Cara de tacho, não
Arnaldo Viana - arnaldoviana.mg@diariosassociados.com.br
Estado de MInas: 25/01/2014
Ah, minha cara
senhora, aqui estou eu com minhas veias furadas, escavadas. Algumas até
com o fluxo invertido. É para correr o move, o BRT, embora prefira
chamá-lo de ônibus articulado. Recebo-o como uma emergência, ou melhor,
uma proposta, safena para desafogar minhas artérias. Será, cara senhora,
filha minha, lembra-se? Dedico esta data para, mais uma vez, receber
suas promessas, que, há anos, me estufam o orgulho. Dizem que promessa
não enche barriga, mas que dá um baita lustro no ego, isso dá.
É a quarta ou quinta vez que as ouço de sua voz firme, de comandante-geral. Ouço-as com esperança. Os filhos, seus irmãos naturais e adotados, as recebem com ar de deboche. Dizem que não tomo vergonha por ter ficado essas vezes todas com cara de tacho. Sabe, cara de tacho? É uma expressão do sertão mineiro. Cara de decepção. Vão falar ainda que demorei a comentar sua visita. Mas é que esperei chegar 2014, ano de Copa, de eleições. Tempo oportuno. Sabe como é, né?
A senhora prometeu, de novo, dinheiro para o metrô. Linha 3, da Lagoinha à Savassi. Há quem diga que nesse trecho, em termos de mobilidade, quase nada muda. Mas já é alguma coisa. Não entendi a linha entre Santa Tereza e a Praça Raul Soares. Maldosos dizem que é para a galera frequentadora do restaurante do Marilton, do Temático e do bar do Chumba fazer um rolezinho nos bares do Mercado Central. Transporte oportuno nesses tempos de Lei Seca. Rolezinho – coisa da moda, não?
Minhas vizinhas também estão eufóricas. É que no pacote anunciado pela senhora há uma linha metropolitana entre o Bairro Novo Eldorado, em Contagem, e o Belvedere, em BH; o corredor metropolitano Norte, para o BRT, da Avenida Vilarinho ao Terminal Justinópolis, em Ribeirão das Neves, e da MG-010, em Vespasiano, à Avenida Vilarinho. E uma espichada do ônibus articulado até Santa Luzia. Ah, é de emocionar.
Não vou falar de tudo, mas dois outros projetos me deixaram arrepiada: a Via 210, para facilitar o acesso do Barreiro ao Centro, e vice-versa, e ao sistema de metrô; e a Via 710, ligação das avenidas Dos Andradas e Cristiano Machado.
Esse pacotão, se é, de tudo, serventia ou não, vai me deixar mais bonita que filha de costureira. Lembro-me da senhora lá na Serraria Souza Pinto, com o governador e o prefeito, toda poderosa, hein? Claro, né, tem a chave do cofre... Desta vez, não me deixe como noiva abandonada no altar. Cara de tacho, não. Não quero. E mais um pedido: passe um pito no seu povo para assinar logo a autorização para o início da duplicação da BR-381, chamada de Rodovia da Morte. Ninguém merece tanta burocracia.
É a quarta ou quinta vez que as ouço de sua voz firme, de comandante-geral. Ouço-as com esperança. Os filhos, seus irmãos naturais e adotados, as recebem com ar de deboche. Dizem que não tomo vergonha por ter ficado essas vezes todas com cara de tacho. Sabe, cara de tacho? É uma expressão do sertão mineiro. Cara de decepção. Vão falar ainda que demorei a comentar sua visita. Mas é que esperei chegar 2014, ano de Copa, de eleições. Tempo oportuno. Sabe como é, né?
A senhora prometeu, de novo, dinheiro para o metrô. Linha 3, da Lagoinha à Savassi. Há quem diga que nesse trecho, em termos de mobilidade, quase nada muda. Mas já é alguma coisa. Não entendi a linha entre Santa Tereza e a Praça Raul Soares. Maldosos dizem que é para a galera frequentadora do restaurante do Marilton, do Temático e do bar do Chumba fazer um rolezinho nos bares do Mercado Central. Transporte oportuno nesses tempos de Lei Seca. Rolezinho – coisa da moda, não?
Minhas vizinhas também estão eufóricas. É que no pacote anunciado pela senhora há uma linha metropolitana entre o Bairro Novo Eldorado, em Contagem, e o Belvedere, em BH; o corredor metropolitano Norte, para o BRT, da Avenida Vilarinho ao Terminal Justinópolis, em Ribeirão das Neves, e da MG-010, em Vespasiano, à Avenida Vilarinho. E uma espichada do ônibus articulado até Santa Luzia. Ah, é de emocionar.
Não vou falar de tudo, mas dois outros projetos me deixaram arrepiada: a Via 210, para facilitar o acesso do Barreiro ao Centro, e vice-versa, e ao sistema de metrô; e a Via 710, ligação das avenidas Dos Andradas e Cristiano Machado.
Esse pacotão, se é, de tudo, serventia ou não, vai me deixar mais bonita que filha de costureira. Lembro-me da senhora lá na Serraria Souza Pinto, com o governador e o prefeito, toda poderosa, hein? Claro, né, tem a chave do cofre... Desta vez, não me deixe como noiva abandonada no altar. Cara de tacho, não. Não quero. E mais um pedido: passe um pito no seu povo para assinar logo a autorização para o início da duplicação da BR-381, chamada de Rodovia da Morte. Ninguém merece tanta burocracia.
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