quinta-feira, 24 de outubro de 2013

PRÉ-SAL » Sem alta na bomba‏

Preço de gasolina não será reajustado para pagar R$ 6 bi devidos pela Petrobras pelo Campo de Libra, diz Foster


Paulo Silva Pinto

Estado de Minas: 24/10/2013 



Brasília – Depois de passar duas horas reunida com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, no gabinete dele, em Brasília, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse que a empresa não terá dificuldades para pagar os R$ 6 bilhões devidos até o próximo mês pela assinatura do contrato de exploração do Campo de Libra. "O caixa da Petrobras está muito bem. Vai chegar ao final do ano conforme planejado no início do ano. Tem como pagar os R$ 6 bi", afirmou. "Nossa produção começa a aumentar no quarto trimestre. E quem produz mais petróleo precisa buscar menos recursos no mercado (financeiro)." Mantega é presidente do Conselho de Administração da Petrobras, que se reúne no Rio de Janeiro na sexta-feira, quando será divulgado o balanço trimestral da empresa. 

Ao falar com jornalistas após o encontro, Graça Foster descartou a necessidade de aporte de capital de seu acionista controlador, o Tesouro Nacional, para o pagamento do bônus. Disse que tampouco será preciso fazer algo que é frequentemente reivindicado por ela: reajustar os preços cobrados nas refinarias e repassados pelos postos aos consumidores. "Não tratamos do assunto aumento de combustíveis. Tratamos de Libra", desconversou ela.

O adiamento da decisão de mexer nos valores cobrados nas bombas por parte do governo, com o objetivo de segurar a inflação, é apontado por analistas como um dos principais fatores responsáveis pela queda nas margens de lucro da Petrobras, o que tem elevado seu endividamento. Ainda assim, Graça Foster disse que, em duas horas de conversa com Mantega, nem um minuto sequer foi dedicado a isso. As ações ordinárias da empresa, com direito a voto, caíram ontem 1,78%. As preferenciais, priorizadas na distribuição de dividendos, fecharam em baixa de 1,18% em relação à véspera.

O campo de Libra, o primeiro do pré-sal brasileiro a ser oferecido ao mercado, foi leiloado na segunda-feira e teve apenas uma proposta, do consórcio formado por Petrobras, a francesa Total, a anglo-holandesa Shell e as estatais chinesas CNPC e CNOOC. A Petrobras, que já seria a operadora do consórcio e ficaria com 30% de participação, independentemente do resultado, ampliou a fatia em 10 pontos, elevando-a para 40%. A Total e a Shell ficaram cada uma com 20%. As chinesas, separadamente, com fatias de 10%.


INVESTIMENTOS Para o governo, foi um alívio ver duas empresas europeias com 40% do consórcio vencedor. Além da credibilidade, pela tradição, o que agrada é o fato de que essas empresas são movidas pela maximização de lucros. Com isso, tentarão tirar o óleo de Libra o mais rapidamente possível. Empresas estatais asiáticas, sobretudo chinesas, costumam ser movidas por outros propósitos além da rentabilidade. Têm, sobretudo, interesses geopolíticos, que incluem a manutenção de reservas estratégicas de petróleo para consumo no longo prazo.

Para Mantega, a demanda por equipamentos para a exploração do pré-sal vai elevar significativamente a taxa de investimentos no Brasil. Somente no caso das sondas de perfuração, com custo unitário de mais de US$ 1 bilhão, será necessária ao menos uma dezena.

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