Dinheiro
Estado de Minas: 10/03/2014
Diverte-me sobremaneira observar como as pessoas lidam com dinheiro, essa praga inventada no Reino da Lídia pelo rei Giges (?-644 a.C.), o primeiro da Dinastia Mermnada. Seu reinado durou de 680 até o ano de 644 a.C. Filho de Dascylus, Giges assassinou Candaules, o rei anterior, e se casou com a viúva. Seu filho e sucessor foi Ardis II.
Talvez não tenha sido o primeiro a cunhar moedas, mas há quem diga que o dinheiro começou a ser cunhado na Lídia. Não sei, porque não estava lá, mas no site do Banco Cabo Verde li que as pesquisas arqueológicas indicam que as moedas surgiram há quase 4 mil anos, talvez por volta de 2.500 a.C., o que tornaria o dinheiro tão antigo quanto as pirâmides do Egito. Que dinheiro? Não sei. O próprio Banco de Cabo Verde informa que as primeiras moedas surgiram no século 7 a.C. no reino da Lídia, hoje numa região da Turquia.
Em BH andei almoçando com mineiros abastados e descobri que, em sua abastança, não transportam dinheiro vivo. Pagam suas contas no cartão e pedem nota, que é para descontar no imposto de renda empresarial. A gorjeta para o flanelinha ficava por conta do philosopho, que não sai de casa sem uns trocados no bolso.
Negócios no ramo do petróleo fazem que os envolvidos percam a noção das coisas. É tudo tão caro, envolvendo centenas de milhões de dólares, que um automóvel de um milhão de reais e uma diária de hotel de 30 mil reais são considerados troco.
Se a sua empresa compra na Escócia uma plataforma de perfuração de petróleo, você freta um Boeing e leva 150 amigos para Glasgow, tudo por conta da empresa. Um saudoso amigo-irmão, ele próprio empresário no ramo petrolífero, embarcou num desses voos e me trouxe um garrafão de cinco litros de um pure malt dos mais conceituados por lá, o Glenmorangie. Antes, perguntou ao maître do restaurante chiquíssimo qual era o melhor uísque da Escócia. Empertigado em sua casaca, o maître respondeu: The free one. Algo assim como “O de graça”.
Opinião
Como é do conhecimento geral, o ministro petista Aloizio Mercadante Oliva, um dos homens fortes dos presidentes Lula e Rousseff, é um dos seis filhos do general de exército Oswaldo Muniz Oliva, reformado, que disse do governo militar de 1964: “Sem a Revolução de 1964, o Brasil teria se transformado em um grande Vietnã”.
Transcorridos 50 anos, tem sido muito grande o número de brasileiros valentes, sem exclusão de alguns jornais de circulação nacional, dispostos a denunciar os “crimes” cometidos pelos militares e a fazer mea-culpa da posição que assumiram em 1964 e nos anos subsequentes.
Em rigor, continuamos no embalo dos últimos 60 anos: o mea-culpa é fácil e rentável, sem deixar de ser abjeto, mas a verdadeira história do Brasil será contada quando já não estivermos por aqui. Até lá, o jeito é conviver com a canalhice humana, sem olvidar a opinião do general de exército Oswaldo Muniz Oliva: “Sem a Revolução de 1964, o Brasil teria se transformado em um grande Vietnã”. E todos nós estaríamos falando anamita, anamês ou vietnamita, que, como sabe o leitor, é idioma do subgrupo linguístico do grupo austro-asiático falado no Vietnã do Sul e no Vietnã do Norte, apresentando três dialetos, o do sul, o do Centro e o do Norte.
Em contrapartida, fabricaríamos belas cabeçadas – conjuntos de tiras de couro e peças de metal posto em torno da cabeça e do focinho das cavalgaduras para prender e ajustar a embocadura (parte do freio) – como aquela que ilustre cardiologista mineiro adquiriu em Nanuque para dar de presente a um amigo nosso, professor doutor de medicina, que prefere cavalgar muares em sua pequena fazenda.
Exemplo máximo da globalização que vai por aí, as cabeçadas vendidas em Nanuque são fabricadas no Vietnã. Nanuque, “bugre de cabelos negros”, é um município brasileiro do estado de Minas Gerais, Região Sudeste do país, pertencente à mesorregião do Vale do Mucuri e à microrregião de Nanuque e sua população, ano passado, era estimada em 41.876 nanuquenses.
O mundo é uma bola
10 de março de 1557: pastores enviados por João Calvino e diversos teólogos leigos franceses celebram o primeiro culto protestante no Brasil, país hoje voltado para os neopentecostais, com ênfase para a admirável Igreja Evangélica Preparatória que, segundo me informaram, não permite que as crentes usem perfumes e se depilem. Prometo apurar para contar ao leitor do Estado de Minas, porque axilas, pernocas e genitálias peludas podem ter hora e vez.
Em 1801, a Grã-Bretanha realiza seu primeiro censo. Num país grande e bobo, década de 70, o recenseador agropecuário chegou apressado à nossa fazenda num final de tarde e terminava todas as perguntas: “Diz qualquer coisinha”.
Em 1831, o rei Luís Filipe cria a Legião Estrangeira Francesa para atuar na Guerra da Argélia.
Hoje é o Dia do Conservador, do Telefone e do Sogro. Palmas aqui para o sogrinho nota mil.
Ruminanças
“O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum aos outros” (Confúcio, 551-479 a.C.).
