OMS emite alerta para poliomielite
Cristiana Andrade
Estado de Minas: 06/05/2014
Cristiana Andrade
Estado de Minas: 06/05/2014
Um dia depois de o
Estado de Minas abordar em sua página de Saúde o drama de pessoas que
sofrem com as consequências da poliomielite na vida adulta, convivendo
com a pós-pólio (fase caracterizada por fraqueza muscular, dores
intensas pelo corpo, fadiga, transtornos de sono, entre outros), a
Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou ontem emergência de saúde
pública pelos casos de pólio que se propagaram em vários países. Desde
janeiro, foram registrados casos de pólio no Afeganistão, Iraque e Guiné
Equatorial.
Este ano, há apenas três países onde a doença é considerada endêmica: Afeganistão, Nigéria e Paquistão. Em 1988, eram mais de 125. Os países onde a doença foi detectada, e que estão incluídos nesse estado de emergência, são Afeganistão, Guiné Equatorial, Etiópia, Iraque, Israel, Somália e Nigéria. “A decisão para considerar que estão reunidas as condições para um estado de emergência foi unânime”, afirmou a OMS em um comunicado. “Se não for controlada, a situação poderá colocar em risco a erradicação global de uma das mais graves doenças que pode ser evitada por meio da vacinação.” A OMS estima que o maior risco de propagação da poliomielite está no Paquistão, Camarões e Síria, razão pela qual convocou as autoridades locais a agir.
O número de casos de pólio caiu mais de 99% desde 1988, passando de 350 mil para 406 casos notificados em 2013. A diminuição deveu-se ao esforço global para erradicar a doença. Entre janeiro e abril, habitualmente, período de baixa transmissão da pólio, três novos casos importados da doença foram detectados na Ásia (do Paquistão para o Afeganistão), no Oriente Médio (da Síria para o Iraque) e na África Central (do Camarões para a Guiné Equatorial), segundo a OMS.
O Ministério da Saúde brasileiro (MS) informou, por nota, que não há registro de casos de poliomielite no país desde 1990. Anualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) realiza campanhas de vacinação, com coberturas superiores a 95% da população, o que confere alto grau de proteção. Em relação ao comunicado da OMS, o MS diz que o alerta não faz restrição de viagens para os países que tiveram circulação do vírus nos últimos meses (que são os mesmos para o alerta). Entretanto, recomenda aos brasileiros que queiram visitar esses locais que mantenham atualizada a caderneta de vacinas. A vacina contra a poliomielite está disponível gratuitamente nos postos de saúde.
ÍNDICE EXCEPCIONAL De acordo com o infectologista Carlos Starling, vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, o índice de cobertura vacinal do Brasil é excepcional, por isso, o risco de o país ter problemas com o vírus da pólio é pequeno. “Temos um programa de vacinação muito consistente, com uma população densamente imunizada, pois há controle há anos. Não vejo riscos.” Questionado sobre a Copa do Mundo, com o trânsito de muitos turistas no país, além das próprias seleções de futebol, incluindo homens de países onde o vírus da pólio está ativo, Starling acrescenta: “O alerta da OMS é importante para ficarmos atentos. Os vírus circulam pelo mundo, mas quando a população está imunizada, ele não tem chances de dispersão. Sobre os jogadores, eles são pessoa sadias, com rotina mais rígida em questão de saúde. Não fosse assim, cairiam no banco dos reservas”, brinca.
O infectologista diz que o país precisa, sim, ficar atento à Copa, mas em relação a outras doenças, como sarampo e Chikungunya, este último originário da Tanzânia e transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo que repassa a dengue.
POR DENTRO DA PÓLIO
A DOENÇA
» A poliomielite é altamente contagiosa que afeta principalmente crianças com menos de 5 anos. Ela pode causar paralisia em algumas horas e, em alguns casos, ser fatal. Pode ocorrer sob a forma de infecção inaparente ou apresentar manifestações clínicas, frequentemente caracterizadas por febre, mal-estar, cefaleia, distúrbios gastrointestinais e rigidez de nuca, acompanhados ou não de paralisias.
