A vovó mais feliz
Carlos Herculano Lopes
carloslopes.mg@diariosassociados.com.br
Estado de Minas: 11/10/2013
Carlos Herculano Lopes
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Estado de Minas: 11/10/2013
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Os dois se encontraram em um supermercado na Rua
Santa Catarina, no Santo Agostinho, em Belo Horizonte. Amigos de outros
tempos, há muito não se viam, embora morem perto, ali mesmo no bairro.
Ela empurrava um carrinho no qual ia colocando as compras da semana. Ele
tinha ido buscar pão e leite para o lanche da tarde, além de algumas
frutas. Teve um dia pesado de trabalho. Lá fora ventava, começava a
chover, e o engarrafamento, como sempre ocorre em situações assim, já se
fazia notar. Em pouco tempo, com certeza, o trânsito estaria parado.
Era forte o barulho dos trovões.
“O que você anda fazendo?”, ela perguntou ao homem, que caminhava a seu lado entre uma gôndola e outra. “Lutando como sempre, às vezes viajando, na batalha pela sobrevivência”, ele respondeu, enquanto Maria Eduarda – este era o nome da amiga – ia colocando as compras no carrinho. Várias outras pessoas faziam o mesmo. “E você?”, ele também quis saber. “Ah!, nem te conto, já sou vovó duas vezes, dá para acreditar?”, ela então abriu um sorriso, sem conseguir esconder a emoção ao revelar aquela novidade.
“São duas gracinhas, nunca pensei que ser avó fosse uma coisa tão boa”, completou, para, em seguida, pegar o celular e, com a cara mais feliz do mundo, mostrar ao amigo uma foto de duas meninas numa praia. “Esta é a Ludmila, a mais moreninha. A outra, que me puxou, é a Maria Thereza. São lindas, não?”
“Onde é este lugar?”, o homem quis saber. Àquela altura, tinha comprado o que precisava. Mas continuava ali, ao lado de Maria Eduarda, pois gostava muito dela. Além do mais, devia ter uns 10 anos que não a encontrava. “Nas Filipinas, para onde uma das minhas filhas se mudou há alguns meses. O marido dela é engenheiro de uma multinacional, e foi transferido para lá”, ela disse. Contou ainda que, antes disso, eles tinham morado no Uruguai, num bairro bem tranquilo de Montevidéu, aonde ela foi várias vezes.
“E você já esteve nas Filipinas?”, ele perguntou. “Fui a Manila no ano passado, queria estar perto de Diva na hora do parto. Graças a Deus correu tudo bem, e ficamos satisfeitas com os médicos de lá, que a assistiram muito bem”, a amiga respondeu, devolvendo o celular à bolsa. A chuva, lá fora, continuava com intensidade. Mas já não se ouviam os trovões. Daí a pouco, depois que pagaram as compras, ela lhe ofereceu uma carona, e ele aceitou, embora morasse a menos de três quarteirões do supermercado.
O engarrafamento, que havia tomado todo aquele trecho da Rua Santa Catarina, e também das avenidas do Contorno e Olegário Maciel, permitiu a eles conversarem mais um bom tempo. Ao deixá-lo na porta do prédio onde ele mora, Maria Eduarda, a vovó mais feliz do mundo, ainda disse, abrindo outro sorriso: “Quando minha filha vier aqui, vou ligar pra você conhecer minhas netinhas”. “Terei a maior alegria, está combinado”, ele respondeu, despedindo-se da amiga com um abraço. Nem notou que a chuva havia parado.
“O que você anda fazendo?”, ela perguntou ao homem, que caminhava a seu lado entre uma gôndola e outra. “Lutando como sempre, às vezes viajando, na batalha pela sobrevivência”, ele respondeu, enquanto Maria Eduarda – este era o nome da amiga – ia colocando as compras no carrinho. Várias outras pessoas faziam o mesmo. “E você?”, ele também quis saber. “Ah!, nem te conto, já sou vovó duas vezes, dá para acreditar?”, ela então abriu um sorriso, sem conseguir esconder a emoção ao revelar aquela novidade.
“São duas gracinhas, nunca pensei que ser avó fosse uma coisa tão boa”, completou, para, em seguida, pegar o celular e, com a cara mais feliz do mundo, mostrar ao amigo uma foto de duas meninas numa praia. “Esta é a Ludmila, a mais moreninha. A outra, que me puxou, é a Maria Thereza. São lindas, não?”
“Onde é este lugar?”, o homem quis saber. Àquela altura, tinha comprado o que precisava. Mas continuava ali, ao lado de Maria Eduarda, pois gostava muito dela. Além do mais, devia ter uns 10 anos que não a encontrava. “Nas Filipinas, para onde uma das minhas filhas se mudou há alguns meses. O marido dela é engenheiro de uma multinacional, e foi transferido para lá”, ela disse. Contou ainda que, antes disso, eles tinham morado no Uruguai, num bairro bem tranquilo de Montevidéu, aonde ela foi várias vezes.
“E você já esteve nas Filipinas?”, ele perguntou. “Fui a Manila no ano passado, queria estar perto de Diva na hora do parto. Graças a Deus correu tudo bem, e ficamos satisfeitas com os médicos de lá, que a assistiram muito bem”, a amiga respondeu, devolvendo o celular à bolsa. A chuva, lá fora, continuava com intensidade. Mas já não se ouviam os trovões. Daí a pouco, depois que pagaram as compras, ela lhe ofereceu uma carona, e ele aceitou, embora morasse a menos de três quarteirões do supermercado.
O engarrafamento, que havia tomado todo aquele trecho da Rua Santa Catarina, e também das avenidas do Contorno e Olegário Maciel, permitiu a eles conversarem mais um bom tempo. Ao deixá-lo na porta do prédio onde ele mora, Maria Eduarda, a vovó mais feliz do mundo, ainda disse, abrindo outro sorriso: “Quando minha filha vier aqui, vou ligar pra você conhecer minhas netinhas”. “Terei a maior alegria, está combinado”, ele respondeu, despedindo-se da amiga com um abraço. Nem notou que a chuva havia parado.
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