>> eduardo.reis@uai.com.br
Estado de Minas: 10/03/2014
Diverte-me sobremaneira observar como as pessoas lidam com dinheiro, essa praga inventada no Reino da Lídia pelo rei Giges (?-644 a.C.), o primeiro da Dinastia Mermnada. Seu reinado durou de 680 até o ano de 644 a.C. Filho de Dascylus, Giges assassinou Candaules, o rei anterior, e se casou com a viúva. Seu filho e sucessor foi Ardis II.
Talvez não tenha sido o primeiro a cunhar moedas, mas há quem diga que o dinheiro começou a ser cunhado na Lídia. Não sei, porque não estava lá, mas no site do Banco Cabo Verde li que as pesquisas arqueológicas indicam que as moedas surgiram há quase 4 mil anos, talvez por volta de 2.500 a.C., o que tornaria o dinheiro tão antigo quanto as pirâmides do Egito. Que dinheiro? Não sei. O próprio Banco de Cabo Verde informa que as primeiras moedas surgiram no século 7 a.C. no reino da Lídia, hoje numa região da Turquia.
Em BH andei almoçando com mineiros abastados e descobri que, em sua abastança, não transportam dinheiro vivo. Pagam suas contas no cartão e pedem nota, que é para descontar no imposto de renda empresarial. A gorjeta para o flanelinha ficava por conta do philosopho, que não sai de casa sem uns trocados no bolso.
Negócios no ramo do petróleo fazem que os envolvidos percam a noção das coisas. É tudo tão caro, envolvendo centenas de milhões de dólares, que um automóvel de um milhão de reais e uma diária de hotel de 30 mil reais são considerados troco.
Se a sua empresa compra na Escócia uma plataforma de perfuração de petróleo, você freta um Boeing e leva 150 amigos para Glasgow, tudo por conta da empresa. Um saudoso amigo-irmão, ele próprio empresário no ramo petrolífero, embarcou num desses voos e me trouxe um garrafão de cinco litros de um pure malt dos mais conceituados por lá, o Glenmorangie. Antes, perguntou ao maître do restaurante chiquíssimo qual era o melhor uísque da Escócia. Empertigado em sua casaca, o maître respondeu: The free one. Algo assim como “O de graça”.
Opinião
Como é do conhecimento geral, o ministro petista Aloizio Mercadante Oliva, um dos homens fortes dos presidentes Lula e Rousseff, é um dos seis filhos do general de exército Oswaldo Muniz Oliva, reformado, que disse do governo militar de 1964: “Sem a Revolução de 1964, o Brasil teria se transformado em um grande Vietnã”.
Transcorridos 50 anos, tem sido muito grande o número de brasileiros valentes, sem exclusão de alguns jornais de circulação nacional, dispostos a denunciar os “crimes” cometidos pelos militares e a fazer mea-culpa da posição que assumiram em 1964 e nos anos subsequentes.
Em rigor, continuamos no embalo dos últimos 60 anos: o mea-culpa é fácil e rentável, sem deixar de ser abjeto, mas a verdadeira história do Brasil será contada quando já não estivermos por aqui. Até lá, o jeito é conviver com a canalhice humana, sem olvidar a opinião do general de exército Oswaldo Muniz Oliva: “Sem a Revolução de 1964, o Brasil teria se transformado em um grande Vietnã”. E todos nós estaríamos falando anamita, anamês ou vietnamita, que, como sabe o leitor, é idioma do subgrupo linguístico do grupo austro-asiático falado no Vietnã do Sul e no Vietnã do Norte, apresentando três dialetos, o do sul, o do Centro e o do Norte.
Em contrapartida, fabricaríamos belas cabeçadas – conjuntos de tiras de couro e peças de metal posto em torno da cabeça e do focinho das cavalgaduras para prender e ajustar a embocadura (parte do freio) – como aquela que ilustre cardiologista mineiro adquiriu em Nanuque para dar de presente a um amigo nosso, professor doutor de medicina, que prefere cavalgar muares em sua pequena fazenda.
Exemplo máximo da globalização que vai por aí, as cabeçadas vendidas em Nanuque são fabricadas no Vietnã. Nanuque, “bugre de cabelos negros”, é um município brasileiro do estado de Minas Gerais, Região Sudeste do país, pertencente à mesorregião do Vale do Mucuri e à microrregião de Nanuque e sua população, ano passado, era estimada em 41.876 nanuquenses.
O mundo é uma bola
10 de março de 1557: pastores enviados por João Calvino e diversos teólogos leigos franceses celebram o primeiro culto protestante no Brasil, país hoje voltado para os neopentecostais, com ênfase para a admirável Igreja Evangélica Preparatória que, segundo me informaram, não permite que as crentes usem perfumes e se depilem. Prometo apurar para contar ao leitor do Estado de Minas, porque axilas, pernocas e genitálias peludas podem ter hora e vez.
Em 1801, a Grã-Bretanha realiza seu primeiro censo. Num país grande e bobo, década de 70, o recenseador agropecuário chegou apressado à nossa fazenda num final de tarde e terminava todas as perguntas: “Diz qualquer coisinha”.
Em 1831, o rei Luís Filipe cria a Legião Estrangeira Francesa para atuar na Guerra da Argélia.
Hoje é o Dia do Conservador, do Telefone e do Sogro. Palmas aqui para o sogrinho nota mil.
Ruminanças
“O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum aos outros” (Confúcio, 551-479 a.C.).
>> eduardo.reis@uai.com.br
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