar que histórias importantes podem ter ampla audiência, e que os sócios investidores não precisam ter controle editorial.
"O bem empresarial e o bem social podem andar de mãos dadas", disse Gordon. "Quando as pessoas virem o filme, espero que pensem que contamos a história do ponto de vista de cada menina, e pela lente de uma escritora que tenha crescido no país sobre o qual está escrevendo. Há pouquíssimo julgamento, e essas meninas não têm pena de si mesmas, mas elas crescem em um mundo que é limitador para elas."
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