quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Sucesso é com ele - Ana Clara Brant

Sucesso é com ele
 
Autor de mais de 2 mil canções, Michael Sullivan lança disco com seus maiores hits nas vozes de Ney Matogrosso, Sandy, Fernanda Takai, Gal Costa, Fagner e Roberta Sá


Ana Clara Brant
Estado de Minas: 19/02/2014



Compositor de Me dê motivo, sucesso de Tim Maia, Sullivan tem parcerias com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown (Leo Aversa/Divulgação  )
Compositor de Me dê motivo, sucesso de Tim Maia, Sullivan tem parcerias com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown


Ele nasceu Ivanilton de Souza Lima, mas acabou sendo “batizado” por uma lista telefônica de Nova York, com o nome de Michael Sullivan. O cantor e produtor, de 63 anos, que está completando quatro décadas de composição, está por trás de grandes sucessos e acaba de lançar o CD Mais forte que o tempo (Sony Music), com 17 faixas do seu repertório regravadas por vários artistas da MPB. “Minha primeira música foi My life e a gravadora sugeriu que eu mesmo cantasse. Só que meu nome não era muito artístico. E, como eu gostava muito de Michael Jackson, faltava um sobrenome. A gente dedilhou o catálogo e apareceu Sullivan”, explica.
Com cerca de 2 mil composições, sendo 1,4 mil gravadas e quase metade no topo das paradas, ele se tornou conhecido não só no Brasil. São dele hits como Whisky a go go, Joga fora, Me dê motivo, Talismã, Um sonho a dois e Abandonada. Canções, aliás que estão no disco e ganharam novas versões na voz de Ney Matogrosso, Sandy, Fernanda Takai, Gal Costa, Fagner, Adriana Calcanhotto e Roberta Sá. “Realmente não é tarefa fácil selecionar apenas 17 músicas num universo de mais de mil. Mas me preparei muito para este projeto e é uma resposta contemporânea à minha obra. O disco demarca novos caminhos e é uma homenagem aos meus 40 anos compondo. É um trabalho de muita emoção e felicidade”, celebra.

Apesar de estar registrado na Ordem dos Músicos como cantor – Michael chegou a ter uma carreira de intérprete e soltou a voz nas bandas The Fevers e Renato e seus Bluecaps –, foi na criação que ele se destacou. E compôs para os mais variados estilos e artistas. Do sertanejo ao pop, passando pela MPB, funk, forró, infantil e axé. E o que explica tamanha diversidade? “Não sou especialista. Sou um artista livre, plural. É a música que me usa e não o contrário. E não tenho preconceito nem conceito com relação a nenhum tipo de arte. É o tempo que vai dizer o que vai ficar ou não, por isso, o nome do disco é mais do que apropriado”, resume.

Mesmo dizendo que se tornou compositor e produtor por acaso, não há como negar que o ofício virou a sua marca registrada. Quando começou, muita gente estava criando em inglês. Tomou gosto pela coisa e no fim dos anos 1970 conheceu um parceiro bem frequente: Paulo Massadas. Uma dupla dinâmica de hits. Os dois bateram recorde, que foi parar no Guiness, como a dupla de compositores com maior número de discos nas paradas de sucessos no menor espaço de tempo. Depois de 15 anos juntos, decidiram dar um tempo. “Já faz uns 20 anos que estamos separados e não voltamos mais. O mercado mudou, se segmentou e dei uma atualizada nos meus parceiros, assim como um computador que atualiza o sistema. A gente tem que se modernizar”, justifica.

Bailão e crianças Michael Sullivan, que também toca violão, ensinado pelo grande amigo Tim Maia, assegura que está aberto a todo tipo de novidade e que não parou no tempo. Tem criado ao lado de nomes como Alice Caymmi, Zeca Baleiro, Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, entre outros. “Não tenho um universo particular. Sou o universo que explode e tem sempre que se renovar. Por isso ouço de tudo e sou receptivo a tudo e a todos”, filosofa o músico, que quer trazer a Belo Horizonte tanto a turnê de Mais forte que o tempo, como a do Bailão do Sullivan.

Outra faceta do artista, que teve muito êxito, foi sua incursão pelas trilhas infantis. Compôs aproximadamente 350 músicas para Xuxa (Lua de cristal, Brincar de índio, Parabéns da Xuxa, Arco-íris), Trem da Alegria (Uni-duni-tê, É de chocolate, He-Man), Angélica (Na hora de dormir, Fada bela, Ciúme, Cuida de mim), TV Colosso (Eu não largo o osso) e até Renato Aragão, com Amigos do peito, tema do Criança Esperança e da Unicef. “Essas músicas não foram encomendadas e foi tudo fruto da minha cabeça. Achei que na época as canções para crianças estavam meio bobas, infantiloides, e aí criamos algo para os pequenos, mas com arranjos de adulto. Eram peças bem trabalhadas e graças a Deus foram um sucesso danado. É ótimo ter todo esse reconhecimento”, conclui.

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