COLUNA DO JAECI »
Ganhar ou perder não mudará a vida do povo
"Como brasileiro e amante do futebol, torço para que a Seleção entre no rumo, vença o Chile e avance. Como analista, entretanto, percebo o quanto será difícil a missão"
"Como brasileiro e amante do futebol, torço para que a Seleção entre no rumo, vença o Chile e avance. Como analista, entretanto, percebo o quanto será difícil a missão"
Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 26/06/2014
E se o Brasil perder a
Copa dentro de casa mais uma vez?, perguntam-me leitores e leitoras.
Não vejo problema. “Futebol é a coisa mais importante entre as menos
importantes da vida”, dizia Arrigo Sacchi, técnico da Seleção Italiana
vice-campeã mundial em 1994. Minha vida e a sua também não mudará em
nada. Não desfilaremos em Ferraris, não andaremos em iates, não
compraremos mansões de filmes, não ganharemos US$ 50 milhões por ano,
não usaremos brincos de diamante.
Minha amiga Valentina Carvalho, jurista conceituada, em texto bem sensato sobre o que pensa de jogadores e treinadores de futebol, retrata exatamente a opinão da maioria esclarecida, mas, no país da fantasia, falcatrua e corrupção, atletas são endeusados como se não fossem de carne e osso ou não tivessem compromissos com a sociedade e com o fisco. Tenho pena deles. A maioria é analfabeta, tem chance de adquirir cultura na Europa, mas quer mesmo é se exibir com mulheres, quase sempre loiras, que põem verdadeiras patacas de diamantes nos dedos e se acham celebridades.
Gosto muito de comparar estilos e percebo nos jogadores europeus uma cultura inteiramente diferente, na forma de pensar, vestir e agir. Enquanto os italianos, eliminados precocemente da Copa, viajaram pelo país com ternos de cortes finos, os nossos trajavam bermudas. Enquanto os europeus tinham sempre um sorriso no rosto e a mão estendida para uma criança, os brasileiros usavam fones de ouvidos, com caras fechadas, justamente para fazer o contrário. Enquanto os de lá davam entrevistas coletivas com educação e cortesia, os de cá disparavam patadas na imprensa.
São esses os caras pelos quais torcemos? O que vai mudar na nossa vida se em 13 de julho eles erguerem o troféu da Fifa? Claro que desse “susto” não morreremos. Nosso time é muito fraco, mas no futebol há zebras e, curiosamente, se o Brasil vencer esta Copa, será uma delas. Não pela tradição, mas pela equipe, sem padrão de jogo, qualidade e jogadas ensaiadas.
Já escrevi diversas vezes que futebol é um mundo à parte da realidade dos seres normais. Como pode um país quebrado como a Espanha, onde o rei Juan Carlos acaba de abdicar, pagar 50 milhões de euros anuais a um jogador? Sabe-se que Real Madrid e Barcelona vivem em outro planeta, mas a todo instante a população espanhola reclama desse absurdo. Enquanto cientistas passam meses debruçados num laboratório em pesquisas e experiências que podem salvar a humanidade, ganhando US$ 5 mil ou US$ 10 mil mensais, os caras faturam fábulas para dar um chutinho na bola.
Essa ficção, porém, está com os dias contados. Os clubes europeus estão falidos. Donos do petróleo, os xeques árabes andam comprando equipes por toda a Europa. Manchester City, Paris Saint-Germain e Málaga já pertencem a eles. Só espero que na hora em que o petróleo secar, não venham lamentar. Pagar fortunas a jogadores e treinadores é imbecilidade.
Vejam bem: não sou contra ninguém ganhar bem, desde que dentro da realidade do país. Como pode um clube brasileiro pagar R$ 1 milhão por mês a um atleta? Paga porque o dinheiro não sai do bolso do presidente, que não tem responsabilidade fiscal. Pergunte a qualquer um deles se paga tanto ao CEO de sua empresa.