O VÍRUS
» O vírus é do gênero Enterovírus, da família Picornaviridae. Ao gênero Enterovírus pertencem os grupos: Coxsakie (A, com 24 sorotipos, e B,
com 6 sorotipos), Echo (34 sorotipos) e Poliovírus (3 sorotipos). Os três sorotipos do poliovírus, I, II e III, provocam paralisia, sendo que o tipo I é o isolado com maior frequência nos casos com paralisia, seguido do tipo III. O sorotipo II apresenta maior imunogenicidade, seguido pelos sorotipos I e III. A imunidade é específica para cada sorotipo.
» É um vírus de alta infectividade, ou seja, a capacidade de se alojar e multiplicar no hospedeiro é de 100%; no entanto, tem baixa patogenidade: de 0,1 a 2,0% dos infectados desenvolvem a forma paralítica da doença.
TRANSMISSÃO
» Pode ser direta, de pessoa para pessoa, por meio de secreções nasofaríngeas de pessoas infectadas, ou de forma indireta, por meio de objetos, alimentos, água etc., contaminados com fezes de doentes ou portadores do vírus.
» A suscetibilidade à infecção é geral, mas somente cerca de 1% dos infectados desenvolve a forma paralítica. Ressalta-se que os adultos, quando não imunes, ao sofrerem infecção pelo poliovírus, tem maior probabilidade de desenvolver quadros paralíticos do que as crianças. Crianças nascidas de mães imunes podem ser transitoriamente protegidas por transferência de anticorpos durante as primeiras semanas de vida. A vacinação completa (três básicas e dois reforços) produz imunidade duradoura na grande maioria dos indivíduos.
VACINAÇÃO
» É a única arma de prevenção da doença e foi o instrumento que viabilizou a erradicação do mal no continente americano. Existem dois tipos de vacina disponíveis, de alta eficácia: a vacina antipólio inativada e a de vírus vivos atenuados. O esquema de vacinação de rotina, na maioria dos estados, consta de três doses básicas, no segundo, quarto e sexto mês de vida, um reforço de seis
a 12 meses depois da terceira dose e outro aos 5 ou 6 anos de idade.
» A vacina usada é a oral de vírus vivo atenuado (OPV), contendo os três sorotipos. A vacinação de indivíduos imunodeprimidos deve ser feita com a vacina de vírus inativado (VIP).
» Anualmente, desde 1980, o Ministério da Saúde promove dias nacionais de vacinação contra a poliomielite, vacinando as crianças menores de 5 anos, independente das doses anteriores, objetivando, além do aumento da cobertura, a disseminação do vírus vacinal na comunidade.
Fonte: Secretaria de Estado de Saúde do Estado de São Paulo (SES-SP)
Este ano, há apenas três países onde a doença é considerada endêmica: Afeganistão, Nigéria e Paquistão. Em 1988, eram mais de 125. Os países onde a doença foi detectada, e que estão incluídos nesse estado de emergência, são Afeganistão, Guiné Equatorial, Etiópia, Iraque, Israel, Somália e Nigéria. “A decisão para considerar que estão reunidas as condições para um estado de emergência foi unânime”, afirmou a OMS em um comunicado. “Se não for controlada, a situação poderá colocar em risco a erradicação global de uma das mais graves doenças que pode ser evitada por meio da vacinação.” A OMS estima que o maior risco de propagação da poliomielite está no Paquistão, Camarões e Síria, razão pela qual convocou as autoridades locais a agir.
O número de casos de pólio caiu mais de 99% desde 1988, passando de 350 mil para 406 casos notificados em 2013. A diminuição deveu-se ao esforço global para erradicar a doença. Entre janeiro e abril, habitualmente, período de baixa transmissão da pólio, três novos casos importados da doença foram detectados na Ásia (do Paquistão para o Afeganistão), no Oriente Médio (da Síria para o Iraque) e na África Central (do Camarões para a Guiné Equatorial), segundo a OMS.
O Ministério da Saúde brasileiro (MS) informou, por nota, que não há registro de casos de poliomielite no país desde 1990. Anualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) realiza campanhas de vacinação, com coberturas superiores a 95% da população, o que confere alto grau de proteção. Em relação ao comunicado da OMS, o MS diz que o alerta não faz restrição de viagens para os países que tiveram circulação do vírus nos últimos meses (que são os mesmos para o alerta). Entretanto, recomenda aos brasileiros que queiram visitar esses locais que mantenham atualizada a caderneta de vacinas. A vacina contra a poliomielite está disponível gratuitamente nos postos de saúde.
