Mariana Peixoto
Estado de Minas: 04/06/2014
Leandra Leal e Milhem Cortaz em O lobo atrás da porta, de Fernando Coimbra, que vai estrear em 60 salas brasileiras |
Duas comédias ocupam os últimos lugares dos 10 filmes mais vistos no país neste ano, até 1º de junho: Até que a sorte nos separe 2 e S.O.S. Mulheres ao mar. É um dado que vem ratificar o que ocorreu nos anos anteriores. Em 2013, duas produções do mesmo gênero ficaram entre as 10 mais: Minha mãe é uma peça e De pernas pro ar 2. Em 2012, foi uma só no ranking, mas também uma comédia: Até que a sorte nos separe. Porém, uma leva de filmes que chegam nos próximos meses nos cinemas prova que existe vida no cinema nacional para além dos chamados blockbusters.
São as produções médias, para o público adulto que, “comendo pelas beiradas”, tenta ocupar as salas comerciais entre um X-Men e um Homem-Aranha. “As comédias e os filmes biográficos são apostas de menor risco para o produtor. Mas hoje em dia acho que há uma baixa rejeição de qualquer tipo de filme brasileiro. Com a performance que o longa teve em festivais, estou vendo que o público está querendo ver uma coisa diferente, que não seja comédia ou filme de favela”, afirma o cineasta Fernando Coimbra, diretor de O lobo atrás da porta, thriller que estreia amanhã.
Primeiro longa-metragem de Coimbra O Lobo..., é inspirado num crime que os mais velhos darão notícia. Em 1960, um triângulo amoroso culmina no assassinato trágico de uma menina no subúrbio carioca, no caso que ficou chamado de a “Besta da Penha”. Com Leandra Leal, Milhem Cortaz e Fabíula Nascimento, O lobo atrás da porta vai estrear em 60 salas do país, um lançamento de pequeno para médio porte, ainda distante do três dígitos em número de salas que cercam as grandes produções.
“Estamos apostando no que pode vir a acontecer. E a maior bilheteria do cinema brasileiro não é uma comédia”, completa Coimbra, referindo-se ao grande campeão de qualquer ranking, Tropa de elite 2, que em 2010 levou 11 milhões de espectadores aos cinemas. Referendado por uma série de prêmios (melhor filme em festivais de San Sebastián, na Espanha; Havana, em Cuba; Miami, nos EUA; e Rio), O lobo atrás da porta também não se encontra naquele espaço que muitas vezes “engole” vários longas, o do chamado “filme de arte”.
“Acho que está faltando que os filmes se diferenciem. Tem os filmes de mercado, que são grandes, e os de arte. Muitos se tornam inacessíveis porque têm dificuldade de se colocar (no mercado). E há vários nichos”, afirma o cineasta Paulo Sacramento, que lança nesta semana, em algumas capitais, Riocorrente, seu primeiro longa de ficção. A história, ambientada em São Paulo, é, pela definição do diretor, um drama urbano. Também está em foco um triângulo amoroso, que passeia pelas diferentes classes sociais – e consequentemente, pelos diferentes mundos que formam a metrópole.
“É um filme inteirinho de locação, filmado de forma semidocumental. Não transformamos as locações em set de cinema, filmamos com as pessoas que estavam circulando na região”, afirma Sacramento. As filmagens ocorreram dois anos atrás, muito antes das manifestações populares, mas ele acredita que o lançamento justamente agora vai ajudar o filme. “O filme tem cenas em show de rock pesado, artistas (como eles próprios) como Arnaldo Baptista e uma outra série de referências pop. Essa ponte é acessível a um público jovem, pois a história conversa diretamente com o que ocorreu no ano passado.” Talvez por isso, apesar de estrear quase que simultaneamente à Copa do Mundo, um período difícil, Sacramento acredite que ele pode provocar discussão. “Não adianta querer vender o cinema brasileiro como um todo, cada produção é muito específica.”
Drama urbano Quando Boa sorte, estreia na ficção de Carolina Jabor, chegar aos cinemas, todo o barulho da Copa já terá arrefecido – o drama urbano deve estrear em 9 de outubro. A diretora também aposta na força de seu elenco para levar o público aos cinemas: Deborah Secco faz a protagonista Judite e Fernanda Montenegro tem uma participação importante. Já o principal papel masculino é de um ator pouco conhecido, João Pedro Zappa, escolhido por meio de teste.
