sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Vandalismo contra o movimento social‏

Vandalismo contra o movimento social 

Maria Amélia Bracks Duarte
Procuradora do Trabalho em Minas Gerais

Estado de Minas: 01/11/2013



O pior que pode acontecer a um povo é não acreditar em suas instituições e não respeitá-las. Grandes revoluções acontecem se os valores dos governantes encontram-se em assintonia com as esperanças dos seus cidadãos. Movimentos libertários resultam da luta pela conquista de princípios vilipendiados pelos representantes do poder. Por isso, a relevância do momento histórico vivido, recentemente, no Brasil: a confissão, por dirigentes partidários, agentes políticos e expressivas autoridades da República, de violações da legislação eleitoral, tributária e penal, sem constrangimentos, sem pudor, sem medo de punição e com total descrédito à apreciação judicial dos fatos revelados.

No entanto, com um sinal de liberdade, desde junho, a população foi às ruas, clamando por redução de tarifas de ônibus, protestando por melhorias na educação, saúde, combate à corrupção, e tudo que revela a face nobre da democracia. Ocorre que, julgados os mensaleiros, essas mobilizações cessaram, os movimentos sociais se calaram, obedientes e distantes do que antes pleiteavam com berros e gritos.
Agora, ao meio de legítimos direitos postulados por professores do RJ, ou reivindicação de transporte público gratuito em SP, misturam-se bandidos escamoteados de estudantes progressistas, vilões que depredam o patrimônio público, picham museus; corja de vândalos escondidos em capuzes pretos, que enfrenta policiais, quebram vitrines de empresas privadas, depredam caixas eletrônicos de banco, destroem os terminais de bilhetes dos metrôs, incendeiam ônibus, apedrejam trabalhadores, danificam orelhões, causam incalculável prejuízo à nação, enquanto os policiais recuam com seus escudos, receosos do rótulo que lhes imporão os pseudodefensores dos direitos humanos dos marginais.

Policiais são afrontados fisicamente, impedidos de conter o tumulto e as depredações com spray de pimenta, bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, enquanto assistem — inertes e perfilados — manifestantes atirarem pedras, virarem o carro da autoridade na frente das câmeras de TV, sem temor, com ousadia e violência, certos do beneplácito de leis brandas e da compreensão de indivíduos comprometidos com a impunidade.

Causou repulsa a cena do comandante do Policiamento do Centro de SP, Reynaldo Rossi, ajoelhado e pisoteado por manifestantes, numa relação simbiótica com os black blocs, chutado e humilhado na integridade de quem leva a segurança às ruas, machucado por um bando de malandros encapuzados, que induz o terror à população, que vulgariza o movimento social legítimo. O PM teve escoriações em todo o corpo e quebrou uma clavícula depois de receber golpes com tábuas.

O que se vê é a desordem, a bagunça, o confronto, a insegurança, o tumulto leviano, o terror espalhado nas cidades, o vandalismo sendo protegido pelo Judiciário, tolerado pela imprensa brasileira. Esses atos não são democráticos: têm que ser punidos com rigor; esse não é o exemplo de futuro que queremos para nossos filhos e netos: isso é desordem, tirania de prepotentes que não temem a lei. Se policiais ou autoridades cometem excessos – e o fazem – que sejam igualmente punidos disciplinarmente, com severidade; julgados, condenados e presos. O que o Brasil não pode tolerar é a passeata violenta e armada, que assusta a população, que depreda concessionárias de veículos, que saqueia lojas, que explode ônibus. Esses manifestantes merecem o repúdio dos brasileiros, porque essa luta não é legítima, não é protegida pelo Estado democrático de direito, não tem o respaldo da legalidade: é anarquia, é covardia, é crime, é barbárie. É uma vergonha para o país.

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