ÍNDICE EXCEPCIONAL De acordo com o infectologista Carlos Starling, vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, o índice de cobertura vacinal do Brasil é excepcional, por isso, o risco de o país ter problemas com o vírus da pólio é pequeno. “Temos um programa de vacinação muito consistente, com uma população densamente imunizada, pois há controle há anos. Não vejo riscos.” Questionado sobre a Copa do Mundo, com o trânsito de muitos turistas no país, além das próprias seleções de futebol, incluindo homens de países onde o vírus da pólio está ativo, Starling acrescenta: “O alerta da OMS é importante para ficarmos atentos. Os vírus circulam pelo mundo, mas quando a população está imunizada, ele não tem chances de dispersão. Sobre os jogadores, eles são pessoa sadias, com rotina mais rígida em questão de saúde. Não fosse assim, cairiam no banco dos reservas”, brinca.
O infectologista diz que o país precisa, sim, ficar atento à Copa, mas em relação a outras doenças, como sarampo e Chikungunya, este último originário da Tanzânia e transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo que repassa a dengue.
POR DENTRO DA PÓLIO
A DOENÇA
» A poliomielite é altamente contagiosa que afeta principalmente crianças com menos de 5 anos. Ela pode causar paralisia em algumas horas e, em alguns casos, ser fatal. Pode ocorrer sob a forma de infecção inaparente ou apresentar manifestações clínicas, frequentemente caracterizadas por febre, mal-estar, cefaleia, distúrbios gastrointestinais e rigidez de nuca, acompanhados ou não de paralisias.
O VÍRUS
» O vírus é do gênero Enterovírus, da família Picornaviridae. Ao gênero Enterovírus pertencem os grupos: Coxsakie (A, com 24 sorotipos, e B,
com 6 sorotipos), Echo (34 sorotipos) e Poliovírus (3 sorotipos). Os três sorotipos do poliovírus, I, II e III, provocam paralisia, sendo que o tipo I é o isolado com maior frequência nos casos com paralisia, seguido do tipo III. O sorotipo II apresenta maior imunogenicidade, seguido pelos sorotipos I e III. A imunidade é específica para cada sorotipo.
» É um vírus de alta infectividade, ou seja, a capacidade de se alojar e multiplicar no hospedeiro é de 100%; no entanto, tem baixa patogenidade: de 0,1 a 2,0% dos infectados desenvolvem a forma paralítica da doença.
TRANSMISSÃO
» Pode ser direta, de pessoa para pessoa, por meio de secreções nasofaríngeas de pessoas infectadas, ou de forma indireta, por meio de objetos, alimentos, água etc., contaminados com fezes de doentes ou portadores do vírus.
» A suscetibilidade à infecção é geral, mas somente cerca de 1% dos infectados desenvolve a forma paralítica. Ressalta-se que os adultos, quando não imunes, ao sofrerem infecção pelo poliovírus, tem maior probabilidade de desenvolver quadros paralíticos do que as crianças. Crianças nascidas de mães imunes podem ser transitoriamente protegidas por transferência de anticorpos durante as primeiras semanas de vida. A vacinação completa (três básicas e dois reforços) produz imunidade duradoura na grande maioria dos indivíduos.
VACINAÇÃO
» É a única arma de prevenção da doença e foi o instrumento que viabilizou a erradicação do mal no continente americano. Existem dois tipos de vacina disponíveis, de alta eficácia: a vacina antipólio inativada e a de vírus vivos atenuados. O esquema de vacinação de rotina, na maioria dos estados, consta de três doses básicas, no segundo, quarto e sexto mês de vida, um reforço de seis
a 12 meses depois da terceira dose e outro aos 5 ou 6 anos de idade.
» A vacina usada é a oral de vírus vivo atenuado (OPV), contendo os três sorotipos. A vacinação de indivíduos imunodeprimidos deve ser feita com a vacina de vírus inativado (VIP).
» Anualmente, desde 1980, o Ministério da Saúde promove dias nacionais de vacinação contra a poliomielite, vacinando as crianças menores de 5 anos, independente das doses anteriores, objetivando, além do aumento da cobertura, a disseminação do vírus vacinal na comunidade.
Fonte: Secretaria de Estado de Saúde do Estado de São Paulo (SES-SP)
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