Uma Deborah Secco bem magra, com aspecto distante do que o grande público está acostumado a vê-la, interpreta uma viciada de 30 e poucos anos que conhece João, um jovem que é internado pelos pais na mesma clínica de reabilitação. O vício dele é Frontal com Fanta, título do conto de Jorge Furtado de onde Carolina tirou a inspiração para o longa. O roteiro é do próprio Furtado, com seu filho Pedro. Uma história de amor, quase como uma educação sentimental, como define Carolina, mostra o encontro de uma mulher que está no fim da vida com um jovem que está prestes a começá-la.
“Nunca tive vontade de fazer uma produção de época ou regional. Acredito que Boa sorte seja um filme para um jovem resolvido, mais ligado, sensível e delicado. E trata de um tema muito contemporâneo, que é a droga lícita. Minha busca foi na intenção de fazer um filme do nosso tempo”, finaliza.
Trinta, de Paulo Machline, com Matheus Nachtergaele, chega às telas em setembro |
Vida real nas telas
Getúlio, a cinebiografia que reconta os últimos dias da vida do presidente brasileiro que mais tempo ficou no poder, estreou em todo o país em 1º de maio. Ao longo de seu primeiro mês em cartaz, o filme de João Jardim teve que disputar espaço com quatro blockbusters: O espetacular Homem-Aranha 2, Godzilla, X-Men – Dias de um futuro esquecido e Malévola. Até domingo, Getúlio havia alcançado um público de 470.400 espectadores.
Filão com forte apelo de público, a cinebiografia terá ao longo deste ano outros quatro lançamentos de peso. O primeiro é Tim Maia (previsto para 7 de agosto), de Mauro Lima, inspirado no livro Vale tudo – O som e a fúria de Tim Maia, de Nelson Motta. Uma semana mais tarde deve estrear Não pare na pista, coprodução Brasil/Espanha dirigida por Daniel Augusto. A narrativa retrata a vida de Paulo Coelho antes de se tornar o autor internacional de best-sellers. No recorte do filme, está a juventude do escritor, na década de 1970, seu envolvimento com as drogas e as internações em clínicas psiquiátricas.
Na sequência, em 23 de setembro, está marcada a estreia de Trinta, de Paulo Machline, longa que traz Matheus Nachtergaele como o carnavalesco Joãosinho Trinta. Por fim, em 27 de novembro, deve chegar aos cinemas Irmã Dulce, de Vicente Amorim, biografia sobre a religiosa baiana. Como a produção vai percorrer diferentes fases da freira, ela terá duas intérpretes: Bianca Comparato, quando jovem, e Regina Braga, adulta.
Vida real nas telas
Getúlio, a cinebiografia que reconta os últimos dias da vida do presidente brasileiro que mais tempo ficou no poder, estreou em todo o país em 1º de maio. Ao longo de seu primeiro mês em cartaz, o filme de João Jardim teve que disputar espaço com quatro blockbusters: O espetacular Homem-Aranha 2, Godzilla, X-Men – Dias de um futuro esquecido e Malévola. Até domingo, Getúlio havia alcançado um público de 470.400 espectadores.
Filão com forte apelo de público, a cinebiografia terá ao longo deste ano outros quatro lançamentos de peso. O primeiro é Tim Maia (previsto para 7 de agosto), de Mauro Lima, inspirado no livro Vale tudo – O som e a fúria de Tim Maia, de Nelson Motta. Uma semana mais tarde deve estrear Não pare na pista, coprodução Brasil/Espanha dirigida por Daniel Augusto. A narrativa retrata a vida de Paulo Coelho antes de se tornar o autor internacional de best-sellers. No recorte do filme, está a juventude do escritor, na década de 1970, seu envolvimento com as drogas e as internações em clínicas psiquiátricas.
Na sequência, em 23 de setembro, está marcada a estreia de Trinta, de Paulo Machline, longa que traz Matheus Nachtergaele como o carnavalesco Joãosinho Trinta. Por fim, em 27 de novembro, deve chegar aos cinemas Irmã Dulce, de Vicente Amorim, biografia sobre a religiosa baiana. Como a produção vai percorrer diferentes fases da freira, ela terá duas intérpretes: Bianca Comparato, quando jovem, e Regina Braga, adulta.
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