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Para seis cordas
Registro em CD do projeto Violão Ibérico, que já lançou livro e vídeos, reúne mestres do instrumento do Brasil e da Espanha, entre eles Guinga, Marcus Tardelli e Toninho Horta
Eduardo Tristão Girão
Estado de Minas: 08/09/2013
O compositor e violonista Guinga com o musico Marcus Tardelli: encontro de mestres do instrumento que promove a união entre Brasil e Espanha |
O consistente projeto Violão Ibérico começou com o lançamento de livro homônimo no fim do ano passado, escrito pelo jornalista espanhol Carlos Galilea. A obra oferece visão histórica do instrumento, das origens europeias ao inconfundível toque brasileiro. A ideia da produtora cultural Giselle Goldoni Tiso agora dá origem a outro produto: um disco batizado com o mesmo nome e recheado com 12 faixas que registram composições e performances de alguns dos melhores violonistas brasileiros – e de um espanhol.
Certa de que repertório é o que não falta para escolher, Giselle se cercou de um conselheiro especial para auxiliá-la na dificílima tarefa de decidir o que incluir no disco. Coube a ela e a Marcello Gonçalves, um dos grandes violonistas brasileiros da atualidade, eleger os critérios que deixaram de fora nomes de peso como Villa-Lobos, Egberto Gismonti, Elomar, Garoto e Dilermando Reis. Isso para não falar em mestres da canção como Gilberto Gil, João Gilberto e João Bosco.
Essas ausências em nada diminuem a qualidade do disco, estrelado por outros grandes nomes, todos eles caracterizados (na visão de Giselle e Marcello) por fazer avançar a estética do instrumento sem abrir mão da tradição. Gente do quilate de Baden Powell, João Pernambuco, Toninho Horta, Raphael Rabello, Guinga, Marcus Tardelli e Yamandu Costa. Resumindo, um time de primeira linha.
Conjugar intérpretes e compositores foi tarefa complicada, provocando as múltiplas aparições de Baden Powell (que toca em É de lei, parceria sua com Paulo César Pinheiro, e teve Formosa, escrita com Vinicius de Moraes, gravada pelo próprio Marcello) e Guinga (também autor de duas composições, Mingus samba e Cheio de dedos, sendo que é o intérprete desta última; Marcus Tardelli toca na outra).
De Minas Mestre das sete cordas, Raphael Rabello aparece em Graúna (de João Pernambuco), enquanto Zé Paulo Becker, outro gigante do violão nacional, interpreta a clássica Feira de Mangaio (Sivuca e Glória Gadelha). Todos os demais violonistas tocam suas próprias peças, caso de Marco Pereira (Bate coxa), Yamandu Costa (El negro del blanco) e Lula Galvão (Sumaré), por exemplo.
O violão mineiro, amplamente reconhecido por sua excelência (a sofisticação harmônica é sempre lembrada), é representado por dois grandes mestres, Toninho Horta e Juarez Moreira. O primeiro comparece com a pouco conhecida Estudo brasileiro; o segundo, com uma de suas peças mais difundidas, Baião barroco.
O espanhol Vicente Amigo fecha o repertório com sua composição De mi corazón al aire, retomando, assim, a conexão ibérica do projeto. Nome de destaque do violão flamenco atual, ele estudou com Manolo Sanlúcar e começou sua carreira acompanhando cantores como Camarón de la Isla. Em 2001, conquistou o Grammy Latino de melhor álbum flamenco com Ciudad de las ideas. A peça selecionada para esta coletânea foi extraída de seu disco de estreia e demonstra sua abertura a outras influências musicais.
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