Gilson E. Fonseca
Sócio e diretor da Soluções em Engenharia Geotécnica Ltda (Soegeo)
Estado de Minas: 24/06/2014
A privatização das
empresas estatais gerou grande expectativa, na crença de que essas
empresas, emperradas pela má gestão, nas mãos da iniciativa privada, sem
ranços do empreguismo, do corporativismo político e outras mazelas,
ganhariam agilidade e modernidade gerencial suficientes para gerar
riquezas e alavancar as exportações de que tanto o país precisa. No caso
da privatização das ferrovias, a sociedade frustrou-se pois, além da
modernização, esperava grande aumento da malha ferroviária. Somente a
antiga Rede Ferroviária Federal S/A, quando foi privatizada, há 15 anos,
possuía 29.706 quilômetros de linhas instaladas, a maioria inoperante.
Além da desativação de ferrovias construídas, não houve construções
relevantes, deixando nosso país com uma incômoda relação malha
ferroviária/rodoviária de apenas 10%. As ferrovias são concessões
federais, mas o governo se omitiu ao não exigir melhorias e operação das
estradas existentes.
No século 19, foram construídos 10 mil quilômetros de estradas de ferro, sendo que a população brasileira, em 1872, era de apenas 9,9 milhões de habitantes. O Brasil, hoje, com 200 milhões de habitantes, apenas 16 mil quilômetros de ferrovias em operação. Por que não se constroem ferrovias? É possível haver um lobby dos fabricantes de caminhões, ou será o imediatismo? As ferrovias custam mais caro e demoram mais a ser construídas. Dessa forma, político nenhum deixa as inaugurações para os seus sucessores. O custo é maior porque a rampa de uma ferrovia é limitada em 1%, enquanto a rodovia é de 7%. Resultado: aumento do volume de terraplenagem em cortes e aterros. Entretanto, os benefícios de médio e longo prazos são incontestáveis: custo menor/km transportado, maior garantia de entrega dos produtos, extraordinário ganho para o meio ambiente, além de poupar milhares de vidas humanas que se perdem nas sangrentas rodovias brasileiras. Estamos com a balança comercial deficitária em US$ 6 bilhões no primeiro trimestre e todos indicadores apontam que não haverá superávit até o final do ano. O surpreendente é que a exportação agrícola contribui com 34% das exportações brasileiras. Mesmo com tamanha importância econômica para o país, perdem-se 22% das safras de grãos pela falta de ferrovias. O que temos são rodovias esburacadas e faltam portos para escoar a produção. A soja, carro-chefe da venda externa, aumentou nos últimos 10 anos quatro vezes a produtividade e o preço internacional subiu três vezes.
Temos grande potencial para aumentar a produção de outros grãos, mas como fazê-la sem a logística adequada? Outro entrave de que pouco se fala é a falta de silos para estocar a produção. A exportação agrícola, sendo bem de consumo essencial, gera outra grande vantagem, que é agregar outras commodities nas relações comerciais com outros países. Na minha rígida educação interiorana, meu pai, entre as coisas boas que me ensinou quando menino, diante de algum desvio de conduta, dizia: ”Você está saindo da linha”. O Brasil, que não se emenda, está literalmente andando fora dos trilhos, pior do que eu quando ouvi o sermão paterno.
No século 19, foram construídos 10 mil quilômetros de estradas de ferro, sendo que a população brasileira, em 1872, era de apenas 9,9 milhões de habitantes. O Brasil, hoje, com 200 milhões de habitantes, apenas 16 mil quilômetros de ferrovias em operação. Por que não se constroem ferrovias? É possível haver um lobby dos fabricantes de caminhões, ou será o imediatismo? As ferrovias custam mais caro e demoram mais a ser construídas. Dessa forma, político nenhum deixa as inaugurações para os seus sucessores. O custo é maior porque a rampa de uma ferrovia é limitada em 1%, enquanto a rodovia é de 7%. Resultado: aumento do volume de terraplenagem em cortes e aterros. Entretanto, os benefícios de médio e longo prazos são incontestáveis: custo menor/km transportado, maior garantia de entrega dos produtos, extraordinário ganho para o meio ambiente, além de poupar milhares de vidas humanas que se perdem nas sangrentas rodovias brasileiras. Estamos com a balança comercial deficitária em US$ 6 bilhões no primeiro trimestre e todos indicadores apontam que não haverá superávit até o final do ano. O surpreendente é que a exportação agrícola contribui com 34% das exportações brasileiras. Mesmo com tamanha importância econômica para o país, perdem-se 22% das safras de grãos pela falta de ferrovias. O que temos são rodovias esburacadas e faltam portos para escoar a produção. A soja, carro-chefe da venda externa, aumentou nos últimos 10 anos quatro vezes a produtividade e o preço internacional subiu três vezes.
Temos grande potencial para aumentar a produção de outros grãos, mas como fazê-la sem a logística adequada? Outro entrave de que pouco se fala é a falta de silos para estocar a produção. A exportação agrícola, sendo bem de consumo essencial, gera outra grande vantagem, que é agregar outras commodities nas relações comerciais com outros países. Na minha rígida educação interiorana, meu pai, entre as coisas boas que me ensinou quando menino, diante de algum desvio de conduta, dizia: ”Você está saindo da linha”. O Brasil, que não se emenda, está literalmente andando fora dos trilhos, pior do que eu quando ouvi o sermão paterno.
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