Humberto Corrêa
Professor titular de psiquiatria da Faculdade de Medicina-UFMG,
chefe do Departamento de Saúde Mental da UFMG, vice-presidente da Associação Mineira de Psiquiatria
Estado de Minas: 11/10/2013
Celebrou-se ontem (10
de outubro), como todos os anos, desde 1992, o Dia Mundial da Saúde
Mental. O tema escolhido pela Federação Mundial de Saúde Mental, apoiada
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para 2013, é Saúde mental e
adultos mais velhos. A intenção, já que não há muito que comemorar, é
colocar temas da saúde mental nas agendas dos governos e sensibilizar a
opinião pública em relação à importância do problema. Uma sociedade
mobilizada pode pressionar por melhores e mais eficientes serviços.
Não se trata de doenças do mundo moderno, uma vez que as doenças mentais são eminentemente humanas e existem desde que existe o homem. Possivelmente, uma das primeiras referências à doença mental está na Bíblia, no Livro dos Juízes, do Velho Testamento. Temos ainda, na tradição da medicina grega e na do Oriente, descrições detalhadas, próximas das atuais, do que seriam, por exemplo, depressão ou mania. No mundo, duas em cada 10 pessoas padecem de um transtorno mental. No Brasil, não é diferente. Cerca de 45 milhões de brasileiros têm ou já tiveram uma doença mental. Segundo dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 6 milhões de brasileiros sofrem com transtornos mentais graves e crônicos; outros 12 milhões, com problemas graves relacionados ao uso de álcool e outras drogas. Muitos outros milhões com quadros depressivos, demenciais, ansiosos e outros.
São problemas importantes de saúde pública, ainda, infelizmente, negligenciados, frequentemente não diagnosticados pelos profissionais de saúde e que carregam um estigma de raízes histórico-culturais, que fazem com que as pessoas relutem em procurar ajuda. Ao mesmo tempo causa, mas também consequência desses fatos, temos no Brasil uma assistência pública em saúde mental ainda deficiente, focada quase exclusivamente naquele que deveria ser apenas um dos elos de uma rede complexa e integrada de assistência, os Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
Os demais elos dessa rede, como leitos psiquiátricos de qualidade em hospitais gerais e serviços ambulatoriais de qualidade, são claramente insuficientes. Além do enorme sofrimento pessoal e familiar, o não tratamento adequado dos transtornos mentais acarreta gigantescos impactos. São afastamentos do trabalho, aposentadorias precoces, uma população de rua majoritariamente com doenças mentais, sem qualquer tipo de assistência, e, finalmente, o suicídio. No mundo, cerca de um milhão de pessoas se suicidam a cada ano, quase todas elas portadoras de um transtorno mental.
Em 2013, o tema central da campanha é Saúde mental e adultos mais velhos. Muito oportuno, tendo em vista a grande mudança que observamos no perfil etário populacional em todo o mundo. Segundo a OMS, entre os anos 2000 e 2050 passaremos de 600 milhões para mais de 2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos de idade. Estima-se que pelo menos 20% sofram de algum transtorno mental, os mais comuns sendo as demências e a depressão.
Esperemos que essa campanha sirva como um alerta para toda a sociedade. Passamos também, no nosso país, por um rápido processo de mudança no perfil etário. Não somos mais um país tão jovem, mas sim um país que envelhece rapidamente, sem que nos preparemos adequadamente para isso. Estamos desperdiçando, em função de nossas diversas mazelas, que incluem a falta de vontade política, boa parte do nosso bônus demográfico (este momento em que a maior parte da nossa população se encontra em idade produtiva), que poderia ser aproveitado para reformas estruturantes do nosso país na educação, na saúde e no sistema previdenciário. Caminhamos, inexoravelmente, para nos transformar em uma sociedade cada vez mais idosa e com um risco enorme de sermos também uma sociedade sem os recursos necessários, culturais, organizacionais e materiais, para fazer face aos vários desafios decorrentes, incluindo os relativos à saúde mental.
Não se trata de doenças do mundo moderno, uma vez que as doenças mentais são eminentemente humanas e existem desde que existe o homem. Possivelmente, uma das primeiras referências à doença mental está na Bíblia, no Livro dos Juízes, do Velho Testamento. Temos ainda, na tradição da medicina grega e na do Oriente, descrições detalhadas, próximas das atuais, do que seriam, por exemplo, depressão ou mania. No mundo, duas em cada 10 pessoas padecem de um transtorno mental. No Brasil, não é diferente. Cerca de 45 milhões de brasileiros têm ou já tiveram uma doença mental. Segundo dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 6 milhões de brasileiros sofrem com transtornos mentais graves e crônicos; outros 12 milhões, com problemas graves relacionados ao uso de álcool e outras drogas. Muitos outros milhões com quadros depressivos, demenciais, ansiosos e outros.
São problemas importantes de saúde pública, ainda, infelizmente, negligenciados, frequentemente não diagnosticados pelos profissionais de saúde e que carregam um estigma de raízes histórico-culturais, que fazem com que as pessoas relutem em procurar ajuda. Ao mesmo tempo causa, mas também consequência desses fatos, temos no Brasil uma assistência pública em saúde mental ainda deficiente, focada quase exclusivamente naquele que deveria ser apenas um dos elos de uma rede complexa e integrada de assistência, os Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
Os demais elos dessa rede, como leitos psiquiátricos de qualidade em hospitais gerais e serviços ambulatoriais de qualidade, são claramente insuficientes. Além do enorme sofrimento pessoal e familiar, o não tratamento adequado dos transtornos mentais acarreta gigantescos impactos. São afastamentos do trabalho, aposentadorias precoces, uma população de rua majoritariamente com doenças mentais, sem qualquer tipo de assistência, e, finalmente, o suicídio. No mundo, cerca de um milhão de pessoas se suicidam a cada ano, quase todas elas portadoras de um transtorno mental.
Em 2013, o tema central da campanha é Saúde mental e adultos mais velhos. Muito oportuno, tendo em vista a grande mudança que observamos no perfil etário populacional em todo o mundo. Segundo a OMS, entre os anos 2000 e 2050 passaremos de 600 milhões para mais de 2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos de idade. Estima-se que pelo menos 20% sofram de algum transtorno mental, os mais comuns sendo as demências e a depressão.
Esperemos que essa campanha sirva como um alerta para toda a sociedade. Passamos também, no nosso país, por um rápido processo de mudança no perfil etário. Não somos mais um país tão jovem, mas sim um país que envelhece rapidamente, sem que nos preparemos adequadamente para isso. Estamos desperdiçando, em função de nossas diversas mazelas, que incluem a falta de vontade política, boa parte do nosso bônus demográfico (este momento em que a maior parte da nossa população se encontra em idade produtiva), que poderia ser aproveitado para reformas estruturantes do nosso país na educação, na saúde e no sistema previdenciário. Caminhamos, inexoravelmente, para nos transformar em uma sociedade cada vez mais idosa e com um risco enorme de sermos também uma sociedade sem os recursos necessários, culturais, organizacionais e materiais, para fazer face aos vários desafios decorrentes, incluindo os relativos à saúde mental.
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