Paulo de Tarso Lyra
e Daniela Garcia
Estado de Minas: 21/01/2014
Brasília – Durante
cinco horas de reunião no Palácio da Alvorada, o provável núcleo central
da campanha de Dilma Rousseff à reeleição – o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Franklin
Martins, o chefe de gabinete de Dilma, Giles de Azevedo, e o ministro da
Educação e futuro titular da Casa Civil, Aloizio Mercadante – discutiu a
conjuntura política, incluindo as mudanças na Esplanada, os cuidados
para que a Copa do Mundo não se transforme em um pesadelo para o
Planalto e as ações voltadas para a educação em um eventual segundo
mandato. A única ausência foi a do marqueteiro João Santana, não
convidado estrategicamente para evitar questionamentos da oposição sobre
uma reunião de campanha em pleno dia útil de trabalho e no horário de
expediente da presidente.
Além de Giles de Azevedo, o único integrante do primeiro escalão a participar do encontro foi Mercadante, convidado, durante o fim de semana, para assumir a Casa Civil no lugar de Gleisi Hoffmann. Ela pretende concorrer ao governo do Paraná. Mercadante, inclusive, já despachou parte do dia de ontem no Planalto, preparando a transição de pastas, que será consumada tão logo Gleisi retorne das férias, na quinta-feira.
A mudança abre espaço para que o atual secretário-executivo do Ministério da Educação, Henrique Paim, assuma o cargo de titular. Paim conta com a simpatia da presidente Dilma e do próprio Mercadante, que pretende indicar o sucessor. Ele também quer manter Marco Antonio Raupp no Ministério de Ciência e Tecnologia, pasta que está sendo cobiçada pelo PSD de Gilberto Kassab.
O porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, não quis confirmar o convite feito pela presidente a Mercadante. “As mudanças serão anunciadas depois do retorno da viagem da presidenta à Suíça e a Cuba (no fim do mês)”, declarou. Mas Dilma deve conversar ainda hoje com o provável futuro ministro da Saúde, Arthur Chioro. Ele deve assumir a vaga do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo.
Dilma também se reuniu ontem, no fim da tarde, com o ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), que deixará a pasta para concorrer ao governo do Rio de Janeiro. Crivella lidera, até o momento, as pesquisas de intenção de voto e já confirmou que dará palanque a Dilma.
No Rio, Dilma e Lula lutam para conter a briga entre o PT e o PMDB. Pré-candidato petista ao governo estadual, o senador Lindbergh Farias confirmou que a legenda desembarcará da administração fluminense em 28 de fevereiro. Ato contínuo, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), confirmou que renunciará ao mandato para concorrer ao Senado. O gesto reforçará a campanha do atual vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), que disputará o Executivo local.
COPA Antes das eleições, entretanto, o grande evento esportivo do ano no país, a Copa do Mundo, tem tirado o sono de Dilma e dos ministros mais próximos, incluindo os que deixarão a pasta na reforma ministerial que se desenha. Na semana passada, o Estado de Minas mostrou que a presidente pretende fazer, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um mutirão para evitar rebeliões nos presídios situados nas 12 cidades sede dos jogos. Ela não quer que se repitam as cenas de selvageria que ocorreram no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão.
Dilma também está preocupada com o nível de enfrentamento que o torneio provocará na sociedade. No início do ano, circulou nas redes sociais a hashtag #naovaitercopa, em alusão às manifestações que devem ocorrer no país. O PT reagiu e mandou o recado em sua página em uma grande rede social: #vaitercopa. O governo reconhece que, em junho, as manifestações de rua devem voltar, com mais intensidade. Como as obras de infraestrutura e mobilidade urbana estão atrasadas e os aeroportos tendem a não ficar prontos a tempo de receber os turistas, a tendência é que o nível de insatisfação aumente.
Uma das principais bandeiras da primeira campanha, Dilma deve dar mais atenção ao setor em um eventual segundo mandato. A presidente se apoia nos royalties do pré-sal para dar um salto na educação, prometido por ela quatro anos atrás, mas que ainda não efetivamente concretizado. Dilma tem o programa Ciência Sem Fronteiras para apresentar, mas a grande marca do primeiro mandato deverá ser o Mais Médicos, no campo da Saúde.
DE VOLTA AO COMEÇO
Curado de um câncer na laringe há sete meses, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está novamente de barba – embora mais rala e branca –, uma de suas marcas registradas desde que iniciou sua carreira política no fim dos anos 1970. Ele havia tirado a barba no fim de 2011, em função da quimioterapia. Para se antecipar à queda de fios causada pelo tratamento, Lula deixou que ex-primeira-dama Marisa Letícia raspasse sua barba e seu cabelo. A foto foi tirada durante a reunião do ex-presidente com a presidente Dilma, ontem à tarde, no Palácio do Planalto.
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