Para finalizar, como brasileiro e amante do futebol, torço para que a Seleção entre no rumo, vença o Chile e avance. Como analista, entretanto, percebo o quanto será difícil a missão. Temos time limitado, que depende única e exclusivamente de Neymar, excelente jogador, mas ainda não o craque que dizem ser. Pelo jeito, vai chegar lá, mas por enquanto, na minha visão crítica, ainda é preciso evoluir muito. Aqui, temos a mania de endeusar, de idolatrar o jogador, como se fosse um grande líder mundial.
Pense nisso, torcedor, não sofra por uma eventual eliminação. Como diz a música dos mineiros do Skank, “é apenas uma partida de futebol”. Nada mais.
Minha amiga Valentina Carvalho, jurista conceituada, em texto bem sensato sobre o que pensa de jogadores e treinadores de futebol, retrata exatamente a opinão da maioria esclarecida, mas, no país da fantasia, falcatrua e corrupção, atletas são endeusados como se não fossem de carne e osso ou não tivessem compromissos com a sociedade e com o fisco. Tenho pena deles. A maioria é analfabeta, tem chance de adquirir cultura na Europa, mas quer mesmo é se exibir com mulheres, quase sempre loiras, que põem verdadeiras patacas de diamantes nos dedos e se acham celebridades.
Gosto muito de comparar estilos e percebo nos jogadores europeus uma cultura inteiramente diferente, na forma de pensar, vestir e agir. Enquanto os italianos, eliminados precocemente da Copa, viajaram pelo país com ternos de cortes finos, os nossos trajavam bermudas. Enquanto os europeus tinham sempre um sorriso no rosto e a mão estendida para uma criança, os brasileiros usavam fones de ouvidos, com caras fechadas, justamente para fazer o contrário. Enquanto os de lá davam entrevistas coletivas com educação e cortesia, os de cá disparavam patadas na imprensa.
São esses os caras pelos quais torcemos? O que vai mudar na nossa vida se em 13 de julho eles erguerem o troféu da Fifa? Claro que desse “susto” não morreremos. Nosso time é muito fraco, mas no futebol há zebras e, curiosamente, se o Brasil vencer esta Copa, será uma delas. Não pela tradição, mas pela equipe, sem padrão de jogo, qualidade e jogadas ensaiadas.
Já escrevi diversas vezes que futebol é um mundo à parte da realidade dos seres normais. Como pode um país quebrado como a Espanha, onde o rei Juan Carlos acaba de abdicar, pagar 50 milhões de euros anuais a um jogador? Sabe-se que Real Madrid e Barcelona vivem em outro planeta, mas a todo instante a população espanhola reclama desse absurdo. Enquanto cientistas passam meses debruçados num laboratório em pesquisas e experiências que podem salvar a humanidade, ganhando US$ 5 mil ou US$ 10 mil mensais, os caras faturam fábulas para dar um chutinho na bola.
Essa ficção, porém, está com os dias contados. Os clubes europeus estão falidos. Donos do petróleo, os xeques árabes andam comprando equipes por toda a Europa. Manchester City, Paris Saint-Germain e Málaga já pertencem a eles. Só espero que na hora em que o petróleo secar, não venham lamentar. Pagar fortunas a jogadores e treinadores é imbecilidade.
Vejam bem: não sou contra ninguém ganhar bem, desde que dentro da realidade do país. Como pode um clube brasileiro pagar R$ 1 milhão por mês a um atleta? Paga porque o dinheiro não sai do bolso do presidente, que não tem responsabilidade fiscal. Pergunte a qualquer um deles se paga tanto ao CEO de sua empresa.
Para finalizar, como brasileiro e amante do futebol, torço para que a Seleção entre no rumo, vença o Chile e avance. Como analista, entretanto, percebo o quanto será difícil a missão. Temos time limitado, que depende única e exclusivamente de Neymar, excelente jogador, mas ainda não o craque que dizem ser. Pelo jeito, vai chegar lá, mas por enquanto, na minha visão crítica, ainda é preciso evoluir muito. Aqui, temos a mania de endeusar, de idolatrar o jogador, como se fosse um grande líder mundial.
Pense nisso, torcedor, não sofra por uma eventual eliminação. Como diz a música dos mineiros do Skank, “é apenas uma partida de futebol”. Nada mais.
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