quinta-feira, 3 de outubro de 2013

EDUARDO ALMEIDA REIS - Favores‏

Se pedir um favor, peça-o ao mais ocupado entre os seus amigos. Por quê? Ora, porque o pedido vai representar um tiquinho na agenda do amigo



Estado de Minas: 03/10/2013 


Os procuradores do antigo Distrito Federal mereceram a alcunha de Marajás da República pelo prestígio político de suas famílias e dos que os nomearam. Mesmo sendo muito mais moço, tive a sorte de contar com três amigos entre eles. Bulir com um deles era mexer com a República dos Estados Unidos do Brasil. Nem todos eram luminares da ciência do direito, mas havia muitos que brilhariam no Judiciário. Com o passar dos anos, mesmo antes da invenção de Brasília, adotaram o concurso público para preenchimento dos cargos e a função perdeu a graça: bastava saber, ou ter sorte, ou conhecer os gabaritos das provas para passar.

Da velha guarda, um dos mais novos era o Guilherme Alah Batista, filho do Alah Batista, ex-presidente do Vasco. O rapaz era um dínamo. Além dos serviços de procurador, prestava favores a todos os colegas e morria de rir dos pedidos que lhe faziam de providências aparentemente muito trabalhosas. Incluía o pedido em sua imensa agenda e voltava com ele resolvido no final do dia.

Foi então que aprendi uma lição que recomendo ao leitor de Tiro & Queda: se pedir um favor, peça-o ao mais ocupado entre os seus amigos. Por quê? Ora, porque o pedido vai representar um tiquinho na agenda do amigo, que resolve o assunto com um pé às costas.

Se você pedir a um desocupado – e os há a montões – o favor passa a representar 100% das preocupações dele e você pode perder o amigo. Nessas condições, estou entre pedir o favor ao advogado Décio Freire ou ao também advogado Milton Fortes, que trabalha no imenso escritório do nosso amigo comum.

Acabo pedindo ao Milton, que reside na capital de todos os mineiros com incursões ao Retiro das Pedras, em Brumadinho, MG, enquanto o Décio divide o seu tempo entre BH, Rio, São Paulo, Cuiabá, Brasília, Lisboa, Nova York, Madri e Frankfurt.

Gênios


Sei que é desonesto transcrever ipsis litteris textos alheios, mas também seria desonestidade com os leitores do grande jornal dos mineiros deixar de transcrever algo interessantíssimo, que, suponho, a maioria não conhece. Portanto, aqui vai o texto da melhor supimpitude: “Chistian Heinrich Heinecken, que viveu apenas quatro anos, de 6 de fevereiro de 1721 a 22 de junho de 1725, tornou-se famoso como ‘a criança de Lübeck’ (Alemanha). Quando tinha mais ou menos dois anos e meio conhecia história e o Novo Testamento. Com três, sabia latim e francês. O único caso de precocidade que se aproxima dele é o de Kim Ung-Yong, de Seul, nascido a 7 de março de 1963, que com quatro anos escrevia (e publicava) poesia e falava coreano, inglês, alemão e japonês.

Com quatro anos e oito meses fazia operações de cálculo integral em um programa de televisão ao vivo em Tóquio, A Surpresa do Mundo. O QI não pode ser medindo nesta faixa de idade, mas o de Kim foi estimado em mais ou menos 210. Entre as personalidades conhecidas com um QI em mais ou menos 200 – em geral crianças-prodígio – estão Emanuel Swedenborg (1688-1772), Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) e John Stuart Mill (1806-1873)”.

Gostou? Foram somente 162 palavrinhas, cerca de 1/3 de página, de um livro interessantíssimo de 645 páginas. Não sei se há edição recente, mas nos sebos você pode comprar O Livro dos Fatos, de Issac Asimov, ele próprio um dos maiores QIs de que se tem notícia.

Dois e-mails

Num mesmo sábado de inverno recebo dois e-mails, o primeiro de um magistrado aposentado, casado com procuradora federal, e o segundo de um jornalista, acadêmico e autor de vários livros de sucesso.

O magistrado mandou-me 100 obras-primas de música clássica para ouvir on-line. O e-mail do jornalista traz 3.000 filmes (três mil!) sobre sexo. Ainda que o destinatário veja dois por dia, são 1.500 filmes ou quatro anos de cinema pornô. Salvo melhor juízo, é muita pornografia, mas vou repassar o presente aos amigos de uma lista chamada barrapesada, em que todos os destinatários fazem um quadro de lubricidade senil. Quanto às obras-primas on-line, tenho música para um mês inteiro. Muito obrigado.

O mundo é uma bola

3 de outubro de 1392: Muhammed VII al-Musta‘in torna-se o 12º rei nasrida de Granada para reinar até a sua morte em 1408. Aquele sinal entre Musta e in me deu um trabalho danado, porque cismava de apontar para o outro lado.

Em 1863, Abraham Lincoln estabelece a última quinta-feira de novembro como o Dia de Ação de Graças, isto é, Thanksgiving Day. Em 1929, o reino dos Sérvios, Eslovenos e Croatas passou a chamar-se oficialmente Iugoslávia. Em 1930, Getúlio Vargas, Góis Monteiro e Osvaldo Aranha articulam o golpe final contra a República Velha, odioso período de parlamentares honestos e alfabetizados.

Em 1931, pela primeira vez, entra em vigor no Brasil o famigerado Horário de Verão. Em 1932, independência do Iraque. Em 1950, Getúlio Vargas é eleito presidente do Brasil com 48% dos votos válidos. Em 1953, criação da Petrobrás, hoje sem acento e sem rumo.

Ruminanças


“É melhor ser velhaco do que trouxa” (Flaubert, 1821-1880).

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