sábado, 21 de setembro de 2013

Memória viva - Ana Clara Brant

Receptividade do público e de habitantes de Diamantina ao festival promovido na cidade surpreende os participantes e revela o interesse por história, patrimônio e arqueologia



Ana Clara Brant

Estado de Minas: 21/09/2013




O Festival de Historia que termina amanhã, em Diamantina, movimenta o Mercado Velho (fotos: Leandro Couri/EM/D. A Press  )
O Festival de Historia que termina amanhã, em Diamantina, movimenta o Mercado Velho

Diamantina – Convidado de mesa-redonda que reuniu também Ricardo Kotscho e Paulo Markun, o escritor e jornalista Fernando Morais, que já conhece muito bem a cidade histórica mineira onde vem sendo realizado, desde quinta-feira, o Festival de História (fHist), confessa que sempre se deixa encantar pelo lugar. Surpreso com a receptividade do público em evento sobre história, em data fora de feriado, Morais exaltou o evento, que termina amanhã, contando que havia sido convidado para a primeira edição, em 2011, mas só desta vez pode comparecer.

“Pensei que deveria mesmo vir e consegui conciliar a agenda. Se você analisar que numa quinta-feira, às 16h, como foi o caso do meu bate-papo, a tenda estava lotada e nem era feriado e ainda havia gente de todas as idades, pode-se dizer que isso é sim reflexo do crescente interesse das pessoas por história”, analisou. “É muito saudável e estimulante para o autor ter esse tipo de contato com o público. Além do fato de que estar nessa atmosfera de cidade histórica e mineira, ainda mais no meu caso que sou de Mariana e vivo há muitos anos em São Paulo, é fantástico”, disse.

Há também muitos convidados do fHist que sempre ouviram falar sobre Diamantina, sobretudo nos seus mais ilustres representantes, o presidente Juscelino Kubitschek e a lendária Chica da Silva, mas nunca estiveram por aqui e estão não só admirados com o evento, como também com a receptividade dos moradores e as belezas da região. “A cidade é linda. Estou apaixonada por tudo. É mais do que pertinente realizar um festival aqui, que tem tudo a ver com história, arqueologia, patrimônio e cultura”, comentou a especialista em patrimônio arqueológico, a carioca Rosana Pinhel Mendes Najjar, uma das palestrantes da mesa-redonda “Arqueologia e Patrimônio: vestígios, restos e objetos que recontam a história.”

Conterrâneo de Rosana, o professor de estudos brasileiros da Universidade de Princenton, Bruno Carvalho, que mora nos Estados Unidos, é outro estreante no fHist e no antigo Arraial do Tijuco. O pesquisador, que é o primeiro doutor brasileiro por letras em Harvad, foi um dos organizadores do Livro de Tiradentes, em parceria com o brasilianista britânico Kenneth Maxwell, e um dos conferencistas da abertura. Ele ficou encantado com Diamantina. “Essa iniciativa, além de ser muito interessante e importante, me proporcionou estar neste lugar. Estou muito curioso em conhecer a famosa vesperata, sobre a qual todos falam. O evento é bacana e a cidade nem se fala”, elogiou.

Escavação Além de serem as estrelas da programação oficial, os convidados não deixam de participar das demais atividades pela cidade, como as sessões de cinema no Teatro Santa Izabel, os bate-papos e lançamentos literários no mercado e nas exposições. Ou mesmo conhecer projetos interessantes do município, como o de escavação do quintal da casa de Chica da Silva, coordenado pelo professor Marcelo Fagundes, da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

Esse foi o caso do escritor paulista Paulo Rezutti, biógrafo da marquesa de Santos, que está promovendo seu livro Domitila em Diamantina e esteve no casarão da escrava que virou rainha. “Além de ser um trabalho bem interessante, achei muito produtivo e relevante a integração que o professor Marcelo Fagundes promove com os estudantes de várias escolas daqui. Essa participação dos alunos é um ponto que tem que ser explorado e ele consegue fazer isso benfeito”, observou.

Vesperata A programação de hoje terá entre os destaques a mesa-redonda “O Império do Brasil: nos bastidores da corte,” com a especialista em história da imprensa e da caricatura brasileira, Isabel Lustosa; a historiadora e cientista política da UFMG, Andréa Gonçalves Lisly; e o escritor Paulo Rezutti. Além do Proseando com autores, que terá com o escritor e biógrafo Lira Neto analisando Getúlio Vargas e o Estado Novo, e o escritor Ricardo Amaral falando de sua biografia sobre a presidente Dilma Rousseff. Fechando o dia, o evento mais tradicional de Diamantina: a vesperata.

A repórter viajou a convite do Fhist

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