As novas gerações e a leitura
Marco Silva
Professor da Faculdade de Minas (Faminas), consultor e autor de livros educacionais
Eswtado de Minas: 29/04/2014
Devido a sua importância, no decorrer da história, os homens construíram diversos suportes que possibilitaram a escrita e a leitura. Antes de Cristo, os registros escritos eram feitos em barro, na Suméria. No Egito, e em parte da Europa, os escritos eram dispostos em papiros e, mais tarde, em tábuas revestidas de cera. No oriente os chineses escreviam em rolos de seda, e os indianos, em folhas de palmeiras.
A partir do século I da Era Cristã, o pergaminho tornou-se comum em todo Império Romano. Com a invenção da imprensa no século 15, houve uma aceleração do processo de produção, barateamento e melhoria da qualidade dos materiais impressos. À mesma época, astecas e maias registravam seus textos sobre suportes de madeira revestidos com um material retirado da casca das árvores.
Durante boa parte da história, eram comuns os encontros para leitura coletiva e debates para além da leitura individual, diga-se de passagem, bastante aprofundada. O leitor costumava ler várias vezes uma mesma obra. Encontrar a resposta para um trabalho escolar, uma questão de interesse pessoal ou mesmo uma leitura de lazer exigia um debruçar maior sobre as fontes, uma leitura mais verticalizada dos livros ou textos disponíveis. Comparado aos nossos dias, não havia uma extensa diversidade de fontes sobre um mesmo assunto. Talvez por isso, o aproveitamento das que existiam era bastante profundo.
Atualmente, o leitor encontra uma variedade de suportes para os textos, que engloba dos papéis de diferentes composições, texturas e acabamentos aos diversos tipos de recursos digitais. O universo digital é, sem dúvida, o mais utilizado pela chamada geração ciborgue, ou seja, as crianças e jovens que nasceram num mundo em que a informática já predominava em todos os setores e, por isso, conhecem e operam com naturalidade essas tecnologias.
Entretanto, a leitura no ciberespaço não é linear e, muitas vezes, pode ocorrer de forma bastante superficial. Apenas um clique é suficiente para acessar uma nova página ou um site de busca onde estão os links para centenas ou milhares de respostas para o que se procura. O leitor não precisa se debruçar sobre um texto mais complexo. As informações estão sempre acessíveis e dispostas de forma bastante cômoda com a resposta que se procura. Isso quando um pequeno sinal não convida o leitor a abrir uma janela de “bate-papo” ou um novo email desviando sua atenção da leitura em curso.
No universo da internet, as pesquisas escolares muitas vezes já estão prontas. A tarefa do leitor, via de regra, é apenas a de encontrá-las, copiar, colar, imprimir e entregar ao professor. Não há uma reflexão crítica sobre o que se lê, para a construção das próprias conclusões. Responsável pelo amadurecimento cognitivo, o processo reflexivo em busca de respostas e soluções foi substituído por pequenas buscas superficiais.
Os ciborgues têm acesso a muitas informações, mas, geralmente, não sabem lidar de forma crítica e seletiva com elas. Além disso, a maior parte possui grandes dificuldades para escrever satisfatoriamente. E isto não é sem razão. Aquele que escreve bem precisa ser um bom leitor.
Diante desse quadro, cabe aos pais limitar o acesso ao mundo digital e exigir a volta ao bom e velho livro, aos jornais e revistas impressas, para contribuir com a formação de hábitos de leitura verticalizada. Não se trata de impedir o acesso às tecnologias da informação e comunicação. Em nosso tempo é indispensável que elas sejam bem utilizadas. O que se preconiza aqui é a busca do equilíbrio necessário para se garantir um desenvolvimento crítico, reflexivo das novas gerações.
Marco Silva
Professor da Faculdade de Minas (Faminas), consultor e autor de livros educacionais
Eswtado de Minas: 29/04/2014
Devido a sua importância, no decorrer da história, os homens construíram diversos suportes que possibilitaram a escrita e a leitura. Antes de Cristo, os registros escritos eram feitos em barro, na Suméria. No Egito, e em parte da Europa, os escritos eram dispostos em papiros e, mais tarde, em tábuas revestidas de cera. No oriente os chineses escreviam em rolos de seda, e os indianos, em folhas de palmeiras.
A partir do século I da Era Cristã, o pergaminho tornou-se comum em todo Império Romano. Com a invenção da imprensa no século 15, houve uma aceleração do processo de produção, barateamento e melhoria da qualidade dos materiais impressos. À mesma época, astecas e maias registravam seus textos sobre suportes de madeira revestidos com um material retirado da casca das árvores.
Durante boa parte da história, eram comuns os encontros para leitura coletiva e debates para além da leitura individual, diga-se de passagem, bastante aprofundada. O leitor costumava ler várias vezes uma mesma obra. Encontrar a resposta para um trabalho escolar, uma questão de interesse pessoal ou mesmo uma leitura de lazer exigia um debruçar maior sobre as fontes, uma leitura mais verticalizada dos livros ou textos disponíveis. Comparado aos nossos dias, não havia uma extensa diversidade de fontes sobre um mesmo assunto. Talvez por isso, o aproveitamento das que existiam era bastante profundo.
Atualmente, o leitor encontra uma variedade de suportes para os textos, que engloba dos papéis de diferentes composições, texturas e acabamentos aos diversos tipos de recursos digitais. O universo digital é, sem dúvida, o mais utilizado pela chamada geração ciborgue, ou seja, as crianças e jovens que nasceram num mundo em que a informática já predominava em todos os setores e, por isso, conhecem e operam com naturalidade essas tecnologias.
Entretanto, a leitura no ciberespaço não é linear e, muitas vezes, pode ocorrer de forma bastante superficial. Apenas um clique é suficiente para acessar uma nova página ou um site de busca onde estão os links para centenas ou milhares de respostas para o que se procura. O leitor não precisa se debruçar sobre um texto mais complexo. As informações estão sempre acessíveis e dispostas de forma bastante cômoda com a resposta que se procura. Isso quando um pequeno sinal não convida o leitor a abrir uma janela de “bate-papo” ou um novo email desviando sua atenção da leitura em curso.
No universo da internet, as pesquisas escolares muitas vezes já estão prontas. A tarefa do leitor, via de regra, é apenas a de encontrá-las, copiar, colar, imprimir e entregar ao professor. Não há uma reflexão crítica sobre o que se lê, para a construção das próprias conclusões. Responsável pelo amadurecimento cognitivo, o processo reflexivo em busca de respostas e soluções foi substituído por pequenas buscas superficiais.
Os ciborgues têm acesso a muitas informações, mas, geralmente, não sabem lidar de forma crítica e seletiva com elas. Além disso, a maior parte possui grandes dificuldades para escrever satisfatoriamente. E isto não é sem razão. Aquele que escreve bem precisa ser um bom leitor.
Diante desse quadro, cabe aos pais limitar o acesso ao mundo digital e exigir a volta ao bom e velho livro, aos jornais e revistas impressas, para contribuir com a formação de hábitos de leitura verticalizada. Não se trata de impedir o acesso às tecnologias da informação e comunicação. Em nosso tempo é indispensável que elas sejam bem utilizadas. O que se preconiza aqui é a busca do equilíbrio necessário para se garantir um desenvolvimento crítico, reflexivo das novas gerações.
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