Pedrinhas é coisa nossa
Ronaldo de Castro Garcia - Advogado, sócio do escritório Ronaldo Garcia e Advogados Associados, especialista em ciências criminais
Estado de Minas: 21/01/2014
Em qualquer roda de
conversas temos o exemplo claro do brasileiro típico: sempre que
podemos, mostramos nossa vocação natural de juízes sobre quaisquer
assuntos. Temos opinião formada sobre tudo e todos e é com essa
qualidade inata que vamos aos poucos construindo nossa sociedade e todas
as instituições que a sustentam. Rotineiro ouvir que bandido bom é
bandido morto, que polícia tem mais é que bater em vagabundo e que os
direitos humanos só servem para ajudar os bandidos. Pois bem, com essa
nossa visão extraordinária de mundo estamos construindo algo que ninguém
poderá nos roubar, trilhamos um caminho com destino certo ao lugar que
sempre almejamos e poderemos finalmente comemorar uma vitória, seremos a
verdadeira materialização do absoluto fracasso humano. Todas as
recentes notícias corroboram com a ideia que estamos quase conseguindo
esse sucesso triste. Formamos um povo que é ferrenho crítico de si
mesmo, que ao se comparar a qualquer outro se vê em desvantagem em
qualquer aspecto. Temos governantes que trabalham arduamente para si
mesmos, enquanto a engenharia legislativa nacional não para de produzir
leis absurdas. Temos um judiciário moroso, sobrecarregado, que em vez de
realizar bem o seu trabalho, tenta de forma equivocada usurpar a função
mal realizada pelo Legislativo, mas tudo isso ainda não é suficiente.
Vivemos em um país de dimensões continentais com uma diversidade de povos dentro de um mesmo povo, até índios temos, apesar de lutarmos arduamente para acabar com eles. Nós nos odiamos enquanto povo e não nos importamos com o que acontece do outro lado do muro de nossas casas, a dor do vizinho não nos dói e seus gritos de socorro não mais nos incomodam. Mantemos nossos televisores ligados nos programas policialescos e clamamos por leis penais mais severas, queremos diminuir a maioridade penal, queremos mais prisões, mesmo que o dinheiro empregado seja em detrimento de menos escolas. As notícias que chegam dos homicídios bárbaros que ocorreram no presídio em Pedrinhas, no Maranhão, não vão mudar a trajetória que estamos a percorrer. Os presídios em todo o país, em sua maior parte, continuarão sendo depósitos desumanos de pessoas, a população carcerária e sua tendência absurda ao crescimento formam uma enorme sujeira e precisamos sumir com esse problema. Não há que se falar em ressocialização, não é para isso que criamos as nossas prisões, elas foram criadas apenas para prender aqueles que julgamos não pertencer ao mundo dos livres, ainda que grande parte não tenha tido oficialmente julgamento algum.
Com a divulgação dos vídeos dos presos decapitados vários articulistas se empenharam em creditar a atrocidade à “Monarquia Maranhense”, como se o desserviço que prestamos não tivesse participação no evento. Não podemos permitir tal engano, já que, diariamente, com nosso jeitinho brasileiro, burlamos as regras do jogo. Com nosso voto elegemos os piores, com nosso clamor e estupidez as leis vão se recrudescendo; com a nossa preguiça a mentira, o retrocesso e a patifaria ganham corpo. Assim, não permitiremos que nos furtem todo o crédito, afinal não foi nada fácil construir essa realidade. Pedrinhas é coisa nossa!
Vivemos em um país de dimensões continentais com uma diversidade de povos dentro de um mesmo povo, até índios temos, apesar de lutarmos arduamente para acabar com eles. Nós nos odiamos enquanto povo e não nos importamos com o que acontece do outro lado do muro de nossas casas, a dor do vizinho não nos dói e seus gritos de socorro não mais nos incomodam. Mantemos nossos televisores ligados nos programas policialescos e clamamos por leis penais mais severas, queremos diminuir a maioridade penal, queremos mais prisões, mesmo que o dinheiro empregado seja em detrimento de menos escolas. As notícias que chegam dos homicídios bárbaros que ocorreram no presídio em Pedrinhas, no Maranhão, não vão mudar a trajetória que estamos a percorrer. Os presídios em todo o país, em sua maior parte, continuarão sendo depósitos desumanos de pessoas, a população carcerária e sua tendência absurda ao crescimento formam uma enorme sujeira e precisamos sumir com esse problema. Não há que se falar em ressocialização, não é para isso que criamos as nossas prisões, elas foram criadas apenas para prender aqueles que julgamos não pertencer ao mundo dos livres, ainda que grande parte não tenha tido oficialmente julgamento algum.
Com a divulgação dos vídeos dos presos decapitados vários articulistas se empenharam em creditar a atrocidade à “Monarquia Maranhense”, como se o desserviço que prestamos não tivesse participação no evento. Não podemos permitir tal engano, já que, diariamente, com nosso jeitinho brasileiro, burlamos as regras do jogo. Com nosso voto elegemos os piores, com nosso clamor e estupidez as leis vão se recrudescendo; com a nossa preguiça a mentira, o retrocesso e a patifaria ganham corpo. Assim, não permitiremos que nos furtem todo o crédito, afinal não foi nada fácil construir essa realidade. Pedrinhas é coisa nossa!
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