domingo, 4 de maio de 2014

Eduardo Almeida Reis - Imperdoável‏

Se discursa de improviso, a mídia grava sua fala, transcreve e mostra que não dá para entender nada. Quem foi que disse que discurso brasileiro deve ser entendido?



Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 04/05/2014





Coisa que não consigo entender é o sentimento ou demonstração de aversão, a antipatia da imprensa com a senhora Rousseff, a má vontade, a birra, a implicação. Se a ilustre belo-horizontina lê um discurso citando o Velho do Restelo é criticada pela mídia, que diz, com inteira razão, que ela não sabe quem foi Camões e muito menos a mensagem do Velho do Restelo, sobre a qual não se entendem os melhores e mais respeitados camonianos.

Se discursa de improviso, a mídia grava sua fala, transcreve e mostra que não dá para entender nada. Quem foi que disse que discurso brasileiro deve ser entendido? O povão baba para a figura do orador e nunca entende absolutamente nada, enquanto as raras pessoas esclarecidas se lixam para o besteirol ornejado, mas a imprensa é impiedosa e vai buscar trechos como estes do dia 15 de março no próprio Blog do Planalto: “A avaliação nossa é que houve, de dezembro a fevereiro, um fenômeno em cima da Bolívia, entre a parte sul, se eu não me engano, centro e a parte norte ou sul – a centro eu tenho certeza, a sul eu esqueci, se é sul ou se é norte. Bom, mas o que ocorreu ali? Ocorreu uma imensa concentração de chuvas. Nós temos dados de 30 anos, de 30 anos. Nesses 30 anos, não houve nenhum momento, nenhuma situação tão grave quanto essa, em termos de precipitação pluviométrica num só lugar”.

“E aí eu até disse aqui uma fábula, que vocês conhecem a fábula do lobo e do cordeiro. O lobo, na parte de cima do rio, olhou para o cordeiro e disse: “você está sujando a minha água”. O cordeiro respondeu: “não estou, não, eu estou abaixo de você, no rio”. A mesma coisa é a Bolívia em relação ao Brasil. A Bolívia está acima do Brasil em relação à água. Nós não temos essa quantidade de água devido a nós, mas devido ao fato de que os rios que formam o Madeira se formam nos Andes, ou em regiões altas, se eu não me engano, o Madre de Dios e o Beni, em regiões… em região eu acho que de altiplano um pouco mais baixo, o Mamoré”.

“Este país é um imenso país, não é? Vocês vejam só, eu fiquei olhando o Rio Madeira, fiquei olhando… estive lá no Nordeste, o Nordeste está também na pior seca, tem gente que diz que é dos últimos 50, e tem lugares que dizem que é dos últimos 100 anos. Nós temos tido fenômenos naturais bem sérios no Brasil. O fenômeno natural, a gente tem sempre de lembrar, é possível conviver com ele, não é combater ele, nós não queremos combater chuva, nós queremos conviver com a chuva”.

“Estava me dizendo o ministro da Integração, para a gente ter uma ideia: Rio São Francisco, de Sobradinho até o mar, vocês sabem quantos metros tem?. Tem 300 metros de desnível. Do Rio Madeira – eles fizeram um cálculo, foi um cálculo… é aproximado, viu, gente? Depois ninguém vai me perguntar assim: “presidente, é trezentos e tanto”? Por favor, é aproximado, em torno de 300 metros. E do Madeira, daqui de Porto Velho, até o mar, o mar, é 60 metros. É essa a diferença. Então, eu quero explicar o seguinte: não é possível olhar para essas duas usinas e acharem que elas são responsáveis pela quantidade de água que entra no Madeira, a não ser a que a gente acredite na fábula, na história do lobo e na fábula do lobo e do cordeiro”.

O mundo é uma bola

4 de maio de 1493: concluída a bula papal Inter Coetera II, que dava aos espanhóis todas as terras 100 léguas a Oeste do Sul dos Açores e Cabo Verde. Em 1675, durante o reinado de Carlos II, da Inglaterra, criação do Observatório de Greenwich. Em 1776, Rhode Island se torna a primeira das Treze Colônias a renegar fidelidade ao rei Jorge III, da Inglaterra. Em 1814, Napoleão Bonaporte chega a Portoferrado, na Ilha de Elba, onde tem início o seu exílio. Napoleão tinha coisas simpáticas, entre as quais gostar do cheiro de Josefina, sua primeira mulher, dispensando os banhos da viuvinha antes dos finalmentes. Amores têm cheiros.

Em 1858, Benito Juárez estabelece Veracruz como capital do México. Benito Pablo Juárez Garcia (1806-1872) foi cinco vezes presidente mexicano, derrubou o imperador, restaurou a república, esforçou-se para modernizar o país e é frequentemente lembrado como o maior e mais amado líder mexicano. Foi o primeiro líder sem passado militar e o primeiro indígena a servir como presidente do México e comandar um país ocidental em mais de 300 anos. Em 1859, nacionalizou os bens do clero. Sei que o leitor, a exemplo do philosopho, não tem o menor interesse pelos feitos de Juárez. Peço desculpas, mas precisava encher linguiça. Hoje é o Dia do Calculista Estrutural, que erra de vez em quando e mata gente à beça.

Ruminanças


“Serviço sem recompensa é castigo” (George Herbert, 1593-1632). 

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