Da amizade
Maria Ester Maciel - memaciel.em@gmail.com
Estado de Minas: 18/03/2014
Hoje, ao começar a
ler o romance Mr. Gwyn, do italiano Alessandro Barico – que trata de um
escritor que elaborou uma lista das 52 coisas que não pretendia mais
fazer na vida –, deparei-me com uma citação de Proust: “As resoluções
definitivas são tomadas sempre e unicamente por um estado de espírito
que não está destinado a durar”. Imediatamente, pensei em algumas de
minhas decisões “definitivas” tomadas de repente e das quais me
arrependi depois. Como se diz, com razão, “nada, senão a morte, é
definitivo”. Assim, é sempre bom pensar que o “nunca mais”, fora do
contexto da morte, é algo ilusório e provisório. Ele anda de mãos dadas
com o “para sempre”, tão incerto quanto todas as certezas.
Mas não é de falsas certezas e de inevitáveis impermanências que quero falar. O tema aqui hoje é a amizade. A amizade verdadeira. Aquela que resiste aos temporais e a todas as catástrofes. A que se mantém intacta mesmo na distância e nos longos intervalos de tempo. A que não pede nada em troca. A que se sustenta sem interesses de outra ordem que não a da cumplicidade.
Na semana passada, tive a certeza do quão é bom estar na companhia de amigos verdadeiros depois de um dia cansativo. Eles nos ajudam a lidar com os momentos adversos. Amigos de verdade estão para o que der e vier. Não somem quando estamos infelizes, não se esquivam diante de nossas fraquezas. Aliás, a melhor maneira de conhecer os amigos é nas horas em que menos temos o que oferecer a eles. E, nesse sentido, concordo com uma frase de Confúcio, muito citada por aí: “Para conhecermos bem os nossos amigos nada como passar pelo sucesso e pela desventura. No sucesso, verificamos a quantidade; na desventura, a qualidade”. Por mais que isso soe clichê, tem sua pertinência.
Conversando, outro dia, com minha mestra Zenóbia, ela me lembrou de alguns filósofos que trataram da amizade, como Aristóteles, Sêneca e Montaigne. Praticamente todos eles reconheceram a preciosidade e a raridade de tal experiência (ou sentimento?) que não se confunde com o amor conjugal, nem com a relação entre irmãos ou entre pais e filhos, embora a amizade possa também atravessar esses vínculos. Tampouco tem ela a ver com pessoas com quem apenas compartilhamos algumas afinidades ou por quem temos simpatia, sem mais nada, além disso, que possa sustentar uma relação sólida com elas. O que não quer dizer que esses vínculos não sejam importantes para a nossa vida. São sim. E cada caso é um caso; dispensa generalizações. Em outras palavras, o que os filósofos dizem (e podemos atestar com nossas próprias experiências) é que a amizade verdadeira se sustenta de algo que ultrapassa a mera boa relação de uma pessoa com outra. É um vínculo forte, que não se perde nunca, e que sempre reencontramos na hora certa.
A humanidade, sabemos, não é de fácil convivência. E o mundo está cheio de perigos. Sem os amigos de verdade, viver pode se tornar ainda mais perigoso do que é. E nada como um dia após o outro para que nos inteiremos disso. Com os verdadeiros amigos, todo o peso da vida tende a ganhar mais leveza.
Com esta crônica homenageio todas as pessoas que têm me mostrado, nos últimos tempos, o valor da amizade. Não vou nomeá-las, pois todas, ao ler a coluna, saberão que estou falando delas.
Mas não é de falsas certezas e de inevitáveis impermanências que quero falar. O tema aqui hoje é a amizade. A amizade verdadeira. Aquela que resiste aos temporais e a todas as catástrofes. A que se mantém intacta mesmo na distância e nos longos intervalos de tempo. A que não pede nada em troca. A que se sustenta sem interesses de outra ordem que não a da cumplicidade.
Na semana passada, tive a certeza do quão é bom estar na companhia de amigos verdadeiros depois de um dia cansativo. Eles nos ajudam a lidar com os momentos adversos. Amigos de verdade estão para o que der e vier. Não somem quando estamos infelizes, não se esquivam diante de nossas fraquezas. Aliás, a melhor maneira de conhecer os amigos é nas horas em que menos temos o que oferecer a eles. E, nesse sentido, concordo com uma frase de Confúcio, muito citada por aí: “Para conhecermos bem os nossos amigos nada como passar pelo sucesso e pela desventura. No sucesso, verificamos a quantidade; na desventura, a qualidade”. Por mais que isso soe clichê, tem sua pertinência.
Conversando, outro dia, com minha mestra Zenóbia, ela me lembrou de alguns filósofos que trataram da amizade, como Aristóteles, Sêneca e Montaigne. Praticamente todos eles reconheceram a preciosidade e a raridade de tal experiência (ou sentimento?) que não se confunde com o amor conjugal, nem com a relação entre irmãos ou entre pais e filhos, embora a amizade possa também atravessar esses vínculos. Tampouco tem ela a ver com pessoas com quem apenas compartilhamos algumas afinidades ou por quem temos simpatia, sem mais nada, além disso, que possa sustentar uma relação sólida com elas. O que não quer dizer que esses vínculos não sejam importantes para a nossa vida. São sim. E cada caso é um caso; dispensa generalizações. Em outras palavras, o que os filósofos dizem (e podemos atestar com nossas próprias experiências) é que a amizade verdadeira se sustenta de algo que ultrapassa a mera boa relação de uma pessoa com outra. É um vínculo forte, que não se perde nunca, e que sempre reencontramos na hora certa.
A humanidade, sabemos, não é de fácil convivência. E o mundo está cheio de perigos. Sem os amigos de verdade, viver pode se tornar ainda mais perigoso do que é. E nada como um dia após o outro para que nos inteiremos disso. Com os verdadeiros amigos, todo o peso da vida tende a ganhar mais leveza.
Com esta crônica homenageio todas as pessoas que têm me mostrado, nos últimos tempos, o valor da amizade. Não vou nomeá-las, pois todas, ao ler a coluna, saberão que estou falando delas.
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