Sobre onças
Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 21/03/2014
Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 21/03/2014
Nascido no Vale do
Rio Doce, onde vivi até a adolescência, cresci ouvindo histórias sobre
onças. Meu pai, que quando criança costumava acompanhar a tropa de
burros do meu avô, numa jornada de Coluna até Diamantina levava sete
dias, contava muitas delas. Algumas de arrepiar os cabelos, como da vez
em que uma suçuarana (vá acreditar!) chegou a arrastar o couro no qual
dormia. “Era uma bicha enorme, pesava mais de 100 quilos, vocês
precisavam ver que situação...”, dizia para mim e minhas irmãs, sempre à
noite, antes de irmos para a cama. Os pesadelos eram inevitáveis.
Histórias outras, que envolviam os eternos embates das onças com o coelho (esse sempre levava vantagem pela sua esperteza), também eram frequentes. Ouvi-las era uma espécie de encantamento. No fim dos anos de 1960, quando vim para Belo Horizonte de caminhão com meus tios, passando pela Serra do Cipó, num determinado momento da travessia, para a nossa surpresa, uma delas pulou no meio da estrada, nos proporcionando uma visão da qual – tanto tempo passado – ainda não me esqueci.
Anos depois, já com alguns livros publicados, quando fui a Carajás, no interior do Pará, na companhia do cartunista Mário Vale, para falar aos alunos do Colégio Pitágoras, outra imagem inesquecível: em um zoológico natural mantido pela Vale do Rio Doce (obviamente, protegido por grades), fiquei a menos de um metro de distância de uma onça negra, enorme. Gritava, batia palmas, mexia na cerca e ela nada. Apenas me olhava, dentro dos olhos, majestosamente, com a pontinha do rabo balançando.
Se estou contando tudo isso é também para dizer que, recentemente, recebi correspondência de Adalton Barbosa, secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Coluna. Nela, ele diz que as onças, sobretudo as suçuaranas, voltaram a aparecer com frequência nas imediações na cidade, em torno das matas que fazem limite com Frei Lagonegro, na comunidade do Pasmado. É um corredor natural, que leva ao Parque Estadual da Serra Negra, na vizinha Itamarandiba. “Devido ao desmatamento, elas estão atacando os rebanhos na região e já mataram dezenas de animais”, relata.
Dia desses, no Facebook, numa outra mensagem postada pelo secretário, ele volta a falar desses felinos, que precisam, para sobreviver, de um território de cerca de 60 quilômetros: Numa fotografia feita na estrada que passa por Itamarandiba, vê-se uma linda suçuarana morta. Igualzinha àquelas das histórias que meu pai contava. Talvez tenha sido atropelada ou foi vítima de algum caçador. Uma pena.
Histórias outras, que envolviam os eternos embates das onças com o coelho (esse sempre levava vantagem pela sua esperteza), também eram frequentes. Ouvi-las era uma espécie de encantamento. No fim dos anos de 1960, quando vim para Belo Horizonte de caminhão com meus tios, passando pela Serra do Cipó, num determinado momento da travessia, para a nossa surpresa, uma delas pulou no meio da estrada, nos proporcionando uma visão da qual – tanto tempo passado – ainda não me esqueci.
Anos depois, já com alguns livros publicados, quando fui a Carajás, no interior do Pará, na companhia do cartunista Mário Vale, para falar aos alunos do Colégio Pitágoras, outra imagem inesquecível: em um zoológico natural mantido pela Vale do Rio Doce (obviamente, protegido por grades), fiquei a menos de um metro de distância de uma onça negra, enorme. Gritava, batia palmas, mexia na cerca e ela nada. Apenas me olhava, dentro dos olhos, majestosamente, com a pontinha do rabo balançando.
Se estou contando tudo isso é também para dizer que, recentemente, recebi correspondência de Adalton Barbosa, secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Coluna. Nela, ele diz que as onças, sobretudo as suçuaranas, voltaram a aparecer com frequência nas imediações na cidade, em torno das matas que fazem limite com Frei Lagonegro, na comunidade do Pasmado. É um corredor natural, que leva ao Parque Estadual da Serra Negra, na vizinha Itamarandiba. “Devido ao desmatamento, elas estão atacando os rebanhos na região e já mataram dezenas de animais”, relata.
Dia desses, no Facebook, numa outra mensagem postada pelo secretário, ele volta a falar desses felinos, que precisam, para sobreviver, de um território de cerca de 60 quilômetros: Numa fotografia feita na estrada que passa por Itamarandiba, vê-se uma linda suçuarana morta. Igualzinha àquelas das histórias que meu pai contava. Talvez tenha sido atropelada ou foi vítima de algum caçador. Uma pena.
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