quinta-feira, 20 de março de 2014

O ombro e o corpo humano

O ombro e o corpo humano
A dor é aviso de que algo está indo mal e deve ser tratado

Marco Antônio de Castro Veado
Coordenador do serviço de ombro do Hospital Mater Dei, professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais

Estado de Minas: 20/03/2014


Em um passado nem tão remoto, era comum se dizer, tanto pelo médico quanto pelo paciente, que todo e qualquer tipo de dor localizada na região do ombro tratava-se de uma bursite. Conhecida pela dor cruciante que produzia na sua fase aguda, o quadro crônico se arrastava por anos, não se conhecendo na época nenhum outro tratamento além da fisioterapia e muitas vezes de uma infiltração, que, na maioria das vezes, não resolvia o problema. Com o progresso da ortopedia, passamos a ter a capacidade de identificar outras causas – que não uma simples bursite –, inúmeras e bastante comuns na prática ortopédica. Hoje, é importante salientar que a dor no ombro é a segunda principal queixa nos consultórios ortopédicos, o que reflete o incômodo dos pacientes e a busca deles por um alívio mais rápido.

Exames de ultrassonografia e principalmente de ressonância magnética possibilitaram ao especialista em cirurgia do ombro confirmar diagnósticos até então pouco conhecidos, porém frequentes, como as rupturas tendinosas, conhecidas como rupturas do manguito rotador, a causa maior de incapacidade. Essas lesões hoje perceptíveis por meio de um bom exame clínico produzem um quadro de dor no ombro frequentemente irradiada para o braço, prejudicando as mais simples atividades do dia a dia, como pentear-se, abotoar o sutiã, banhar-se, chegando até mesmo a interferir no sono noturno. Outros diagnósticos, como as simples tendinites, calcificações e a temida capsulite adesiva, conhecida também como ombro congelado, também são causas frequentes de incapacidade. Os avanços que temos hoje em nossas mãos nos deixam felizes, pois sabemos que podemos aliviar desagradáveis dores em nossos pacientes. Outro aspecto é que, com o envelhecimento da população, temos tido cada vez mais oportunidade de tratar não só as lesões tendinosas, mas também as artroses, que nada mais são do que um desgaste ou um envelhecimento da articulação, que acontece com o passar dos anos. Essas articulações antes lisas, brilhantes e bem lubrificadas, tornam-se rugosas, barulhentas e doloridas com a deterioração. Para tratamento das artroses, houve enormes avanços no setor das artroplastias, com a substituição das articulações, as conhecidas próteses. Com elas, quando bem indicadas e adequadamente realizadas, conseguimos devolver aos nossos idosos a alegria de viver, aliviando a dor e restituindo os movimentos tão importantes nas simples atividades de casa.

Outra realidade é que nunca se fizeram tantos exercícios como nos dias atuais, como a musculação, natação, tênis, judô, etc. Os jovens são os que mais praticam esses esportes, mas é preciso cuidado com as lesões, embora tenhamos avanços na área. Exercícios são importantes se bem orientados, mas atenção, nunca negligencie a dor após algum exercício, pois ela representa um alerta: precisa ser entendida como algo que está indo mal em seu corpo. Não pense que a dor vai melhorar na sequência dos exercícios. Importante: nunca tome anti-inflamatórios indiscriminadamente, sem ter conhecimento do problema. A medicina avança em todo o mundo e com as patologias do ombro não pode ser diferente. Lembramos que o ombro é fundamental para um bom sincronismo e equilíbrio do sistema musculoesquelético.

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